A Defesa Civil de Maceió informou, na manhã deste sábado (02), que o solo na área afetada por atividade mineradora da Braskem, no bairro Mutange, afundou 13 centímetros nas últimas 24 horas. A velocidade com que a mina número 18 tem se deslocado é de 0,7 centímetros por hora.
Apesar de a erosão ter desacelerado em cerca de 0,3 centímetros/hora em comparação ao boletim divulgado na sexta-feira, a situação permanece crítica. Um novo sismo com magnitude de 0,89 a cerca de 300 metros de profundidade foi registrado no local, na madrugada deste sábado. A Defesa Civil permanece em alerta máximo devido ao risco iminente de colapso da mina, que está na região do antigo campo do CSA.
“Por precaução, a recomendação é clara: a população não deve transitar na área desocupada até uma nova atualização da Defesa Civil, enquanto medidas de controle e monitoramento são aplicadas para reduzir o perigo. A equipe de análise da Defesa Civil ressalta que essas informações são baseadas em dados contínuos, incluindo análises sísmicas”, informou o órgão.
‘Evento inédito no mundo’
Em um novo comunicado divulgado nas redes sociais, a prefeitura de Maceió (AL) informou que a série de fenômenos que pode levar ao colapso a mina de sal-gema é um “evento inédito no mundo” e que, por isso, “até o momento não é possível mensurar todas as consequências do fato”.
Desde os anos 1980 pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) já alertavam para o colapso do solo em bairros de Maceió, ocasionados pela mineração de sal-gema realizada pela empresa Braskem, que atua na região desde a década 1970. As primeiras pesquisas que comprovaram a catástrofe, que atinge os bairros de Mutange e de Bebedouro, foram publicadas em 2010.
Em 2018, o desnivelamento começou a se tornar evidente. Em alguns bairros, rachaduras de 280 metros de extensão surgiram nas casas e nas ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e a evacuar os moradores das áreas mais afetadas.
55 mil pessoas afetadas
Desde 2019, mais de 14 mil imóveis precisaram ser desocupados na região, de acordo com a prefeitura, afetando cerca de 55 mil pessoas.
Em 2020, a Justiça de Alagoas determinou que a Braskem pagasse indenização às famílias afetadas pelo afundamento. A empresa também foi condenada a reparar os danos ambientais causados.
Em nota, a Braskem informou que continua monitorando a situação da mina 18 e que “continua tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências” e segue colaborando com as autoridades competentes.
Segundo o prefeito de Maceió, Jão Henrique Caldas (PL), o gabinete de crise, instituído para atuar desde a iminência do colapso na mina, conta com a atuação de 350 servidores da Prefeitura. Outros dois mil servidores municipais, de 18 pastas, estão de plantão.
Fonte: Mais Goiás