Cinco lesões frequentes no ciclismo e como prevenir

Médico do esporte dá dicas para identificar problemas de saúde relacionados aos treinos frequentes de bicicleta, sintomas e tratamento

Ninguém aprecia ter que interromper a prática do ciclismo devido a uma lesão. Como entusiasta do mountain bike, sei o quão recompensador é estar em contato com a natureza, apreciar belas paisagens e sentir a sensação de liberdade proporcionada pelo vento no rosto. Infelizmente, nem todos os dias de pedalada são perfeitos, podendo haver momentos em que nosso rendimento não é o esperado.

Pedalar é uma das práticas ao ar livre mais comuns, talvez a mais comum. Uma excelente forma de promover sua saúde e se exercitar de forma intensa. Porém, muitos indivíduos negligenciam as lesões associadas ao esporte que tanto apreciam.

Pedalar em trilhas de mountain bike e participar de competições de ciclismo são atividades muito benéficas para a saúde, porém apresentam riscos inerentes. As condições do terreno, a presença de outros ciclistas e veículos, obstáculos naturais como árvores, galhos e pedras soltas, além do risco de quedas e acidentes mecânicos, são fatores de perigo a serem considerados, independentemente do nível de experiência e habilidade do ciclista.

Um dos motivos frequentes de lesões crônicas no ciclismo, ao longo do tempo, está relacionado à escolha inadequada e ajuste incorreto da bicicleta, e não necessariamente resultante de um acidente. O ajuste do ciclista é avaliado no início não apenas levando em consideração a altura, mas também o comprimento do braço, perna e tronco.

Além disso, o estilo de pedalada do ciclista influencia na melhor maneira de ajustar os componentes da bicicleta. Recomenda-se, portanto, que esse cálculo seja realizado por um profissional especializado em ajustes de bicicleta.

Entretanto, ter familiaridade com algumas das lesões e sintomas mais frequentes e saber como preveni-los pode contribuir para desfrutar da prática esportiva por um período mais prolongado e sem incidentes. Veja quais são os mais comuns:

1 – Desconforto na articulação do joelho

  • Síndrome patelo-femoral: Sensação de desconforto ou dor intensa na região ao redor da rótula. Pode apresentar rigidez ao se erguer após ficar sentado.

Cheque a altura do seu assento para garantir que esteja adequado à sua estatura e evite sobrecarregar um conjunto de músculos. Incorporar uma rotina de alongamentos para quadril e joelho também pode ser útil para diminuir a pressão sobre a rótula e melhorar a movimentação.

O seu fisioterapeuta poderá identificar a origem da sua dor no joelho e adaptar os exercícios e alongamentos de acordo com a causa principal do problema. O excesso de treino também pode ser um fator que contribui para a dor no joelho, por isso, se estiver realizando treinos intensos, certifique-se de planejar adequadamente e incluir dias de descanso suficientes.

  • Sindrome da banda ílio-tibial: desconforto localizado na região lateral da rótula, frequentemente associado à sensação de aperto no quadril do mesmo lado. Introduzir alguns movimentos para aumentar a mobilidade e flexibilidade na rotina pós-ciclismo pode auxiliar na diminuição da tensão acumulada na região externa do joelho.
  • Tendinite patelar: Sensibilidade e desconforto abaixo da patela, na região frontal da perna. Os sintomas incluem dor após andar de bicicleta e podem ser intensos nos primeiros momentos do ciclismo. É essencial continuar pedalando, porém diminua a intensidade do treino, se for possível, e certifique-se de ter os devidos dias de repouso. Um plano de alongamento e exercícios para fortalecer o tendão tem se mostrado mais eficaz comprovado por estudos, sendo que estes podem ser adaptados para atender às suas necessidades pelo seu fisioterapeuta. Por fim, verifique o tamanho do quadro e a altura do selim da bicicleta que você está utilizando.

2 – Dor lombar.

Ficar parado por um longo período de tempo sem descansar pode causar dores musculares. Enquanto pedala, a postura na bicicleta coloca muita pressão na coluna. Se o corpo estiver curvado, é mais provável que dores nas costas aconteçam.

Por isso, é importante garantir que as costas estejam bem alinhadas com o quadro da bicicleta durante o trajeto. Um quiroprático é um profissional especializado em problemas da coluna e pode ser útil no tratamento de alguns desconfortos causados pela prática do ciclismo.

Como proceder: antes de mais nada, certifique-se de que o ângulo do assento não está muito baixo ou inclinado para cima. Praticar alongamentos na região lombar e no quadril pode diminuir a pressão nos músculos, e o tratamento com fisioterapeuta pode contribuir para promover uma melhor mobilidade na área lombar e nos quadris. Um fisioterapeuta ou médico de confiança poderá, então, auxiliá-lo na adaptação de exercícios para evitar que esse problema retorne.

3 – Restrição da Flexibilidade Muscular

Pode passar despercebido por você, mas os seus isquiotibiais e as panturrilhas podem estar excessivamente contraídos. O seu corpo já está tão acostumado ao movimento constante que você nem percebe quando está caminhando. No entanto, ao tentar outras atividades físicas, como correr ou andar de patins, você começa a sentir desconforto.

A tensão muscular pode causar lesões graves, por isso é importante buscar orientação médica. Antes de pedalar, certifique-se de fazer um aquecimento e alongamento para relaxar os músculos!

4 – Espasmos Musculares

Percebeu o quanto os músculos das pernas de um ciclista profissional são grandes? Esses músculos são responsáveis por manter a bicicleta em movimento. É importante dar um tempo para que os músculos das pernas possam se recuperar.

Com o cansaço dos músculos, ocorre o acúmulo de ácido lático, causando desconforto muscular. Uma massagem pode ser uma boa opção para aliviar a dor. Além disso, é recomendado alternar a pedalada em diferentes posições no selim, permitindo que alguns músculos relaxem enquanto outros são mais demandados.

5 – Desconforto cervical

Não desconsidere a dor que você sente no pescoço. Ela é ocasionada pela tensão muscular que se inicia na base do crânio e se estende pelas laterais do pescoço até os ombros. Esse músculo se fatiga, uma vez que está sustentando o peso da cabeça enquanto você pedala.

Para evitar desconfortos no pescoço, escolha uma bicicleta que esteja de acordo com o seu corpo, mantenha a postura adequada e relaxe a pegada no guidão. Um profissional quiroprático também pode auxiliar no tratamento e prevenção da dor no pescoço, aliviando alguns dos sintomas.

Existe a possibilidade de realizar alongamentos suaves no pescoço para auxiliar na sua relaxação e aumento da mobilidade.

Com diversas reclamações e possíveis danos, juntamente com inúmeros ajustes e modificações sutis, porém importantes, que podem ser realizados em sua bicicleta para corrigi-los, fica desafiador decidir por onde iniciar e efetuar as alterações adequadas.

De acordo com especialistas em ciclismo experientes, a chave para o sucesso é a prevenção proativa de lesões, em vez de reagir a elas.

É essencial consultar um médico antes de começar a praticar esportes e resolver todas as questões menores que causam desconforto durante o exercício, pois esses são hábitos fundamentais para garantir uma experiência sem lesões.

Praticar o alongamento de forma consistente também pode contribuir para o aumento da elasticidade muscular e para a diminuição das dores após passar longos períodos pedalando. Quanto mais praticado for o alongamento, maior será a flexibilidade do corpo, permitindo uma melhor absorção do estresse e da tensão causados durante os treinos prolongados.

Instragram e Youtube: @dr.adrianoleonardi.

Fonte: GE.GLOBO / Médico: Dr Adriano Leonardi / Foto: iStock

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