Epidemia de dengue em Minas tem impacto de R$ 5,7 bilhões na economia

A atual epidemia de dengue, chikungunya e zika é considerada a maior da história de Minas Gerais, com pelo menos 170,9 mil infectados. Além do impacto na saúde, ela leva a prejuízos econômicos bilionários e potencialmente irrecuperáveis no Estado e no Brasil. Com o volume previsto de doentes em Minas, a economia mineira pode perder R$ 5,7 bilhões em 2024 devido à crise sanitária.

A estimativa foi divulgada nesta segunda-feira (04/03) pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Para chegar ao número, ela considerou os custos com tratamento para a dengue e outras doenças — estimados em R$ 1,9 bilhão — e os efeitos sobre a produtividade no trabalho, de R$ 3,8 bilhões.

“O primeiro efeito é mais facilmente observado. É o custo com

medicação e consultas. O segundo, muitas vezes, não é observado, e é o custo de trabalho, ou efeito de produtividade do trabalho. Cada indivíduo no mercado e que contrai as doenças, se afasta do trabalho, em média, por sete dias. Isso acaba impactando a performance de onde ele atua. Quando a empresa deixa de produzir o potencial que tem com todos os seus empregados, isso impacta não somente a performance dela, mas de toda a sua cadeia produtiva, como para quem ela vende”, aprofunda o economista da Fiemg João Pio, um dos responsáveis pelo levantamento.

Como a produção média de um trabalhador em Minas corresponde a R$ 292,11, sete dias de afastamento significam uma perda de R$ 2.044,70. Por sua vez, o custo médio do tratamento por paciente é de R$ 1.227,90, de acordo com um trabalho de 2020 corrigido pela inflação. 

Para chegar aos R$ 5,7 bilhões de perdas na economia, o estudo leva em conta, ainda, a projeção do Ministério da Saúde que considera que o Brasil pode ter 4,2 milhões de doentes em 2024, com Minas concentrando pouco mais de um terço deles — cerca de 1,5 milhão de pessoas.

O impacto calculado pela Fiemg representa uma perda de 0,66% do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais em 2024. É um efeito mais grave que o esperado para o PIB brasileiro, que pode ter um prejuízo de 0,2%, ou R$ 20,3 bilhões. A queda, segundo Pio, pode ser irrecuperável. “É algo que se perde. Você deixa de produzir e não recupera mais isso. Pode tentar minimizar isso no futuro com ações de prevenção e campanhas que antecedem o verão”, reflete.

Perda é 88,5 vezes maior que investimento

A perda econômica de Minas com a epidemia de arboviroses é 88,5 vezes maior do que o investimento anual do governo estadual contra as doenças em 2023, de acordo com os dados mais recentes consolidados pelo painel VigiMinas — Programa de Fortalecimento do Sistema Estadual de Vigilância em Saúde. No ano passado, foram investidos R$ 64,4 milhões, o menor valor em três anos.

Para o economista João Pio, da Fiemg, é necessário haver mais planejamento no combate às doenças. “O que percebemos é uma falta de planejamento, de maneira geral, porque tivemos El Niño este ano, e ele é o pilar dessa crise, pois aumentou o calor e o volume de chuvas, o que é básico para a proliferação do mosquito. É preciso antecipar esses ciclos. Quando se faz isso e se intensificam as campanhas, minimizamos esses períodos de sazonalidade da doença”, avalia.

A reportagem cobrou um posicionamento do governo do Estado sobre os dados da pesquisa da Fiemg e aguarda retorno. 

FONTE:OTEMPO.COM.BR

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