Um estudo descobriu que, além de a caminhada ser uma boa medida contra o desenvolvimento da diabetes tipo 2, a velocidade com a qual você se move pode ajudar ainda mais.
A caminhada rápida está associada a um risco quase 40% menor de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida, de acordo com o estudo publicado na terça-feira (28) no British Journal of Sports Medicine.
“Estudos anteriores indicaram que caminhar frequentemente estava associado a um menor risco de desenvolver diabetes tipo 2 na população em geral, de forma que aqueles que passavam mais tempo caminhando por dia corriam um risco menor [de ter a doença]”, diz o principal autor do estudo, Dr. Ahmad Jayedi, pesquisador assistente do Centro de Pesquisa sobre Determinantes Sociais da Saúde da Universidade de Ciências Médicas de Semnan, do Irã.
Entretanto, os relatórios anteriores não indicaram a velocidade de caminhada ideal para reduzir o risco de diabetes, e faltavam revisões abrangentes das evidências, pontuaram os autores.
Os pesquisadores revisaram 10 estudos, realizados entre 1999 e 2022, que avaliaram a relação entre a velocidade da caminhada, medida por testes objetivos cronometrados ou relatórios subjetivos dos participantes, e o desenvolvimento de diabetes tipo 2 entre adultos dos Estados Unidos, Reino Unido e Japão.
Após acompanhamento por oito anos, em média, aqueles que caminhavam em um ritmo médio ou normal tinham risco 15% menor de desenvolver diabetes tipo 2, quando comparados àqueles que caminhavam em ritmo fácil ou casual descobriram os investigadores.
A caminhada fácil ou casual foi definida como menos de 3,2 quilômetros por hora. O ritmo médio ou normal foi definido como 3,2 a 4,8 quilômetros por hora.
Porém, caminhar em um ritmo “ligeiramente rápido”, de 4,8 a 6,4 quilômetros por hora, indicou um risco 24% menor de desenvolver a doença do que aqueles que caminhavam em ritmo fácil ou casual.
E a “caminhada rápida/a passos largos”, superior a 6,4 quilômetros por hora, teve o maior benefício: uma redução de 39% no risco da diabetes 2.
Cada quilômetro aumentado na velocidade de caminhada acima da rápida foi associado a um risco 9% menor de desenvolver a doença.
O fato de caminhar mais rápido poder ser mais benéfico não é surpreendente, mas a “capacidade dos pesquisadores de quantificar a velocidade da caminhada e incorporar isso em suas análises é interessante”, destacou o doutor Robert Gabbay, diretor científico e médico da American Diabetes Association. Gabbay não participou do estudo em questão.
O relatório também destaca a ideia de que “a intensidade é importante para a prevenção do diabetes”, avaliou a doutora Carmen Cuthbertson, professora assistente de educação e promoção em saúde na East Carolina University, que também não esteve envolvida no estudo.
“A prática de qualquer quantidade de atividade física pode trazer benefícios à saúde, mas parece que, para a prevenção do diabetes, é importante praticar algumas atividades de maior intensidade, como uma caminhada rápida, para obter o maior benefício”, ressaltou a especialista.
Compreendendo os benefícios da caminhada rápida
O estudo não prova causa e efeito, ponderou Gabbay, mas “pode-se imaginar que exercícios mais vigorosos podem resultar em maior aptidão física, redução do peso corporal e, portanto, da resistência à insulina e redução do risco de diabetes”.
Michio Shimabukuro, professor e presidente do departamento de diabetes, endocrinologia e metabolismo da Faculdade de Medicina da Universidade Médica de Fukushima, concordou com essa avaliação.
Ele acrescentou que “o aumento da intensidade do exercício devido a velocidades de caminhada mais rápidas pode resultar em um maior estímulo para funções fisiológicas e melhor estado de saúde”. Shimabukuro não esteve envolvido no estudo.
A velocidade de caminhada também pode simplesmente refletir o estado de saúde, o que significa que pessoas mais saudáveis tendem a andar mais rápido, analisou o doutor Borja del Pozo Cruz, principal investigador de saúde da Universidade de Cádiz, na Espanha, que também não esteve envolvido na pesquisa.
“Existe um alto risco de causalidade reversa, [em que] os déficits de saúde têm maior probabilidade de explicar os resultados observados”, acrescentou del Pozo Cruz.
“Precisamos de ensaios clínicos randomizados para confirmar – ou não – os resultados observados”, colocou.
Dicas para controlar a caminhada
A mensagem geral “é que caminhar é uma forma importante de melhorar a saúde”, disse Gabbay.
“Pode ser verdade que caminhar mais rápido seja ainda melhor. Mas dado o fato de que a maioria dos americanos não consegue caminhar o suficiente, é muito importante encorajar as pessoas a caminhar mais, tanto quanto possível”, advertiu.
Se você quiser se desafiar, no entanto, usar um monitor de condicionamento físico, por meio de um relógio, pedômetro ou aplicativo de smartphone, pode ajudá-lo a medir e manter seu ritmo de caminhada, comentam os especialistas.
Se você não conseguir um rastreador de condicionamento físico, uma alternativa fácil para monitorar a intensidade do exercício é o “teste de conversa”, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que se baseia na compreensão de como a atividade física afeta a frequência cardíaca e a respiração.
Se, enquanto caminha, você consegue falar com uma voz pesada, mas não consegue cantar, seu ritmo provavelmente é rápido.
Fonte: CNN