A greve de servidores do Banco Central (BC) adiou a divulgação do boletim Focus pela segunda semana seguida — o relatório também foi divulgado com atraso na semana passada. O relatório, que é apresentado sempre às segundas-feiras, só será divulgado nesta terça-feira (6/2), às 8h30, em função da operação-padrão dos servidores.
O documento considera as expectativas de mercado coletadas até a sexta-feira anterior à sua divulgação. Ele traz as previsões para a inflação, o Produto Interno Bruto (PIB), a taxa básica de juros (Selic), o câmbio e outros indicadores no ano corrente (no caso, 2024) e nos próximos dois anos (2025, 2026 e 2027).
De acordo com o Sindicato Nacional dos Funcionários do BC (Sinal), mais de 70% dos servidores aderiram à paralisação. As principais demandas são a reestruturação da carreira e o pagamento do bônus de produtividade. Na próxima quinta-feira (8/2), está agenda uma reunião da mesa de negociação do governo com os servidores do BC.
“Os servidores do BC continuarão em operação-padrão tendo por objetivo a apresentação, por parte do governo federal, de uma proposta concreta de reajuste salarial. Há uma rodada da negociação marcada para o dia 8/2/2024, às 14h30. Se não houver proposta, o indicativo é de radicalização do movimento”, disse Fabio Faiad, presidente do Sinal.
“Drexit” dos servidores
Nos últimos meses, segundo servidores, funcionários públicos deixaram o BC para integrar organismos internacionais, empresas privadas e outros órgãos públicos que oferecem remuneração maior.
A diretoria da autoridade monetária acompanha, por exemplo, o movimento de servidores para outras carreiras cujas remunerações são no mesmo patamar, como as da Câmara dos Deputados, que realizou concurso recentemente.
A saída dos servidores do BC é chamada internamente de Drexit, em referência ao Brexit, como ficou conhecida a saída do Reino Unido da União Europeia.