O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, afirmou nesta quinta-feira que o possível apoio do ex-comandante Almir Garnier Santos a um golpe de Estado não representa a posição da Força. Em delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro se reuniu com representantes do Alto Comando para discutir detalhes sobre o assunto. Na ocasião, ainda de acordo com Cid, o militar teria se prontificado a aderir a uma intervenção militar.
Segundo a colunista do GLOBO Bela Megale, Cid contou aos investigadores que o comando do Exército, por outro lado, não apoiou a iniciativa golpista. Após uma minuta golpista ser apresentada, a hipótese teria sido rejeitada.
— Definitivamente essa não é a posição da Marinha. O interesse da Força é que seja o quanto antes esclarecido (o fato) e que se procure individualizar as condutas e se retire esse manto de suspeição da Força. Naturalmente que a exposição de um ex-comandante da Marinha em alguma medida implica a Força — disse ao GLOBO o atual comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen.
O comandante afirmou que a Marinha está à disposição da Justiça para contribuir com as investigações, caso seja chamada a depor no processo.
— Nosso interesse é no esclarecimento dos fatos. Naquilo que a Marinha puder contribuir e compor com o processo, estamos prontos. A Marinha se pauta nos princípios de legalidade, moralidade, publicidade e transparência. Assim que procuramos nos portar e vamos prestar qualquer tipo de esclarecimento a Justiça.
Na manhã desta quinta, Olsen e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, conversaram por telefone sobre as revelações da delação de Cid. O conteúdo surpreendeu o Alto Almirantado da Marinha e integrantes da cúpula da Força avaliam que, se comprovada, as falas de Garnier de apoio a um plano golpista trazem desgaste à imagem da Força.
O Centro de Comunicação Social da Marinha divulgou nota de que a instituição não teve acesso ao conteúdo da delação premiada e que não irá se manifestar sobre os processos do poder judiciário. A nota ressalta que “atos e opiniões individuais não representam o posicionamento da Força”. Veja o texto completo:
“A Marinha do Brasil (MB) esclarece que não teve acesso ao conteúdo de delação premiada do Tenente-Coronel Mauro Cid. Além disso, esta Força Naval não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário. Consciente de sua missão constitucional e de seu compromisso com a sociedade brasileira, a MB, Instituição nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência. A MB reitera, ainda, que eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força e que permanece à disposição da justiça para contribuir integralmente com as investigações.”