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Vereador Mundim defende o diálogo atrelado a uma fiscalização responsável

Natural da cidade baiana de Santa Maria da Vitória, o vereador Edmundo Nunes Dourado, o Mundim (Pode), 54 anos, mudou-se para o município goiano de Formosa ainda na infância, em 1972, acompanhado de seus pais e seis irmãos – cinco homens e uma mulher. Trabalhou como boia-fria e não concluiu o Ensino Médio. Por incentivo da irmã, a ex-vereadora Daia, Mundim iniciou no mundo da política. Na última eleição, sua quarta, conquistou 2,39% do total de votos válidos, sendo o segundo mais votado do município.

E agora, pela quinta vez, vai assumir a presidência da Câmara Municipal de Formosa, após uma disputa acirradíssima. Foram 10 votos contra nove de seu concorrente, o vereador João Batista, vice-presidente da Casa. Para o pleito do próximo ano, sua intenção é renovar seu mandato como parlamentar.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, ele assume ser da base aliada do atual prefeito, Gustavo Marques de Oliveira (Pode), e pretende buscar coesão entre os poderes municipais, a fim de que as pautas transitem pela Câmara de maneira harmoniosa. Garante, também, que as rusgas com o prefeito foram superadas e destaca seu compromisso com a estabilidade e eficácia na gestão municipal. Revela, ainda, que declara apoio ao empresário do agronegócio Brasil Júnior, nome ventilado como possível candidato ao Executivo em Formosa.

Paulo Henrique Magdalena – Como presidente da Câmara, qual é a sua visão estratégica para fiscalizar as ações do prefeito e garantir transparência na gestão municipal?

Mundim – Temos toda a ética e moral para realizar a fiscalização necessária. Inclusive, a gente se fez presente em algumas comissões, fiscalizando e cobrando junto ao prefeito a gestão dos recursos da prefeitura da melhor maneira possível. Este é o trabalho da eficácia. Não é ser aquela oposição que tranca todos os trabalhos do prefeito. Eu mesmo sou da base e isto não quer dizer que eu seja “mão aberta” em relação ao prefeito, ou, como diz o outro, o cara que faz da Câmara um “puxadinho”. Não sou assim. Então, deixo bem claro que o nosso intuito é trabalhar junto, sem deixar de fiscalizar os recursos que vêm para o município.

Mundim com vereadores que irão assumir a mesa diretora da Câmara em 2024 (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – O senhor acabou de falar que é da base, mas já teve divergências com esse grupo. Como lidar com isso de agora em diante?

Mundim – As divergências foram no último pleito, em que tivemos um racha. Um vereador da base ganhou a eleição e um grupo também da base entrou na justiça. Fizeram de tudo para anular, junto ao presidente, uma eleição que foi ganha de forma correta. Por isso tivemos essa ruptura.  Mas eu tenho certeza de que, assim que assumirmos a presidência da Câmara, vamos aparar as arestas e fazer de tudo para que quem ganhe seja a população.

Paulo Henrique Magdalena – Quais são suas prioridades agora que conquistou um novo mandato como presidente da Câmara?

Mundim – Há muitas demandas a serem resolvidas, como uma reforma proposta pelo vereador Marquim Araujo (PP), presidente atual, no prédio da Câmara, mas que acabou não ocorrendo. Precisamos dar continuidade a isso. A própria comunidade de Formosa sempre reclama de alguma coisa ou outra que precisa melhorar no parlamento. E eu, como presidente a partir de 2024, quero trabalhar junto aos 19 vereadores da base e de oposição para que nos unamos em prol do município. A cidade precisa muito dessa união com o Executivo, com os parlamentares e com o governador. 

Foto: Divulgação

Paulo Henrique Magdalena – Qual é a sua proposta para melhorar a eficiência dos serviços públicos municipais, considerando a sua posição como presidente da Câmara?

Mundim – Vamos estabelecer parcerias juntamente com as secretarias, principalmente, as de educação, saúde e infraestrutura, para que as coisas funcionem melhor a cada dia. No que tange à saúde, já houve a estadualização do hospital do município, que está se tornando uma referência em nossa cidade. Já na parte educacional, vamos conversar com a secretária de Educação, para ver os principais problemas, como falta de professores nas salas de aula e a evasão escolar, situação que não pode acontecer. Temos responsabilidade para com esses alunos.

Em maio, o prefeito foi envolvido numa delação premiada junto ao Ministério Público, com suspeita de fraude em licitação no contrato de caminhão para prestação de serviço na prefeitura. O que o senhor sabe sobre isso?

Mundim – É preciso apurar e provar se tais fatos ocorreram. Pois, às vezes, a pessoa faz uma delação simplesmente para se livrar de uma condenação. Espero que isso não tenha acontecido, mas, se realmente ele participou da fraude, terá de pagar pelo que fez, assim como qualquer gestor público que porventura tenha cometido algum ilícito.

Com o deputado federal Célio Silveira (MDB) – Foto: Divulgação

Paulo Henrique Magdalena – Outro problema em relação ao prefeito ocorreu em agosto, quando ele foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, quando embarcava no aeroporto de Fortaleza (CE) para Formosa (GO). Qual a sua visão como vereador sobre esse fato?

Mundim – Depois do novo Estatuto do Desarmamento (novo decreto passou a vigorar em 21 de julho de 2023), muita gente foi pega de surpresa com a nova lei. E qualquer a legislação pode mudar e a pessoa não estar preparada para isso. Então, o que aconteceu? Realmente, ele estava com a arma irregular devido ao novo decreto. Por esta razão, entrou com um habeas corpus e a Justiça entendeu o que realmente tinha acontecido, liberando-o de imediato assim que foi julgado.

Paulo Henrique Magdalena – Aliás, como o senhor avalia a gestão de Gustavo Marques?

Mundim – O Gustavo pegou o mandato tampão do prefeito Ernesto Guimarães, que ficou quase dois anos, e assumiu o restante, além do mandato atual. Com isso, vai completar seis anos na gestão. Eu considero bom o trabalho dele, mas há aspectos que precisam melhorar, como a eficiência dos serviços públicos. No final, é a população quem vai avaliar se a gestão foi boa ou não.

O vereador deve apoiar o empresário Brasil Júnior no próximo pleito (Foto: Divulgação)

Paulo Henrique Magdalena – O senhor já definiu quem vai apoiar para prefeito nas próximas eleições?

Mundim – O meu candidato é o empresário Brasil Júnior, aqui de Formosa. É meu amigo, a pessoa que eu tenho total confiança de depositar o meu voto e tenho certeza de que vai ser o melhor para o município. Ele tem uma bagagem muito boa e fará diferença na cidade.

Hildo do Candango é o primeiro deputado federal oriundo de Águas Lindas, já tendo sido prefeito do município e presidente da Amab. Na Câmara, ele pretende fazer um forte papel de articulador, obtendo recursos do governo federal para as demandas do Entorno

Hildo do Candango: “Não há como chegar aos ministérios do governo federal a não ser por meio de uma liderança, como um deputado federal ou um senador”

O município de Águas Lindas, cidade mais populosa do Entorno do Distrito Federal, ganhou agora relevância na política nacional, pelo menos no âmbito do Poder Legislativo. Isto porque, pela primeira vez na história, a cidade tem um representante na Câmara dos Deputados. Hildo do Candango (Republicanos), ex-prefeito do município, foi empossado como deputado federal no dia 12 de dezembro.

O feito inédito simboliza não apenas uma vitória pessoal de Hildo, mas o protagonismo cada vez mais crescente do Entorno na vida política brasileira. Natural da Bahia, Hildo chegou no Distrito Federal em 1976 e só se estabeleceu em Águas Lindas 20 anos depois. Seu nome de “guerra” vem da época em que administrava uma mercearia, que depois tornou-se o supermercado “Candango”. A população começou então a perceber que a experiência na administração privada poderia servir de “currículo” para tentar um lugar ao sol na administração pública.

Em uma primeira tentativa, Hildo perdeu a disputa para prefeito em Águas Lindas em 2008, mas por uma diferença ínfima em relação ao seu opositor. Esta corrida eleitoral, mesmo não produzindo ganhos imediatos, repercutiu positivamente em 2010, quando Hildo conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), e em 2012, ao finalmente ocupar o posto máximo do Executivo municipal em Águas Lindas. Com uma gestão regular e eficaz, Hildo conseguiu repetir a façanha quatro anos depois, tornando-se o único político na cidade a se reeleger como prefeito.

Mas seu conhecimento e experiência não se limitaram ao município que o consagrou politicamente. Hildo foi também presidente da Associação dos Municípios Adjacentes de Brasília (Amab) por três vezes, conhecendo profundamente as demandas e peculiaridades de várias cidades do Entorno do DF.

Nesta entrevista ao Jornal Opção Entorno, ele conta um pouco sobre sua trajetória e os primeiros passos como parlamentar na Câmara dos Deputados. Além disso, fala sobre seus apoios no pleito de 2024.

Luciana Amaral – Em setembro deste ano, o senhor assumiria a vaga na Câmara no lugar do deputado federal Jeferson Rodrigues. Posteriormente, surgiu a notícia de que isso ocorreria no início de novembro, mas a sua posse como parlamentar se deu somente agora. O que aconteceu, afinal?

Hildo do Candango – Eu estava como presidente estadual do partido Republicanos e tinha algumas deliberações a fazer na época, até que o prefeito Roberto Naves, de Anápolis, pudesse assumir de fato e de direito. Somente na semana passada, aconteceu a posse dele como presidente estadual do partido. Hoje eu sou coordenador do partido na região do Entorno e deputado federal.

Hildo durante a posse como deputado federal (Foto: Bruno Spada/ Câmara dos Deputados)

Luciana Amaral – O senhor declarou que seu gabinete na Câmara é uma extensão do gabinete da prefeitura de Águas Lindas. Sendo o primeiro deputado federal pelo município, o que a população pode esperar de sua gestão?

Hildo do Candango – Tive dois mandatos como prefeito. Eu costumo dizer que não há como chegar aos ministérios do governo federal a não ser por meio de uma liderança, como um deputado federal ou um senador. Enquanto era prefeito, houve um deputado que me ajudou muito nessas situações, e hoje quero ser justamente o representante dos prefeitos, principalmente da minha cidade. Quero ser essa pessoa dentro dos ministérios, buscando projetos, encaminhando emendas e destravando recursos pendentes, até porque as verbas que vêm do governo federal são bem maiores que aquelas oriundas da arrecadação municipal e estadual.

Luciana Amaral – Por ter presidido a Amab três vezes, o senhor deve conhecer bem os problemas da região, como a questão da mobilidade urbana. Quais outras pautas relacionadas ao Entorno o senhor pretende defender na Câmara?

Hildo do Candango – Encaminhamos esta semana R$ 4 milhões em emendas para a saúde voltadas a vários municípios da região do Entorno, para custeio direto, que serão empenhadas até o dia 31. E agendamos uma reunião com o diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para tratar da situação do transporte. No Entorno, o transporte é caro e não atende a necessidade dos usuários. Precisamos buscar subsídios para baixar o custo das passagens, porque, todas as vezes que ocorre aumento, há desemprego. E o maior mercado de trabalho hoje na região é Brasília.

Foto: Zeca Ribeiro/ Câmara dos Deputados

Luciana Amaral – O senhor acha que essas negociações finalmente irão avançar, tendo em vista que há muito tempo tem havido tratativas para se firmar acordo com a ANTT?

Hildo do Candango – Quem iniciou essa discussão fui eu, enquanto presidente da Amab. Queríamos tratar do assunto tal qual ocorre hoje entre Maranhão e Piauí, nas cidades de Timon e Teresina. Atualmente existe um consórcio que é gerido pelos estados e pelas prefeituras, e a delegação desse transporte fica sob direção deles, tanto no quesito de fiscalização, quanto na parte tarifária. Lá o transporte funciona muito bem, o valor da passagem é subsidiado e queríamos trazer esse modelo para a nossa região. Foi realizado um projeto pela nossa associação e apresentado tanto ao estado de Goiás quanto ao Distrito Federal; fizemos audiências públicas com o Ministério Público e com os entes de transporte envolvidos e houve delegação dessa questão ao DF. Mas esta não era a nossa proposta. Para funcionar, esse assunto teria de ser delegado também ao estado, além do DF, com participação dos municípios. Acho que a União e o estado têm de entrar com a parte maior, e os municípios com a contrapartida menor, por ser o lado com menos aporte de recursos.

Luciana Amaral – Na Câmara, o senhor votou a favor da derrubada do veto da desoneração da folha de pagamento. Entretanto, o governo federal vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar reverter a decisão. Essa judicialização preocupa o senhor como parlamentar?

Hildo do Candango – Acho que não é motivo de preocupação. A decisão que será tomada pelo governo é prerrogativa deles, porém a gente sabe que a Câmara também seguiu seus ritos, levando à derrubada do veto. Em relação à população, precisamos apostar na geração de empregos e, para mim, a desoneração da folha pode dar condições para as empresas manterem e criarem mais empregos.

Foto: Vinicius Loures/ Câmara dos Deputados

Luciana Amaral – Recentemente o senhor teve uma reunião com o ministro do Esporte André Fufuca. O que foi discutido nesse encontro em relação ao incentivo ao esporte no Entorno e em Águas Lindas?

Hildo do Candango – Fizemos uma reunião cordial com o ministro Fufuca, mostrando que existe uma demanda reprimida em toda a região quanto a investimentos na área do esporte, tanto na parte de infraestrutura quanto na formação de atletas. Queremos verificar entre os prefeitos as principais demandas, para que a gente possa, dentro dos ministérios, buscar soluções para a nossa região.

Luciana Amaral – Além do encontro com o ministro dos Esportes, houve também uma reunião com o ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos. O que foi discutido na ocasião?

Hildo do Candango – Estivemos lá acompanhando o prefeito de Rubiataba (GO), Padre Weber (PSD), e, juntamente com o deputado federal Gilvan Maximo (Republicanos) conseguimos recursos para a construção do aeroporto de Rubiataba. Há uma demanda e uma necessidade de vários municípios na construção de pistas de aeroportos e aeródromos pequenos. No caso de Águas Lindas, está sendo construído um aeroporto particular. Vamos ver junto à empresa envolvida qual a participação do ministério no complemento desse projeto, para que a gente possa também ter participação direta do poder público junto a esse investimento privado.

Hildo com o prefeito de Águas Lindas, Lucas Antonietti (Foto: Divulgação)

Luciana Amaral – O senhor foi o primeiro prefeito de Águas Lindas a ser reeleito no município. E Lucas Antonietti (UB), que o senhor apoia, parece seguir o mesmo caminho. Por que ele é o melhor nome atualmente para a cidade?

Hildo do Candango – O dr. Lucas tem acompanhado e continuado o trabalho que temos desenvolvido na cidade, consolidando tudo o que fizemos ao longo de oito anos em áreas como saneamento, saúde e educação. Hoje ele é a melhor opção para dar sequência a esse processo.

Luciana Amaral – Além de Lucas Antonietti, o senhor pretende apoiar outros candidatos a prefeitos nos municípios do Entorno?

Hildo do Candango – Como falei inicialmente, hoje sou coordenador do partido Republicanos na região do Entorno. Estamos montando as chapas para as próximas eleições, as quais pretendemos participar ativamente.

Luciana Amaral – E por falar em eleições, Ronaldo Caiado expressou a possibilidade de se candidatar a presidente em 2026. Qual a sua opinião sobre isso?

Hildo do Candango – Ele tem o meu voto.

Luciana Amaral – Mas qual sua avaliação sobre a gestão do governador?

Hildo do Candango – É ótima. O governador tem feito um trabalho muito importante para o Estado e principalmente para a região do Entorno.

Fonte: Jornal Opção

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