Polícia encontrou 93 pessoas internadas em dois locais que o delegado classificou como “campos de concentração”
Os parentes das 93 pessoas encontradas em duas clínicas clandestinas mantidas por uma casal de pastores, em Anápolis, podem ser responsabilizados como coautores, caso seja comprovada participação nos crimes. Segundo o titular da Delegacia Especializada no Atendimento do Idoso (Deai), delegado Manoel Vanderic, o “trabalho da polícia agora é levantar outros elementos” para tentar responsabilizar mais suspeitos, inclusive, “eventuais familiares”.
Vale citar, a Polícia Civil descobriu a segunda clínica clandestina na quinta-feira (31), também em Anápolis. As 43 pessoas deste grupo se juntam as 50 do primeiro local, somando 93 indivíduos mantidos sob tortura, em cárcere e sem alimentação. Dois funcionários fugiram do que o delegado chamou de “depósito humano”, mas já foram identificados e também responderão – como os já detidos – por cárcere privado e tortura.
Este segundo estabelecimento foi localizada após familiares das vítimas procurarem a delegacia e relatarem que não encontraram os parentes entre os resgatados. Assim, os agentes fizeram diligências e conseguiram chegar ao segundo local. “Muitos estavam amarrados às camas de cimento, sem alimentação e medicação, sem acompanhamento médico ou psicológico. As vítimas estavam bastante debilitadas. A maioria possui deficiência intelectual e estava em surto”, disse o delegado.
Ambas as clínicas clandestinas estão às margens BR-414, na zona rural de Anápolis. Segundo o investigador, distância é de cerca de 10 km entre elas..
Primeira clínica clandestina
Mais de 50 pessoas com idades entre 14 e 96 anos foram resgatadas com graves ferimentos e em estado de desnutrição em uma espécie de “campo de concentração”, em Anápolis. A ação policial ocorreu na terça-feira (29) e prendeu seis pessoas responsáveis pela clínica clandestina.
Segundo a Polícia Civil, as vítimas estavam em cárcere privado e tortura. Os pacientes eram levados de forma ilegal e involuntária ao local, onde eram trancados mediante pagamento de, no mínimo, 1 salário mensal. Entres os pacientes estão pessoas com deficiência intelectual e física, além de dependentes químicos.
Eles eram mantidos em ambiente insalubre, sem medicação e alimentação, e nenhum acompanhamento médico ou psicológico. Ainda segundo a PC, várias vítimas apresentavam lesões graves, desnutrição e confusão mental compatível com sedação.
A clínica Amparo Centro Terapêutico, no bairro Monte Sinai, foi comparada a um campo de concentração pelo delegado responsável pelo caso, Manoel Vanderic. A um veículo local, ele afirmou que, em um dos casos, um autista de 17 anos apanhava e levava banho de água fria para não gritar.
Os responsáveis por gerenciar a clínica, de acordo com a Polícia Civil, eram o pastor da Igreja Batista Nova Vida, Klaus Júnior, e a esposa dele, a pastora Suellen Klaus, que tinha cargo comissionado na prefeitura da cidade. Presa, a mulher foi exonerada após a descoberta dos crimes. o homem fugiu no dia do crime e segue foragido.
Fonte: Mais Goiás