A Região do Entorno do Distrito Federal, historicamente tratada como apêndice incômodo entre Goiás e Brasília, perde uma de suas maiores defensoras: a cientista política Carol Fleury. Primeira titular da Secretaria de Estado do Entorno, ela deixa o cargo não por incapacidade, desgaste político ou ineficiência — mas por uma combinação de motivos que revelam, com crueza, as limitações e mesquinharias da política regional, além de um convite profissional que simplesmente não pôde recusar.
Carol sai de cabeça erguida. Entrega resultados concretos, um legado robusto e um novo patamar de respeito para uma região antes invisível. Sua gestão não foi feita de discursos vazios ou promessas recicladas. Foi feita de entrega, articulação, técnica, presença e, sobretudo, de coragem. Coragem de enfrentar um sistema viciado em barganhas, que prefere o jogo do compadrio ao trabalho sério e planejado.
TRANSFORMAÇÃO REAL
Em apenas dois anos, Carol Fleury operou o que muitos tentaram por décadas e falharam: reposicionou o Entorno no mapa político de Goiás e do Brasil. De uma região marginalizada, marcada pela precariedade do transporte, saúde e segurança, emergiu um novo Entorno — mais respeitado, articulado e protagonista. Mérito de uma gestão que teve visão, conhecimento técnico e sensibilidade social.
O consórcio de transporte público, por exemplo, foi tratado por ela como questão de Estado — e não como moeda de troca para acordos eleitorais. O congelamento das tarifas por dois anos é um feito raríssimo no Brasil, fruto de articulação séria e compromisso com o povo. Nada de espetáculo midiático: o que Carol entregou foi serviço público eficiente, em silêncio, enquanto outros só apareciam para fotos.
DESENVOLVIMENTO COM IDENTIDADE
Com a feira #NoEntornoTem, Carol fez o que poucos gestores ousaram: deu protagonismo à cultura, à produção local e à identidade regional. Em vez de importar soluções prontas de gabinetes em Goiânia ou Brasília, valorizou quem vive e produz no Entorno. Fez com que os pequenos se sentissem grandes. Fez com que o Entorno se reconhecesse e se orgulhasse de si.
ELEGÂNCIA AO SAIR, DIGNIDADE AO FICAR NA HISTÓRIA
O anúncio de sua saída, feito nesta quarta-feira, dia 16 de abril, também expôs a face menos nobre da política: a traição silenciosa de aliados oportunistas, mais preocupados com o calendário eleitoral do que com a continuidade do projeto transformador iniciado por Carol. Ainda assim, ela saiu com dignidade, entregando um relatório detalhado das ações realizadas, agradecendo à equipe com humildade e reafirmando sua lealdade institucional ao governador Ronaldo Caiado.
Mas, acima de tudo, sua saída se dá por uma razão nobre e legítima: Carol recebeu um convite profissional irrecusável da iniciativa privada para atuar em nível nacional com políticas públicas de saúde. Um reconhecimento ao seu talento, competência e capacidade de gestão. Ela sai pelas portas da frente, valorizada pelo mercado e respeitada por quem entende de gestão pública séria.
REFERÊNCIA NACIONAL, EXEMPLO REGIONAL
Carol Fleury é mais que uma gestora pública. É uma intelectual aplicada à vida real, com formação sólida (UnB, IDP, CEUB) e trajetória consistente no Executivo Federal e municipal. Seu retorno ao setor privado mostra que o mundo está de olho em quem entrega. Goiás, infelizmente, ainda parece valorizar mais o apadrinhamento do que a competência.
ALERTA AO SUCESSOR
A régua está alta. O próximo secretário ou secretária do Entorno terá a ingrata missão de manter um nível de trabalho que não admite improviso. Se cair na tentação de transformar a secretaria em trampolim político ou balcão de favores, prestará um desserviço à população que aprendeu, com Carol, a exigir mais, a esperar mais e a merecer mais.
BOM EXEMPLO
O trabalho de Carol na secretaria do Entorno de Goiás serviu de exemplo para o Governo do Distrito Federal, que recriou a sua secretaria voltada às cidades da região.
Carol Fleury deixa o cargo, mas não o Entorno. Sua marca está nas conquistas que ficarão para sempre na memória da população. E seu nome já está gravado na história como a mulher que ousou tratar o Entorno com o respeito que sempre lhe foi negado — e que ela, com competência e alma, conquistou.
Fonte: Jornal Perfil dos Municípios – André Teixeira
