Contador próximo de Rueda recebe R$ 730 mil do partido e tem passagens bancadas com dinheiro público

José Edjackson atua no escritório Rueda & Rueda Advogados, fundado por Rueda e sua irmã Maria Emilia “Mila” Rueda

Antônio Rueda | Foto: Divulgação

O União Brasil destinou aproximadamente R$ 730 mil a José Edjackson da Silva, contador do escritório de advocacia de Antônio Rueda, presidente da legenda, para gerenciar também as finanças do partido. Além dos pagamentos, despesas com passagens aéreas entre Brasília e Recife, onde ele residia e trabalha para o escritório, foram custeadas com recursos do partido, levantando questionamentos sobre governança e uso de dinheiro público.

Edjackson atua no escritório Rueda & Rueda Advogados, fundado por Rueda e sua irmã Maria Emilia “Mila” Rueda, tesoureira do partido, desde 2018. Quatro anos depois, em 2022, começou a trabalhar para o União Brasil por indicação direta do dirigente. Entre suas funções estavam implantação e adequação de sistemas ERP e gestão contábil, financeira e organizacional do partido.

O crescimento dos pagamentos anuais é expressivo: R$ 175 mil em 2022, R$ 242 mil em 2023 e R$ 312 mil em 2024. Além disso, a prestação de contas da Fundação Indigo, vinculada ao partido, registra R$ 37,5 mil em passagens de Edjackson entre Brasília e Recife, justificadas pela legenda como “deslocamentos no âmbito da própria fundação”.

Especialistas apontam riscos claros de conflito de interesse. “Quando uma mesma pessoa trabalha para o partido e para um dirigente, o risco é que parte do trabalho remunerado pelo partido seja, na prática, executado em benefício do escritório particular”, alerta Carlos Ari Sundfeld, professor da FGV. Ele reforça que situações assim, mesmo sem ilegalidade direta, comprometem a transparência e a independência na gestão financeira.

Além do vínculo profissional, Edjackson é um aliado político próximo de Rueda: foi nomeado presidente da comissão provisória do diretório pernambucano durante intervenção do União Brasil na região. A ligação pessoal e profissional reforça a percepção de que recursos do partido podem ser usados para fortalecer aliados internos.

A situação ocorre em um contexto de pressão sobre Rueda. Reportagem recente aponta que ele seria proprietário de aeronaves operadas por empresários investigados por suspeita de lavagem de dinheiro ligada ao PCC, aumentando o escrutínio sobre suas atividades à frente do partido.

Em nota, o União Brasil afirmou que todas as contratações seguem normas legais e partidárias, que não há sobreposição de funções e que a gestão financeira gerou economias de mais de R$ 1,2 milhão anuais. Especialistas, porém, veem necessidade de maior independência e transparência na contratação de aliados próximos, para evitar o uso de recursos públicos como ferramenta política interna.

FONTE : JORNAL OPÇÃO

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