Sugere-se ainda a promoção de campanhas publicitárias, de projetos de educação ambiental e sanitária, de cidadania, como as realizadas para o
controle de vetores.
- MEDIDAS DE PREVENÇÃO DAS DDA/DTHA
5.1. Em períodos em que a sazonalidade dessas doenças é conhecida, a realização de ações que promovam a prevenção das DDA/DTHA é fundamental
para conter os casos e evitar sua disseminação e ocorrência de surtos, por isso deve ser intensificada.
5.2. As medidas de prevenção das DDA/DTHA incluem práticas de higiene pessoal e coletiva, manejo adequado de alimentos, ingestão de água
tratada, manejo de resíduos sólidos e devem envolver, além da vigilância epidemiológica, as vigilâncias sanitária e ambiental, atenção à saúde, saneamento,
órgãos de meio ambiente e de recursos hídricos.
5.3. Entre as principais ações de prevenção das DDA/DTHA, estão as medidas para evitar a contaminação de superfícies e alimentos e a transmissão
entre as pessoas, a partir do contato com as mãos contaminadas, por isso a higiene das mãos com água limpa e sabão, por ao menos 20 segundos, é sempre a melhor ação e deve ser realizada:
a) Em qualquer etapa do manuseio de alimentos, seja no preparo, acondicionamento, armazenamento e transporte antes do consumo;
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b) Antes de manipular e ingerir qualquer medicação;
c) Após ir ao banheiro/realizar necessidades fisiológicas;
d) Após utilizar transporte público ou tocar superfícies que possam estar sujas;
e) Após tocar em animais;
f) Sempre que retornar de alguma atividade externa;
g) Antes e após amamentar e/ou trocar fraldas;
h) Após tossir, espirrar e assoar o nariz.
Nota: Na falta de água limpa e sabão, utilizar álcool a 70% e lavar as mãos assim que possível.
5.3.1. Prevenir a contaminação de alimentos e a transmissão de agentes etiológicos presentes em alimentos contaminados a partir das:
Boas práticas de manipulação e preparo dos alimentos:
Higienizar adequadamente vegetais (frutas, legumes e folhosos), com ênfase na esfregação mecânica, em água limpa e corrente, e desinfetar os que serão
consumidos crus;
Cozinhar bem carnes bovinas, suínas e de aves, pescados, ovos e leite cru;
Descongelar alimentos em temperatura inferior a 5°C ou no micro-ondas.
Boas práticas durante o acondicionamento e armazenamento dos alimentos:
Manter alimentos perecíveis e preparados cobertos e sob refrigeração 2°C a 8°C;
Separar alimentos preparados dos crus e semiprontos para evitar contaminação cruzada;
Manter alimentos perecíveis em temperatura ambiente apenas pelo tempo necessário à sua manipulação;
Cobrir os alimentos prontos para consumo e manter, no máximo por 60 minutos, em temperatura ambiente;
Higienizar utensílios usados no preparo de carnes, pescados, ovos e leite com água limpa e sabão para utilizá-los com alimentos que serão consumidos
crus;
Manter os alimentos bem acondicionados e fora do alcance de insetos, roedores, pets e outros animais.
Boas práticas durante o transporte adequado dos alimentos:
Transportar apenas em recipientes cobertos;
Transportar alimentos cozidos quentes à temperatura de 60°C ou mais por, no máximo, 6 horas;
Alimentos cozidos frios – transportar refrigerados à temperatura inferior a 5°C por no máximo 5 (cinco) dias;
Alimentos congelados – transportar à temperatura abaixo de 0°C.
5.3.2. A ingestão de água tratada é essencial para prevenir as DDA/DTHA, dessa forma, caso a água não seja tratada, é imprescindível realizar seu
tratamento intradomiciliar a partir da filtração e desinfecção:
Opção 1: filtrar e utilizar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% em 1 litro de água e aguardar 30 minutos antes de consumir;
Opção 2: filtrar e ferver a água por 5 minutos (após a fervura), após esfriar, sacudir/chacoalhar para melhorar sabor, como alternativa à falta do hipoclorito
de sódio a 2,5%.
Nota: Consumir a água tratada em até 24h e armazenar a água tatada em recipientes higienizados e tampados.
5.3.3. Ações relacionadas ao manejo adequado do lixo e das fezes a fim de prevenir a contaminação do ambiente e de animais, além da proliferação de
insetos que possam contaminar água e alimentos como:
Usar sempre o vaso sanitário, mas caso não seja possível, enterrar as fezes (bem cobertas) sempre longe dos cursos de água;
Eliminar fezes de felinos e de cães em lixo seguro e cobertos;
Manter o armazenamento do lixo coberto;
Instalar telas em portas e janelas de locais com grande quantidade de moscas.
5.3.4. Em situações de surtos de DDA/DTHA ou de contato com pessoas doentes:
Lavar as mãos com mais frequência ao ajudar/atender pessoas com diarreia ou vômito;
Recolher rapidamente as fraldas com fezes e armazenar em sacos fechados até seu recolhimento;
Evitar apertar as mãos e contatos próximos durante os surtos;
Higienizar com água e sabão e desinfetar os objetos, superfícies e ambientes (ex.: brinquedos, maçanetas, banheiros, salas de aula, creche, asilo etc.)
utilizando luvas de proteção individual;
Higienizar rapidamente com água e sabão as roupas sujas de vômitos e fezes;
Utilizar máscaras de proteção individual, especialmente em ambientes fechados e com contatos próximos, pode ser uma medida que auxilie no controle de
surtos com disseminação generalizada de agentes etiológicos com transmissão por aerossóis.
5.3.5. Para que essas medidas de prevenção sejam efetivas, as ações de educação em saúde são essenciais para proporcionar a transformação de
comportamentos e promover saúde, de forma a fornecer às pessoas conhecimentos sobre os fatores determinantes do adoecimento e sobre a importância das
ações, individuais e coletivas, realizadas pela população como sendo fundamental tanto quanto a atuação dos profissionais de saúde.
5.3.6. Além disso, o investimento público para melhoria da infraestrutura dos serviços de abastecimento de água para consumo humano, coleta e
tratamento de esgotos e resíduos sólidos, no sentido de prover à população condições adequadas de saneamento básico e contribuir para a prevenção, controle
e redução dos riscos a essas doenças são ações estruturantes e prioritárias. - CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. Considerando as diversas formas de transmissão das DDA, além das condições socioeconômicas, de saneamento e de boas práticas de
manipulação e armazenamento de alimentos (desde a produção até seu consumo), outros fatores podem potencializar o aumento dessas doenças, entre eles:
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6.1.1. A sensibilidade ao clima, uma vez que muitas doenças gastrointestinais apresentam padrão sazonal, diferindo segundo as estações:
Chuvosa, com ocorrência de inundações e enchentes, pois as chuvas fortes podem contaminar alimentos, reservatórios de captação de água para
abastecimento e a própria rede de distribuição. Nesta situação ocorre a transferência de patógenos de reservatórios ambientais (por exemplo esterco
animal) e esgotos para a água de superfície, o que aumenta a turbidez e pode reduzir a eficácia do tratamento da água potável, além de promover a
ressuspensão de cistos/oocistos infecciosos dos sedimentos (CHHETRI et al, 2019).
Seca e estiagem, que podem reduzir a disponibilidade de água doce, levando a um aumento de doenças relacionadas à qualidade e quantidade
inadequadas da água (CHHETRI et al, 2019).
6.1.2. Altas temperaturas ambientais:
Crescimento acelerado de microrganismos patogênicos no ambiente e nos próprios alimentos;
Preparação, manuseio e o armazenamento inadequados contribuem ainda mais para a proliferação de agentes etiológicos patogênicos, especialmente
considerando os alimentos de origem animal que, mesmo antes do abate, podem hospedar micro-organismos que causam doenças;
Mudança de hábitos alimentares no verão, ex.: churrasco (carnes malpassadas), consumo de pratos que contenham alimentos crus ou alimentos com
tratamento térmico insuficiente;
Aumento natural da população de moscas domésticas no período entre a primavera e o verão.
6.2. Diante do exposto, ressalta-se a ausência de fundamentos científicos para o uso da terminologia “virose da mosca” para definir casos de doenças
diarreicas agudas tanto no que se refere à etiologia, ao qual o termo implica, quanto à causalidade relacionada à transmissão pelas moscas. Disso decorre a
necessidade de estudos robustos em que se examinem diferentes vias de transmissão, em vários cenários, para fornecer informações que avaliem as possíveis
interações, a fim de se constatar a efetividade das moscas sinantrópicas nocivas como vetor mecânico de agentes patogênicos das DDA para a população
humana de um determinado território e a identificação correta da espécie ou das espécies de moscas, que contemple sua bionomia (sinantropia, endofilia e
comportamento comunicativo), por meio de estudos epidemiológicos, especialmente os analíticos, que evidenciem a correlação entre a etiologia viral do
adoecimento e o aumento da densidade de moscas nas localidades.
6.3. Especialmente nos locais com histórico sazonal de surtos de DDA/DTHA no período primavera-verão, recomenda-se a articulação entre vigilância
em saúde e atenção à saúde para detectar oportunamente aumento de casos de DDA a fim de realizar a notificação e tratamento adequado e oportuno para
prevenir gravidade e óbitos, além de iniciar a investigação epidemiológica, conforme recomendado pela VE-DTHA, incluindo o diagnóstico etiológico dos surtos,
bem como da saúde ambiental em que se avalie a qualidade da coleta de lixo/entulhos e a destinação eficiente do esgoto doméstico de áreas que possam servir
de fonte/criadouro para a reprodução de moscas a fim de propor medidas eficazes de controle.
FONTE:COORDENADORA DO NÚCLEO DE VIGILANCIANA JESSICA