Casos de câncer em pessoas com menos de 50 anos crescem 79% em 3 décadas

São Paulo – O número de casos de câncer entre pessoas com menos de 50 anos aumentou 79% nas últimas três décadas, segundo estudo publicado na revista científica BMJ Oncology. O levantamento foi realizado por pesquisadores do Reino Unido e China. O trabalho analisou dados de 29 tipos de câncer em 204 países e regiões, incluindo o Brasil. “Infelizmente vemos isso acontecer na prática. Tem sido frequente o aparecimento de pacientes jovens buscando tratamento contra o câncer, e geralmente em estágio mais avançado”, comenta Daniel Vilarim Araújo, oncologista clínico do Ambulatório do Hospital de Base, de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. 

Estimativa

São esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência no país. As informações são da publicação Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, divulgada pelo Instituto Nacional de Câncer.

Segundo o levantamento, o tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma (31,3% do total de casos), seguido pelos de mama feminina (10,5%), próstata (10,2%), cólon e reto (6,5%), pulmão (4,6%) e estômago (3,1%).

Em homens, o câncer de próstata é predominante em todas as regiões do Brasil, totalizando 72 mil casos novos estimados a cada ano do próximo triênio, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Nas regiões de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), os tumores malignos de cólon e reto ocupam a segunda ou a terceira posição, enquanto nas de menor IDH, o câncer de estômago é o segundo ou o terceiro mais frequente entre a população masculina.

Já nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente (depois do de pele não melanoma). Estudo aponta que 74 mil novos casos devem ser registrados por ano até 2025. Nas regiões mais desenvolvidas, em seguida vem o câncer colorretal, mas, nas de menor IDH, o câncer do colo do útero vem na sequência. 

Câncer de mamaThaís Bragiola tinha 26 anos quando sentiu um caroço na região do pescoço. Alguns dias depois ela percebeu outro na mama esquerda. “Quando eu senti o caroço perto do pescoço eu achei que pudesse ser algum nódulo por estresse, eu trabalhava cerca de 10 horas por dia, estava muito cansada. Uma ultrassonografia foi determinante para que eu tivesse o diagnóstico do câncer”, explicou a dentista. 


Thaís Bragiola (foto: divulgação)
O câncer de Thaís é um tipo raro que acabou se espalhando para outras partes do corpo. “Eu perdi meu pai e uma tia para o câncer. Sempre tive preocupação em fazer exames. Quando cheguei na ginecologista para comentar sobre os caroços, ela me disse que eu era muito jovem para me preocupar com isso, mas acabou recomendando ultrassom de mamas”, conta. “O médico que fez o exame disse que as imagens não eram comuns, perguntou se eu tinha histórico familiar de câncer e decidiu passar ultrassom nas axilas, foi aí que em uma delas ele viu que tinha outros nódulos e me recomendou fazer biópsia o mais rápido possível”. 

Diagnóstico
Thaís entrou em estado de choque quando o resultado chegou. “O médico me disse que era um tipo raro de câncer de mama e que pela medicina ele não tem cura”, lembra. Mesmo com os casos de câncer na família, os médicos disseram que os hábitos de vida da dentista podem ter sido determinantes para o aparecimento da doença, como estresse, má alimentação, falta de exercícios físicos e uma rotina de trabalho pesada. “Algum tempo depois eu fiz um teste genético capaz de analisar se há presença de genes alterados no organismo, que podem aumentar o risco de desenvolver a doença, e não tinha nenhuma alteração. O que os médicos dizem é que outros fatores influenciaram no aparecimento do câncer”, lembra. 

Para o médico Daniel Vilarim, o número de casos de câncer entre jovens pode ser resultado de uma combinação de fatores, fora os genéticos. “Obesidade, tabagismo, alimentação ruim e com excesso de frituras, falta de exercícios. Tudo é preocupante”.

Orientações
O médico enfatiza que exames de rotina são muito importantes para o diagnóstico precoce do câncer. “Quando se descobre a doença em estágio inicial, a descoberta tem papel fundamental nas chances de cura, dependendo do tipo do câncer. É importante ficar atento aos sintomas”, comenta o especialista. 


Thaís Bragiola (foto: divulgação)

Thaís seguirá o tratamento de quimioterapia por tempo indeterminado. A jovem perdeu os cabelos, mas não os sonhos que seguem com ela mesmo após o diagnóstico. “Eu quero formar minha família, retomar a vida e a rotina aos poucos. O meu tipo de câncer para a medicina não tem cura, mas para a minha fé tem”, finaliza. 

Fonte: A Redação

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