“A velhice é um desafio para quem vive”, no abrigo, cada gesto de atenção ajuda a transformar esse desafio em acolhimento.

Casal Lúcia e Aristides dividem a vida no Solar Colombino (Foto: Mais Goiás)
Há um ano, Lúcia Martins Vitorino, de 84 anos, e Aristides Vitorino, de 85, trocaram a casa da família por um endereço que hoje chamam de lar: o abrigo Solar Colombino Augusto de Bastos, no Parque Amazônia, em Goiânia. A decisão não foi fácil e nasceu de uma sequência de acontecimentos marcantes. O casal vivia com uma filha em Brasília, mas a rotina mudou drasticamente após ela morrer em decorrência de um infarto fulminante. Ainda abalados, decidiram morar com outra filha, em Goiânia, mas, em apenas três meses, perceberam que a adaptação não daria certo. Foi quando tomaram, juntos, a difícil decisão de viver no abrigo. A trajetória do casal é tema do documentário ‘Onde Mora o Cuidado: histórias e vidas do Solar Colombino’, da série Fazendo a Diferença, produção do Portal Mais Goiás.
Para dona Lúcia, a mudança foi mais tranquila. Vaidosa, ela lembra que morou por anos perto do Solar e até já havia imaginado como seria morar ali. Hoje, gosta de passear pelo bazar mantido pela instituição e se orgulha de montar seus looks com peças do local. “O bazar é o meu shopping. Adoro vir aqui escolher um acessório, uma blusa nova. É um passeio para mim”, conta sorrindo.
Já seu Aristides enfrentou mais dificuldades para se adaptar. Homem ativo, dono de empresa por muitos anos, ele estranhou a rotina mais tranquila, com horários fixos para as refeições, exercícios e momentos de descanso. “No começo foi difícil. Eu me sentia sozinho, parecia que tinha perdido o ritmo. A velhice é um desafio para quem vive”, reflete. Hoje, mais adaptado, ele reconhece as vantagens de viver no abrigo, mas faz um pedido: “Agora só falta alguém para jogar truco comigo”.
A fala de seu Aristides abre espaço para uma reflexão importante: a doação de tempo. No Solar Colombino, assim como alimentos e recursos financeiros, a presença de voluntários é fundamental. Conversar, jogar cartas, contar histórias ou simplesmente ouvir, gestos simples que transformam o dia de quem mora ali.
“A visita de um voluntário muda a energia do ambiente. Muitos idosos sentem falta de companhia, e quando alguém vem só para passar um tempo, isso traz alegria e autoestima”, destaca a equipe do abrigo.
Um lar com mais de 50 anos de história
Fundado em 1970, o Solar Colombino Augusto de Bastos é uma casa de longa permanência para idosos mantida pela Irradiação Espírita Cristã (IEC). Atualmente, abriga 54 pessoas, com idades entre 70 e 95 anos. Muitos chegaram em situação de vulnerabilidade, sem familiares por perto ou com parentes que não tinham condições de cuidar.
No local, recebem acompanhamento de uma equipe multidisciplinar formada por médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, cuidadores e voluntários. A rotina inclui seis refeições diárias, atividades físicas, arteterapia, fisioterapia e passeios externos, tudo para garantir qualidade de vida e bem-estar.
Como ajudar
O abrigo sobrevive com a ajuda de doações e do bazar beneficente, onde são vendidos roupas, sapatos, acessórios, móveis e eletrodomésticos a preços acessíveis. Qualquer pessoa pode comprar ou doar itens para serem vendidos.
As contribuições mais necessárias incluem: café, açúcar, manteiga de leite, carne vermelha (em bife ou moída), sabão em pó, detergente, água sanitária, desinfectante, sabonete líquido, fraldas geriátricas e álcool em gel. Doações em dinheiro também ajudam a custear as despesas fixas.
Além disso, quem desejar pode doar seu tempo, seja para conversar, participar das atividades ou simplesmente fazer companhia.
SERVIÇO
SOLAR COLOMBINO
Endereço: Avenida Antônio Fidélis, nº 800, Parque Amazônia, Goiânia
Informações: (62) 3280-1031
Horário do bazar: segunda sexta-feira, das 8h às 17h
FONTE : MAIS GOIAS