Dia Nacional da Imunização: especialistas alertam para a volta de doenças que já foram erradicadas

Nesta sexta-feira (9/6) comemora-se em todo o Brasil o Dia Nacional da Imunização. Em tempos em que a gripe, o coronavírus e outras doenças de fácil contaminação ainda circulam pelo país, médicos pediatras de Goiás alertam sobre o cenário de baixa taxa de vacinação do público infantil.

Os números mais recentes apontam que, no estado, a procura por vacinas essenciais na primeira infância tem ficado, desde 2019, abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde – que é de pelo menos 95%. No Brasil, o relatório Situação Mundial da Infância 2023: Para cada Criança, aponta que cerca de 1,6 milhão de crianças não receberam nenhuma dose contra a poliomielite e a tríplice bacteriana (DTP) entre os anos de 2019 e 2021.

As explicações para os números negativos podem estar baseados em dois pilares: o aumento das fake news sobre vacinas e a falsa sensação de segurança sobre doenças que já foram erradicadas no passado pelas campanhas de vacinação.

Apesar das justificativas, a presidente da Sociedade Goiana de Pediatria (SGP), Valéria Granieri, alerta que as consequências da baixa imunização podem ser gravíssimas. “As vacinas são a forma mais eficaz de prevenir doenças e evitar surtos. Quando uma pessoa não se vacina ou se recusa a vacinar crianças que estão sob a sua responsabilidade, ela contribui para disseminar doenças potencialmente letais na comunidade”.

Uma pesquisa realizada pela ONG Avaaz, em parceria com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), mostrou que sete em cada dez brasileiros acreditam em alguma informação equivocada sobre a vacinação.

Comparado ao restante dos países do mundo, é no Brasil onde as pessoas são mais influenciadas pelas notícias falsas sobre o tema. Ao todo, 57% dos entrevistados afirmaram que não se vacinaram ou deixaram de vacinar crianças que estão sob seus cuidados.

Vacinação infantil e legislação

A SGP reforça que a vacinação de crianças e adolescentes é protegida por lei desde 1990, ano em que o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) foi criado. Por se tratar de um assunto que impacta não só as crianças, mas também toda a sociedade, a entidade incentiva que pais e responsáveis mantenham a caderneta de vacinação atualizada para que novos surtos de doenças já erradicadas no Brasil não retornem.

“Em termos práticos, a efetividade da vacinação é influenciada pela idade na qual a dose é administrada. Isso significa que seguir o calendário estipulado é essencial para a manutenção da saúde e desenvolvimento das crianças”, finaliza a presidente da SGP.

Vírus respiratórios

Até a segunda quinzena do mês de maio, permanecia alto o número de internações de crianças causadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com ocorrências em 13 dos 27 estados.

Segundo o Boletim InfoGripe, divulgado no dia 19 de maio pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no quadro etário geral, em 19 das 27 unidades o crescimento é moderado na tendência de longo prazo, que considera as últimas seis semanas, e de curto prazo, referente às últimas três semanas.

A análise tem como base dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 8 de maio, sendo referente à Semana Epidemiológica (SE) 18, de 30 de abril a 6 de maio. Os resultados laboratoriais por faixa etária apontam predomínio dos casos positivos para Sars-CoV-2 na população adulta, apesar de queda observada em diversos estados. Em contrapartida, mantém-se sinal de aumento nos casos associados ao vírus influenza A e B.

Vírus Sincicial

Entre as crianças pequenas, permanece o predomínio de casos associados ao Vírus Sincicial Respiratório (VSR), o que mantém o número de novas internações em patamares elevados nesse público. O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, esclareceu que já no restante da população, a expansão de casos se deve principalmente à covid-19.

Chamou a atenção, entretanto, para as tendências distintas entre os vírus associados aos casos em adultos. “Enquanto os casos associados à covid-19 sugerem desaceleração para os vírus influenza A e B, há indício de aumento recente em diversos desses estados”, disse Gomes. (Com informações da Agência Brasil)

Fonte: O Hoje

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