Operação Escola de Papel bloqueia bens e derruba sites de rede cibernética que vendia documentos falsificados, incluindo diplomas em medicina; caso de Perolândia revelou a falta de controle sobre a emissão de documentos – Fotomontagem com imagens do CyberGAECO / MPGO
Uma denúncia originada em Perolândia, no sudoeste goiano, levou o Ministério Público de Goiás (MPGO) a deflagrar, na terça-feira (21), a Operação Escola de Papel, que desarticulou uma organização criminosa especializada na venda de carteiras de estudantes e diplomas falsificados para pessoas de todo o Brasil. O esquema operava a partir de sites e gerava documentos com informações ideologicamente falsas, incluindo certificados em áreas como medicina, o que ampliou a gravidade do caso.
Mandados de prisão e busca
As investigações começaram após servidores públicos de Perolândia apresentarem diplomas para requerer uma gratificação de 30% por qualificação profissional. Contudo, os documentos — emitidos por uma mesma instituição localizada a mais de 1.000 km da cidade — levantaram suspeitas.
Uma análise detalhada revelou a operação de uma rede cibernética que, através de dois sites principais, comercializava os falsos certificados com informações ajustadas à conveniência dos compradores, como carga horária e área de formação.
Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e oito mandados de busca e apreensão em São Lourenço, Minas Gerais. Além disso, a 1ª Vara das Garantias de Goiânia determinou o bloqueio de bens e contas bancárias dos investigados, somando R$ 17,3 milhões para cada um dos acusados.
Técnicas inéditas usadas na investigação
Entre as medidas judiciais inéditas adotadas durante a apuração, destaca-se a coleta automatizada de dados em servidores virtuais, conhecida como busca e apreensão cibernética. Essa técnica permitiu ao CyberGaeco do MPGO identificar e reunir provas contra a organização criminosa.
Outras medidas envolveram a desindexação de instituições fraudulentas de buscadores, a derrubada de seis sites e a suspensão de perfis em redes sociais usados para a promoção do esquema.
A investigação também contou com a infiltração virtual, aplicada pela primeira vez em operações do MPGO. Essa estratégia possibilitou o monitoramento direto das atividades dos suspeitos no ambiente digital e foi crucial para o sucesso da operação.
O grupo vendia não apenas diplomas falsos em áreas sensíveis como medicina, mas também carteiras de estudantes, utilizadas por muitos para obter descontos e benefícios indevidos. Os valores cobrados variavam de acordo com o tipo de documento e a personalização desejada pelo comprador.
No total, 49 agentes participaram da Operação Escola de Papel, incluindo promotores de Justiça, servidores públicos e policiais militares de Goiás e Minas Gerais. O material apreendido agora será analisado, e o MPGO já trabalha na elaboração da denúncia formal contra os investigados.
Caso de Perolândia
O caso de Perolândia revelou um problema mais amplo: a falta de controle sobre a emissão de documentos educacionais e o risco que a falsificação representa para setores como saúde, onde qualificações são cruciais. Segundo o MPGO, a destruição da rede impede que outros diplomas falsos sejam utilizados e serve como alerta para outras regiões do país.