11 km e visita de James Cameron: 6 fatos sobre o ponto mais fundo da Terra

Assim como a superfície terrestre da Terra tem enormes picos e vales, o mundo oceânico também tem uma topografia variada.

Talvez o mais intrigante desses relevos seja a Fossa das Marianas – um abismo no oeste do Oceano Pacífico que se estende por mais de 2.540 quilômetros e abriga a Depressão Challenger, o ponto mais profundo conhecido na superfície da Terra, que mergulha mais de 11 mil metros debaixo d’água.

Isso é quase três vezes mais fundo do que o local onde os destroços do Titanic estão, no Oceano Atlântico, e é mais profundo do que a altura do Monte Everest.

Veja a seguir alguns fatos fascinantes sobre esse fenômeno do fundo do mar:

1. Diretor de “Titanic”, James Cameron, é uma das poucas pessoas que visitou

Poucas expedições humanas se aventuraram na Depressão Challenger.

A primeira ocorreu em 1960 com o mergulho histórico do batiscafo Trieste, uma espécie de submersível de mergulho livre.

Durante o mergulho, os passageiros Jacques Piccard e Don Walsh disseram que ficaram surpresos ao ver criaturas vivas onde os cientistas imaginavam ser impossível qualquer coisa sobreviver.

“Imediatamente, todos os nossos preconceitos sobre o oceano foram jogados fora”, disse anteriormente à CNN o Dr. Gene Feldman, oceanógrafo emérito da Nasa. Ele passou mais de 30 anos na agência espacial.

Depois deles, James Cameron, diretor do filme “Titanic” de 1997, foi o próximo explorador de águas profundas a chegar ao local.

Cameron pilotou um submersível – que ele ajudou a projetar pessoalmente – até cerca de 10.908 metros abaixo d’água, estabelecendo um recorde mundial em 2012.

2. Um saco plástico foi encontrado lá embaixo

Outro explorador que voltou ao local foi Victor Vescovo, um investidor do Texas que desceu 10.927 metros e renovou o recorde mundial em 2019.

Vescovo deu uma visão deprimente sobre o impacto da humanidade nesses locais remotos, aparentemente intocáveis, quando observou uma sacola plástica e embalagens de doces no fundo da Fossa das Marianas.

Alguns outros exploradores viajaram até a Depressão Challenger desde então, mas a expedição não é comum – e a jornada é extremamente perigosa.

Para cada 10 metros percorridos abaixo da superfície do oceano, a pressão sobre um objeto aumenta em uma atmosfera, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa, em inglês)) dos Estados Unidos.

Uma atmosfera, ou 1 atm, é a unidade de medida da pressão e equivale a 14,7 libras por polegada quadrada.

Uma viagem à Depressão Challenger pode colocar uma embarcação sob pressão “equivalente a 50 jatos jumbo”, observou Feldman.

3. Está na zona hadal, batizada em referência ao deus do submundo

Assim como a atmosfera da Terra, o oceano pode ser descrito em termos de camadas.

A parte superior é chamada de zona epipelágica, ou a zona de luz solar. Ela se estende até apenas 200 metros abaixo da superfície da água, de acordo com a Noaa.

A zona mesopelágica, ou zona crepuscular, se estende desde o final da zona solar até cerca de 1.000 metros.

Depois, há a zona batipelágica, também chamada de zona da meia-noite, e, abaixo dela, a zona abissopelágica , ou zona abissal, que se estende de 4 mil a 6 mil metros de profundidade.

Na área da zona abissal, poucas formas de vida conseguem sobreviver, a água é completamente desprovida de luz e as temperaturas são quase congelantes.

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Imagem de uma hidromedusa capturada por expedição da Noaa a 5,7 mil metros de profundidade, na Fossa das Marianas / Noaa/Divulgação

Mas a Depressão Challenger fica ainda mais no fundo do que isso – na zona hadopelágica, ou zona hadal.

O nome dela e uma referência a Hades, o deus grego do submundo, que governava a terra dos mortos.

4. Vulcões de lama e vida aquática própria

A zona hadal é um dos habitats menos explorados da Terra.

A uma profundidade capaz de esmagar ossos e sem luz absolutamente nenhuma, por muito tempo se pensou que nada sobrevivia por lá.

Essa crença, porém, foi dissipada.

“Mesmo lá no fundo, a vida existe. Em 2005, minúsculos organismos unicelulares chamados foraminíferos, um tipo de plâncton, foram descobertos na Depressão Challenger”, de acordo com a Noaa.

Uma série de vulcões de lama submarinos e fontes hidrotermais na Fossa das Marianas também suportam formas de vida incomuns, de acordo com a agência oceanográfica norte-americana.

Apesar da água altamente ácida e infernalmente quente produzida pelas fissuras hidrotermais dos vulcões de lama, há espécies exóticas e organismos microscópicos que são capazes de sobreviver.

Na ausência da luz solar, as criaturas se beneficiam das águas ricas em nutrientes liberadas pelas fontes hidrotermais.

O que permite a existência da vida são as reações químicas entre a água do mar e o magma que sobe do fundo do oceano.

5. Fossa das Marianas virou patrimônio nacional dos EUA

O Monumento Nacional Marinho das Fossas das Marianas foi estabelecido em 2009, em parte para proteger os organismos raros que prosperam em suas profundezas.

Entre os objetos de interesse, estão o ecossistema marinho e suas formas de vida, como camarões e caranguejos do fundo do mar, e, mais no raso, os recifes de coral.

“É importante preservar uma grande diversidade de montes submarinos e fontes hidrotermais”, de acordo com a Noaa.

Todo o monumento nacional protege uma área de cerca de 246 mil quilômetros quadrados.

6. É difícil saber a profundidade da fossa

O fundo do oceano continua sendo um dos lugares mais misteriosos do universo.

Na verdade, “temos mapas melhores da lua e de Marte do temos do nosso próprio planeta”, disse Feldman anteriormente à CNN.

Embora as pessoas explorem a superfície do oceano há dezenas de milhares de anos, apenas cerca de 20% do fundo do mar foi mapeado, de acordo com dados de 2022 da Noaa.

Dado o grande interesse pela Fossa das Marianas, porém, os pesquisadores fizeram vários esforços para fornecer imagens cada vez mais detalhadas de suas características.

Mas isso não é fácil: devido à vastidão e a profundidade da zona mais profunda do oceano, os cientistas devem contar com um sonar, ou alguma tecnologia acústica, para tentar fornecer uma imagem completa do que está lá embaixo.

Como a instrumentação e a tecnologia evoluem constantemente, a profundidade estimada da Depressão Challenger foi atualizada em 2021 para cerca de 35.876 pés, ou 10.935 metros de profundidade.

Fonte: CNN

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