Hacker Walter Delgatti deve ser ouvido nesta quinta (14) na CPI da Câmara Legislativa do DF

Depoimento está marcado para às 10h por videoconferência; hacker está preso por vazamento de conversas ligadas à Operação Lava Jato. Delgatti é investigado por suposto plano para desacreditar as urnas eletrônicas e a Justiça Eleitoral nas eleições de 2022.

A CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deve ouvir, nesta quinta-feira (14), o hacker Walter Delgatti Neto. Ele ficou conhecido por ter dado origem à chamada “Vaza Jato” ao invadir telefones de autoridades envolvidas com a operação Lava Jato e, mais recentemente, pela participação em um suposto plano para desacreditar as urnas eletrônicas e a Justiça Eleitoral (saiba mais abaixo).

O depoimento está marcado para às 10h e será feito por meio de videoconferência. No dia 16 de agosto ele foi ouvido na CPMI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional e disse que durante uma reunião no Palácio da Alvorada com Jair Bolsonaro (PL), antes das eleições de 2022, o então presidente assegurou que concederia um indulto (perdão presidencial) a ele, caso fosse preso ou condenado por ações sobre urnas eletrônicas.

“A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, declarou.
Em 2019, Delgatti teria vazado mensagens atribuídas ao então ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro, a integrantes da força-tarefa da Lava Jato e outras autoridades. O hacker foi condenado a 20 anos e 1 mês de prisão pelos vazamentos de conversas ligadas à Operação Lava Jato.

Ele também passou a ser investigado pela invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para a inclusão de um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Depoimento à CPMI

À CPMI dos Atos Golpistas, no Congresso Nacional, Delgatti contou que em conversa com Jair Bolsonaro ouviu que o entorno do então presidente havia conseguido grampear o ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo Delgatti, Bolsonaro teria sugerido que o hacker “assumisse a autoria” do grampo.

“Segundo ele [Bolsonaro], eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse.
No seu depoimento, Delgatti também contou que assessores de Bolsonaro aconselharam a criação de um “código-fonte” falso para sugerir que a urna eletrônica era vulnerável e passível de fraude.

A proposta teria partido do marqueteiro Duda Lima em uma reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e outras pessoas ligadas à parlamentar. Lima nega participação na reunião.

Veja as afirmações do hacker à CPMI:

Bolsonaro prometeu a ele um indulto caso fosse preso por ação contra urnas eletrônicas
o ex-presidente citou um ‘grampo’ contra Moraes e pediu a Delgatti que ‘assumisse autoria’ da invasão
a deputada Zambelli prometeu a ele emprego na campanha de Bolsonaro de 2022
o marqueteiro de Bolsonaro na campanha pediu um ‘código-fonte’ fake para apontar fragilidade nas urnas
sabia que estava cometendo crime ao agir contra as urnas, mas que havia recebido ordem do então presidente
Zambelli enviou a ele o texto de um falso mandado de prisão contra Moraes
orientou servidores do Ministério da Defesa na elaboração de relatório sobre urnas
Moro é um ‘criminoso contumaz’ e bateu boca com o ex-juiz da Lava Jato, que chamou o hacker de ‘bandido’

Fonte: G1

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