Verão 2024 começa nesta sexta: seca, calor e chuvas serão intensos

O Brasil terá um verão com temperaturas acima da média em 2024, com a presença do calor provocado pelo El Niño, e provável La Niña. Entenda

O verão, estação mais quente do ano, terá seu início exatamente à 0h27 desta sexta-feira (22/12) e prosseguirá até a 0h06 de 20 de março de 2024. Nestes meses, o Brasil vai experimentar um verão atípico, marcado pela forte influência do fenômeno El Niño, que moldará as condições meteorológicas no país.

A temporada terá temperaturas acima do normal. Nas regiões Norte e Nordeste a temperatura média deve alcançar os 32,5 °C, enquanto o Sul, Sudeste e Centro-Oeste ficam na média dos 30 °C, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

O atual El Niño entrará para a história como um dos cinco mais fortes já registrados. Mesmo assim, especialistas afirmam que ele não será um “Super El Niño”, como já havia sido divulgado anteriormente.

“O El Niño atingiu níveis entre forte e muito forte, mas fica de fora da categoria de ‘Super El Niño’. O último fenômeno desse porte foi em 2015/2016. Este [de 2023/2024], é um pouco mais fraco que o de 1997/1998 e consideravelmente mais fraco que de 2015/2016”, explica Marcelo Seluchi, Coordenador Geral de Operações do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).

O fenômeno, atualmente em seu pico de intensidade, promete grandes alterações nas condições climáticas em diferentes partes do país, segundo a Climatempo. Confira a tendência completa, por regiões do Brasil, para a estação do verão.

Região Sul

No Sul do país, o verão apresentará menos eventos de chuva extrema, mas os volumes permanecerão acima da média na maior parte do período. Janeiro e fevereiro terão os maiores desvios nos volumes de chuva, especialmente no oeste da região.

Em março, a chuva aumenta, especialmente na segunda quinzena do mês, elevando o risco de transtornos por chuva excessiva. A faixa litorânea de Santa Catarina e Paraná terá chuvas mais irregulares.

A previsão é de que o verão seja abafado, principalmente entre o norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com chuva predominante devido ao calor e à alta umidade. Extremos de calor são prováveis a partir de fevereiro.

Região Sudeste

No Sudeste, o verão será mais quente e abafado do que nos dois últimos anos. Janeiro e fevereiro terão pancadas de chuva frequentes devido ao calor e à alta umidade, especialmente durante as tardes e noites.

A Grande São Paulo pode enfrentar pontos de alagamento em horários de pico. Janeiro terá chuvas irregulares no norte e leste de Minas Gerais, e no Espírito Santo, com volumes um pouco abaixo da média.

O Triângulo Mineiro, sul de Minas, interior de São Paulo e sul do Rio terão chuvas entre a média e um pouco acima da média em janeiro. Fevereiro será mais úmido em todas as áreas, enquanto março concentrará chuvas na primeira quinzena. Ondas de calor são possíveis, principalmente no leste da região, entre janeiro e fevereiro.

Região Centro-Oeste

No Centro-Oeste, espera-se chuvas irregulares ao longo dos três meses. A menor quantidade de canais de umidade intensos desfavorece chuvas regulares em Goiás e no Distrito Federal, mas os volumes ficam um pouco acima da média.

Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul terão volumes abaixo da média, condicionados ao calor e à umidade. O sul de Mato Grosso do Sul terá mais chuva que o normal entre janeiro e março. As temperaturas estarão acima da média em toda a região, especialmente no norte e oeste de Mato Grosso e oeste de Mato Grosso do Sul, com possibilidade de ondas de calor.

Região Nordeste

No Nordeste, as temperaturas serão mais altas que o normal, especialmente entre o sul do Piauí e centro-leste da Bahia. Janeiro terá chuvas abaixo da média em quase todas as áreas, com volumes um pouco acima na Paraíba e Rio Grande do Norte.

Entre fevereiro e março, a chuva aumenta em todas as áreas, exceto na maior parte do Maranhão e em várias regiões do Piauí. Corredores de umidade podem provocar chuvas mais altas entre o oeste e sul da Bahia. Bloqueios atmosféricos podem interromper as chuvas e aumentar o calor, especialmente no leste do país.

Região Norte

Na rRgião Norte, os três meses serão marcados por tempo muito abafado e temperaturas acima da média. O calor será mais intenso sobre o Pará. A chuva aumenta, mas fica abaixo da média em toda a região, com volumes médios bastante elevados em março.

Os níveis dos rios tendem a aumentar gradualmente, e chuvas um pouco acima da média são esperadas entre os meses de fevereiro e março no sudeste do Pará e norte do Tocantins.

Fim do El Niño e possível La Niña
Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), com o início da perda de força do El Niño, prevista para fevereiro, existe uma chance de 60% do fenômeno fazer a transição para a fase neutra entre abril e junho de 2024.

Durante a fase neutra, não há impactos causados pelo El Niño (Oceano Pacífico mais quente) ou La Niña (Oceano Pacífico mais frio). “Mas isso não quer dizer normalidade de padrões climáticos”, afirma Karina Lima, doutoranda em climatologia e divulgadora científica.

“Temos um El Niño que deve persistir por parte do ano de 2024 e que vai continuar exercendo algum grau de influência até que enfraqueça e entremos em condição de neutralidade. Mas, independente do El Niño, o aquecimento global continua a aumentar. Sabemos que em um mundo mais quente, a tendência geral é de aumento de frequência e intensidade de eventos extremos”, explica Karina.

Durante os meses de julho, agosto e setembro, a probabilidade de ocorrência de La Niña, quando as temperaturas tendem a ficar mais baixas, chega a 44%.

Segundo especialistas consultados pela reportagem, ainda é cedo para afirmar categoricamente, mas a chance existe, considerando que, no passado, houve ocasiões em que uma La Niña se manifestou logo após um El Niño intenso.

El Niño X La Niña: diferenças
O Brasil é frequentemente impactado por fenômenos climáticos globais, sendo dois os mais expressivos: o El Niño e La Niña.

O El Niño, caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, provoca mudanças substanciais nos padrões climáticos. Em contrapartida, La Niña é marcado pelo resfriamento dessas mesmas águas, desencadeando alterações distintas.

Durante o El Niño, as regiões Norte e Nordeste do Brasil enfrentam longos períodos de estiagem, impactando a produção agrícola e causando sérios prejuízos. As chuvas intensas e as enchentes se tornam mais frequentes no Sul do país.

Em contraponto, durante La Niña, as áreas afetadas tendem a se inverter, com o Norte e Nordeste experimentando chuvas intensas e o Sul sujeito a estiagens, que resulta em problemas para setores como agricultura e abastecimento de água.

Fonte: Metrópoles

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