Estudo da UFG revela nova interação do vírus da poliomielite no corpo humano

Pesquisa aponta TREM-1 e TREM-2 como alvos potenciais para terapias antivirais

Um estudo conduzido na Universidade Federal de Goiás (UFG) investiga a interação do poliovírus no corpo humano, destacando o papel dos receptores TREM-1 e TREM-2 na infecção viral. A pesquisa foi liderada pelo mestrando Daniel Francisco de Sousa, do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (Iptsp), sob a orientação do professor Helioswilton Sales de Campos e coorientação da professora Marcelle Silva Sales, do Departamento de Biociências e Tecnologia (Debiotec) – Imunologia/Microbiologia.

Os resultados indicam uma ligação entre o poliovírus e os receptores TREM-1 e TREM-2, que regulam respostas imunológicas. A pesquisa mostra que esses receptores têm maior afinidade pela proteína viral VP1 do que o receptor CD155, conhecido por facilitar a entrada do vírus nas células humanas. “Essas descobertas podem avançar a luta contra a poliomielite e outras doenças virais relacionadas, além de ampliar nosso entendimento sobre o comportamento dos enterovírus”, afirmou Sousa.

O estudo identificou que as regiões CDR3 de TREM-1 e CDR1 e CDR2 de TREM-2 estão mais envolvidas na interação com o poliovírus. A maior afinidade dessas interações sugere que esses receptores podem ter um papel significativo na infecção, indicando que terapias direcionadas à VP1 podem ser eficazes no controle do vírus.

Embora a poliomielite tenha sido erradicada no Brasil desde 1990, a diminuição nas taxas de vacinação gera preocupações sobre o possível retorno do vírus, especialmente em situações de calamidade pública, como as enchentes recentes no Rio Grande do Sul. O professor Helioswilton Sales de Campos observou que “a falta de saneamento básico e as condições insalubres contribuem para a proliferação do vírus, transmitido por via fecal-oral, por meio de objetos, alimentos e água contaminados”. A cobertura vacinal, que permanece abaixo da meta de 95% desde 2016, aumenta o risco de nova disseminação, especialmente entre crianças.

Embora as descobertas se baseiem em simulações computacionais, o estudo oferece informações relevantes para o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. TREM-1 e TREM-2, ao influenciar a resposta inflamatória, podem estar associados a quadros graves da poliomielite, como paralisia aguda. A equipe espera que esses resultados incentivem novas pesquisas, focando em terapias que impeçam a entrada do poliovírus no sistema nervoso central.

Esse avanço, possibilitado por tecnologia computacional, representa uma contribuição significativa para a ciência biomédica e reforça a necessidade de manter altas taxas de imunização para proteger a população e evitar o ressurgimento da poliomielite.

FONTE: JORNAL OPÇÃO

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *