Correligionários defendem abandono ao prefeito, mas desembarque deve demorar para se oficializar; negociações com Pablo Marçal avançam
Ricardo Nunes e Milton Leite (Crédito: Foto: Afonso Braga/Câmara de São Paulo)
O União Brasil está cada vez mais próximo de desembarcar da chapa do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), nas eleições deste ano. Sem acordo, correligionários começaram a pressionar por um posicionamento e passaram a criticar a “arrogância” do prefeito com o partido.
Nunes e União Brasil estão com as relações estremecidas há algumas semanas, e o presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite, mandou recado aos interlocutores do prefeito de que poderia contra-atacar. Na avaliação do MDB, no entanto, a ação de Leite seria uma tentativa de aumentar o “preço” para apoiar o emedebista.
Fato é que o União Brasil quer maior protagonismo na campanha de Ricardo Nunes. Além dos cargos e a negociação pela presidência da Câmara em 2025, a legenda quer atuar nos bastidores políticos por Nunes.
O empecilho é o próprio Ricardo Nunes, que não quer dar tal protagonismo ao partido. Na avaliação de correligionários do União Brasil, Nunes tem adotado a mesma estratégia que teve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): o banho-maria. Para pessoas próximas a Leite, a ação pode acelerar o desembarque da legenda.
Em diversos recados, Milton Leite pressionou Ricardo Nunes e deu o prazo de até domingo, 14, para um posicionamento do emedebista. O prefeito não deu nenhuma sinalização de acordo.
Um membro da executiva da legenda disse ao site IstoÉ que Leite está incomodado com a “arrogância” de Nunes no trato com o partido. De acordo com ele, o prefeito não conversa com o cacique do União e tem enviado intermediários para as negociações.
Outro fator que incomoda a cúpula do partido é a indicação de Ricardo Mello Araújo (PL) como vice. Na avaliação dos correligionários, o nome do ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA) atrapalha a campanha nas periferias, onde Leite tem maior força — principalmente na Zona Sul da capital.
Milton Leite, inclusive, se colocou como vice, mas Nunes selou pacto com o PL após um acordo para o apoio do partido de Valdemar Costa Neto nas eleições para a presidência da Câmara em 2025. Mesmo deixando a corrida, o nome preferido do vereador era o de Sonaira Fernandes (PL), vereadora durante a atual legislatura.
Um aliado de Leite afirmou que ainda há brechas para um acordo, mas que o tempo está se esgotando. Na avaliação dele, uma decisão deve ser tomada só no fim do mês.
Pablo Marçal é opção
Em meio à crise de relacionamento com Ricardo Nunes, Milton Leite tem mandado acenos ao coach Pablo Marçal (PRTB), que tem pressionado por apoio do partido há algum tempo. As negociações avançaram e estão sendo intermediadas pelo presidente nacional da legenda, Antônio Rueda.
Se o acordo for firmado, a tendência é que a vice na chapa de Marçal fique com o União. O coach, mesmo que negue, chegou a oferecer o cargo ao deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP), que rechaçou a chance.
À IstoÉ, Pablo Marçal disse querer uma mulher como sua vice. Mas, com apoio do União, não está descartada a possibilidade de Milton Leite ser escolhido para compor a chapa.
FONTE: ISTOÉ