Governadores dos estados do Sul e Sudeste do País se reuniram recentemente para discutir propostas que visem melhorar a interação entre as Unidades Federativas. A reunião teve como pano de fundo o 8° Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud). Porém, nos bastidores, a reunião foi lida como uma forma de estreitar os laços e articular politicamente de olho nas eleições de 2026.
A reunião do último final de semana foi encerrada, vale destacar, sob a promessa de intensificar as articulações políticas em Brasília. Todos sabem, a gestão encabeçada pelo presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva até agrada aos gregos, o que não se aplica aos troianos. De maioria direitista, impera entre os governadores do Sul/Sudeste o interesse em ampliar a influência política das regiões a nível nacional.
Marcaram presença no encontro os governadores Romeu Zema (Novo/Minas Gerais), Renato Casagrande (PSB/Espírito Santo), Tarcísio de Freitas (Republicanos/São Paulo), Cláudio Casto (Sem partido/Rio de Janeiro), Ratinho Júnior (PSD/Paraná), Eduardo Leite (PSDB/Rio Grande do Sul) e Jorginho Melo (PL/Santa Catarina).
Mas qual seria a relação entre o sonho de Caiado e a proximidade, cada vez mais latente, dos governadores de ambas as regiões? A resposta passa pelo plano A do governador goiano em encerrar seu mandato com o pé na presidência da República. Caiado sonha em ser presidente do Brasil — ele, inclusive, disputou em 1989.
Para viabilizar seu plano, Caiado precisa, primeiro, ampliar seu protagonismo político. Para isso, tem, como meta, ocupar o vácuo deixado pela figura do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Figuras próximas ao governador avaliam que Caiado falou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga o Movimento Sem Terra no Congresso já de olho em 2026. “Foi a oportunidade perfeita para se posicionar como direitista que é e falar com esse público em cadeia nacional”, disse uma fonte consultada pelo O HOJE.
Caiado ganhou, em sua primeira tacada, uma projeção invejável. Declarações polêmicas chegaram aos quatro cantos do País e fizeram do seu nome, ainda que não muito, mais conhecido.
Viabilizar sua candidatura, porém, não será o principal desafio. Conquistar espaço entre os mais conservadores, bolsonaristas ou, simplesmente, os direitistas é visto, na verdade, como o mais simples dos desafios. A missão está em trazer para o seu lado figuras que, assim como ele, sonham com a cadeira.
Durante uma coletiva de imprensa concedida no final de semana, o governador de Minas disse que os estados do Sul/Sudeste se inspiram na articulação dos estados nordestinos para alcançar sucesso — vale destacar que os citados foram responsáveis, em linhas gerais, por garantir a vitória do presidente Lula na briga contra Bolsonaro em 2022.
Na queda de braço entre eles, é inegável que Caiado está em desvantagem. Romeu Zema não tem a projeção de Tarcísio, mas ainda assim tem seu nome mais ventilado no cenário nacional quando comparado ao governador goiano.
Que Minas e São Paulo tem potencial para alianças políticas, isso a história provou. Cabe, agora, ao governador goiano encontrar uma fórmula mágica que leve ambos os gestores a entenderem que Caiado, e não um deles, deve representar a direita em 2026.
Se isso acontecer, sim, o governador poderá arrancar na corrida de maneira invejável. Caso contrário, pode ver seus potenciais eleitores aderindo ao projeto vizinho. Fato é que alguém terá que se levantar como nome de oposição ao governo Lula. A aposta é que esse nome saia do Sudeste, o que, se acontecer, certamente será interpretado como uma pedra no sapato do governador goiano que sonha com a presidência.
Fonte: O Hoje