Ideia é utilizar trilho de transporte de carga para baratear e a acelerar inauguração do trecho que liga Goiás a Brasília
Veículo leve sobre trilho (VLT) também é planejado para Goiás, mas a longo prazo | Foto: Reprodução
O Governo de Goiás e a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) — estatal vinculada ao Ministério das Cidades — e o Governo Federal firmaram um termo de cooperação técnica sobre o VLT que ligará Luziânia a Brasília e operações podem iniciar em até 12 meses. O documento prevê que a União repassará R$ 8,5 milhões para o financiamento do estudo de viabilidade técnica e ambiental que reaproveitará linha férrea de carga para o transporte de passageiros.
As operações dos trilhos que chegam ao Pátio Rodoferroviário estão concedidas à empresa de logística VLI, que utiliza o modal para o transporte de carga e descarga de minérios como carvão de coque, bauxita e areia.
Governança
De acordo com o subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte do Governo de Goiás e presidente do Fórum de Mobilidade (Mova-se), Miguel Ângelo Pricinote, a viagem experimental pode acontecer nos próximos 8 a 12 meses, a depender das adaptações necessárias para que o VLT passe pelos trilhos.
“A ideia é aproveitar a linha férrea de carga como transporte de passageiros nos horários que ela estiver ociosa, especialmente no início da manhã e no final da tarde, quando a demanda para passageiros é mais alta. Para isso, o estudo técnico vai apontar as adaptações necessárias que precisarão ser feitas nos trilhos e a criação de estações de embarque e desembarque”, comenta.
Ele explica que será necessário também a criação de um comitê de gestão entre o Governo de Goiás, o Governo do Distrito Federal e a União para garantir a integração dos modais de transporte já existentes com a nova modalidade. “Mais importante que a própria obra é resolver a questão de governança entre esses três Poderes”, comenta.
Outro fator que pode travar o início das operações é em relação a um área de 4,2 milhões de m² que foi cedida pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao Exército. Essa área foi doada para o GDF para a construção de um novo bairro, mas a União tenta reaver o terreno que servirá para a implantação das estações.
Os custos para a implantação do VLT que ligará as cidades de Brasília e Luziânia (GO) são estimados em R$ 500 milhões. A estimativa é da CBTU, que aponta que o estado de conservação dos trilhos que ligam as duas cidades não atendem plenamente as condições de operação de passageiros.
Durante uma audiência pública no Congresso Nacional, o engenheiro técnico da CBTU, André Jóia pontuou que pode ser necessário uma composição do metrô com a estação terminal na Rodoferroviária. “Notamos que há um ponto de cruzamento entre as linhas do VLT e do Metrô-DF. Pela capacidade de transporte, estamos propondo no estudo de operação uma composição de 1,2 mil passageiros em dois VLTs acoplados”, disse.
60 km e 92 minutos de percurso
O VLT pode atingir velocidade máxima de 80 km/h e uma média de 40 km/h. O tempo de parada nas estações seria de 0,5 minutos e o horário de operação das 5h20 às 21h. O percurso total duraria 92 minutos, com headway (intervalo) no horário de pico de 35 minutos entre cada VLT.
O estudo da CBTU elenca que a capacidade máxima de pessoas, por hora, é de 2.240, sendo possível a capacidade total, por dia, de 24.640 passageiros. Serão 22 viagens por dia, sendo 14 no horário de pico e 8 durante o dia.
A tarifa do VLT seria de R$ 6. De acordo com a CBTU, os maiores custos seriam a compra dos trens, já que existe uma estrutura pré-existente nos locais.
FONTE: JORNAL OPÇÃO