O casal Luiz Antonio dos Santos e Tainara Ribeiro Subtil foi indiciado pela Polícia Civil do Rio por usar fotos de crianças com câncer para fazer “vaquinhas” falsas na internet. Os dois usaram dados até da mãe de Luis para abrir uma conta e receber o dinheiro. A cunhada de Tainara foi quem desconfiou do estilo de vida do casal e começou a investigar a situação, revelada neste domingo pelo Fantástico, da TV Globo.
Vítimas de cinco estados brasileiros já procuraram a delegacia para denunciar os perfis falsos que seriam mantidos pelo casal nas redes sociais. Em depoimento a mulher disse que agiu sozinha, mas a polícia acredita que o homem também estava envolvido. O caso agora será analisado pelo Ministério Público do Rio. A defesa deles afirma que já prestaram depoimento e que não irá se manifestar sobre o indiciamento.
Uma das crianças que teve as fotos usadas foi Nicoly, de 5 anos. Sua mãe Madelaine Morigi contou que abriu uma vaquinha para arrecadar verba para ajudar nos exames e tratamento dela, que foi diagnosticada com leucemia. Ao todo, a família angariou em duas campanhas de arrecadação R$ 17,3 mil. Ela descobriu que a filha poderia estar sendo vítima do golpe quando foi publicar o link da vaquinha em uma rede social. Um homem a chamou de golpista por estar usando a imagem da menina: ele tinha visto a foto de Nicoly em outra campanha, com outro nome.
— Eu entrei e vi que em 1 mês foi arrecadado 35 mil reais — diz Madelaine, que recebeu a ligação de uma mulher do Rio chamada Stephanie Santos:
— Ela disse que era o irmão dela e a cunhada dela que estavam fazendo isso. Ela tinha descoberto que eles estavam usando até a mãe para também praticar golpes de vaquinha.
Descobertos pela família
O casal se mudou para o Rio em meados de 2022. Eles disseram que se conheceram pela internet e Luiz Antônio começou a trabalhar como motorista de aplicativo usando o carro da irmã, Stephanie. Ela conta que um mês depois ele começou a esbanjar: mobiliou a casa, viajava e se hospedava em hotéis. Pelo rastreador do carro, ela descobriu que o irmão tirou folgas em Copacabana, Zona Sul do Rio.
— O rastreador do carro estava marcando que o carro estava ali já há uns 5 dias no mesmo lugar, saía e voltava para o mesmo lugar, em Copacabana. Então eu liguei para esse hotel qual o carro estava estacionado e confirmaram que, sim, ele estava hospedado lá — diz a irmã.
Mas foi em um churrasco que a ficha de Stephanie caiu. Ela viu a cunhada mexendo no celular em um perfil de uma criança que não era do convívio da família. Observando Tainara, ela decidiu filmar a mulher editando a foto da criança e achou o perfil na rede social.
— O número de telefone é o número atual da Tainara. Fui olhando todas as fotos da página onde eu cheguei no laudo médico, que não tinha carimbo — explica Stephanie.
A irmã de Luiz Antônio encontrou a médica que seria dona do atestado. A oncologista Juliana Ferrari Mutaro trata pacientes com leucemia, mas não trata crianças. Ela também nunca trabalhou na suposta clínica do perfil. A profissional também tentou descobrir quem estava usando seus dados e ao fazer um depósito viu que a conta pertencia a Hosana, mãe de Luiz Antônio e sogra de Tainara.
— Eu não tenho nada a ver com isso. Eu fui usada como muitos aí estão sendo usados por eles. Ela (Tainara) falava que um tio rico, um padrinho rico do Rio Grande do Sul (que mandaria os valores). Eu vou desconfiar uma coisa dessa do meu filho? Jamais. Eu estou sendo uma vítima do meu filho, que permitiu uma coisa dessas — se defende Hosana.
FONTE:MAIS GOIAS