Casais de Inhumas descobrem troca de bebês ocorrida há três anos e enfrentam drama

Polícia Civil investiga a troca de bebês ocorrida no Hospital da Mulher em 2021; casais estão muito abalados emocionalmente com o ocorrido e ainda não têm confirmação se estão com os filhos um do outro – Foto: reprodução / redes sociais

O município de Inhumas, em Goiás, vive dias de comoção após a revelação de um caso chocante: duas famílias descobriram que, após três anos, seus bebês foram trocados na maternidade do Hospital da Mulher. O episódio veio à tona durante o processo de divórcio de um dos casais, quando um exame de paternidade solicitado revelou que o menino, hoje com três anos, não é filho biológico do casal.

A investigação está sendo conduzida pela Polícia Civil sob sigilo, com base no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que trata da obrigação de identificar corretamente o recém-nascido e a parturiente. Testemunhas já foram ouvidas, e diligências estão em andamento.

Troca de bebês é pesadelo, diz pai

A história, descrita pelos envolvidos como um “pesadelo”, teve início quando Cláudio Alves, em meio ao processo de separação, pediu um exame de DNA do filho. Sua então esposa, Yasmin Kessia da Silva, exigiu que o teste incluísse ambos os pais, convicta de sua maternidade. Para surpresa de todos, os resultados deram negativo para o casal, e uma contraprova confirmou o erro.

Exames e contraprova confirmam que menino não é filho de casal

As crianças nasceram no mesmo dia, 15 de outubro de 2021, com apenas 14 minutos de diferença. Yasmin, emocionada, relatou: “Quando o laboratório me disse que o sangue do meu filho não era compatível com o meu, eu pensei que era um engano. Mas veio a contraprova.”

Determinada a encontrar a outra família, Yasmin lembrou de uma parturiente do mesmo dia e horário, casada com um professor conhecido em Inhumas. Com a ajuda de um pastor, localizou Guilherme Luiz de Souza e Isamara Cristina Mendanha, que também fizeram exames e confirmaram que não eram os pais biológicos da criança que criavam.

Apesar da dor, as duas famílias têm sido cautelosas quanto ao futuro. “É um choque muito grande. Não tenho estrutura psicológica para isso. Somos uma família só. A gente só quer paz e uma solução para essa tristeza”, declarou Cláudio.

Casais não falam em destrocar crianças hoje com três anos

Segundo o advogado Kuniyoshi Watanabe, ainda não há definição sobre a troca das crianças. Até porque, exames precisam confirmar se estão com os filhos uns dos outros. Por enquanto, elas não dão sinais de que pretendem destrocar as crianças.

“O juiz determinará isso ao final do processo. É possível que ambas as crianças acabem tendo dois pais e duas mães”, acredita o advogado.

As famílias destacaram que, além de preservar o bem-estar dos filhos, precisam lidar com o impacto emocional da situação, que afeta também outros membros, como avós e tios. Um dos casais tem ainda outro filho de sete anos, aumentando o desafio de proteger as crianças em meio à turbulência.

O Hospital São Sebastião de Inhumas, em nota, afirmou estar colaborando com as investigações e conduzindo uma sindicância interna. “Reforçamos o compromisso com a ética, segurança e transparência, além de medidas para aprimorar nossos protocolos de segurança.”

Enquanto aguardam uma decisão judicial, ambas as famílias lidam com um misto de dor e esperança. “Estamos vivendo algo que nunca imaginamos. Não importa o desfecho, as marcas ficarão para sempre”, disse Isamara Cristina.

Leia também: Famílias enterram corpos de bebês trocados após erro em serviço de GO

Texto: Marília Assunção

Foto: reprodução / redes sociais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *