A empresa italiana foi substituída em Goiás pela Equatorial, que iniciou sua atuação em Goiás em 29 de dezembro de 2022, após a conclusão da compra da Celg-D
Apagão em São Paulo | Foto: Agência Brasil
Após quatro dias de apagão na capital de São Paulo, o debate sobre responsabilidade e consequências para a Enel se intensificaram. O processo de rompimento do contrato da Enel com o Governo de Goiás levou cerca de quatro anos de embates, críticas e falhas na prestação de serviço por parte da concessionária. O debate entrou em curso após o início da gestão de Ronaldo Caiado (UB), depois uma série de apagões e quedas de energia, em especial nas regiões rurais e produtivas do Estado.
A empresa italiana foi substituída em Goiás pela Equatorial, que iniciou sua atuação em Goiás em 29 de dezembro de 2022, após a conclusão da compra da Celg-D. A Equatorial comprou a Enel de Goiás por R$ 1,58 bilhão, assumindo dívida de R$ 5,7 bilhões em 2022
A Enel assumiu a distribuição de energia em Goiás no ano de 2017, após a privatização da Companhia Energética de Goiás (Celg-D), mas a empresa enfrentou problemas relacionados a falhas no atendimento, interrupções no fornecimento e a demora em investimentos necessários para melhorar a infraestrutura energética no Estado.
A insatisfação com a Enel foi amplamente manifestada pela população, pelos empresários locais e pelo próprio governo goiano, que constantemente recebeu queixas sobre a qualidade do serviço prestado. Em resposta a essas críticas, o governo do estado, sob a gestão de Ronaldo Caiado, pressionou a Enel a melhorar a qualidade dos serviços. O governador chegou a declarar publicamente, por várias ocasiões, que a situação era insustentável, sugerindo que o contrato de concessão da Enel com o estado poderia ser rompido se as melhorias não fossem implementadas.
Em 2021, Caiado intensificou os esforços para romper o contrato da Enel, alegando descumprimento de cláusulas contratuais e falta de investimentos prometidos. O governo estadual articulou ações junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à Justiça para tentar viabilizar o fim do contrato. Caiado também procurou apoio do governo federal para buscar alternativas que incluíssem até a reestatização da distribuidora ou a transferência da concessão para outra empresa.
A pressão política e social culminou na aceleração das negociações entre o governo estadual, o governo federal e a Enel para encontrar uma solução. No entanto, a Enel resistiu ao rompimento e apresentou um plano de investimentos para tentar corrigir as falhas apontadas. Apesar das promessas de melhorias, o clima de insatisfação continuou, e o governo goiano manteve a possibilidade de judicialização do caso.
O debate sobre o rompimento do contrato também incluiu aspectos legais e financeiros, como a necessidade de comprovar juridicamente o descumprimento das cláusulas contratuais e o impacto financeiro que uma eventual rescisão poderia ter, dado o valor envolvido na concessão e o investimento que seria necessário para manter a operação da rede de distribuição de energia.
FONTE: JORNAL OPÇÃO