CPI ouve bolsonarista na tentativa de desvendar financiadores dos atos de 8/1

Ana Priscila Azevedo é era considerada uma das lideranças do acampamento em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília. Ela financiou do próprio bolso a contratação de trio elétrico que pedia golpe

A bolsonarista Ana Priscila Silva de Azevedo, apontada como uma das principais lideranças do acampamento de bolsonaristas em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, presta depoimento na manhã desta quinta-feira (28/9) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF).

Ela foi presa pela Polícia Federal em 10 de janeiro, em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, e se encontra detida na Penitenciária Feminina do DF, conhecida como Colmeia. Ana Priscila se filmou durante a invasão, rindo e brincando com um companheiro sobre um carro da polícia estar sendo jogado em um dos espelhos d’água do Congresso Nacional.

Nas investigações, ela é apontada como uma das organizadoras da invasão. A bolsonarista também era administradora de um grupo no Telegram, chamado de “A queda da Babilônia”, que contava com cerca de mais de 35 mil membros. Mesmo após os ataques, Ana Priscila seguiu com postagens em grupos de telegram. “Os caras armaram e colocaram tudo para cima de mim. Assassinaram minha reputação e não minha consciência”, escreveu, na época.

Pouco tempo depois de ter sido presa, em depoimento ao Ministério Público Militar (MPM), Ana Priscila revelou que um general do Exército orientou os terroristas em frente ao QG do Exército a fugir, após os atos golpistas de 8 de janeiro.

“Na manhã do dia 9, uma autoridade do Exército se pronunciou ao público e pediu ao público pedindo para que o pessoal ali na frente do QG que fosse embora, até onde que consta, era um general mesmo do Exército”, afirmou, ao Ministério Público Militar (MPM). “Na segunda, por volta das 9h da manhã, antes das prisões. Esse general teria chamado as pessoas e orientado a elas para que se retirassem do acampamento”, concluiu

Trio elétrico
Existem documentos que está nas mãos dos distritais que podem desvendar os financiadores e a liderança do movimento bolsonarista, em frente ao QG do Exército. Em um desses documentos, há um boletim de ocorrência do dono de um trio elétrico, alugado por manifestantes protestarem contra o resultado das eleições do ano passado. Nele, o proprietário do trio esclareceu que alugou o trio para vários bolsonaristas.

Chamado de “Coyote”, o trio foi contratado para uma manifestação entre 13 e 15 de novembro do ano passado. Nessa ocasião, os contratantes seriam pessoas identificadas como “Linaldo, Major, Priscila e Daniel”, já que o trio fazia sucesso entre os manifestantes.

Para a polícia, Priscila é Ana Priscila Azevedo. O “Major” é o major da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) Cláudio Mendes dos Santos. Ele foi preso pela PF em 23 de março, considerado como um dos locutores oficiais do movimento golpista.

A reportagem apurou que, caso Ana Priscila colabore, ela poderá ser uma das chaves para descobrir mais financiadores, como aqueles que mantinham a área de alimentação e banheiros do QG, além da hospedagem — tudo era gratuito.

Fonte: Correio Braziliense

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