A produção industrial cresceu 0,3%, em maio, na comparação com o mês anterior, quando recuou 0,6%, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta terça-feira (4/7), na série com ajuste sazonal.
O resultado foi melhor do que o esperado pelo mercado, cujo consenso esperava variação nula (de 0,0%). No entanto, a indústria ainda está 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia (de fevereiro de 2020), assim como 17 das 25 atividades pesquisadas pelo IBGE. Os segmentos com os maiores percentuais negativos em comparação ao período pré-pandemia, foram os de Máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-22%), de Confecção de artigos do vestuário e acessórios (-24,7%), e Móveis (-28,6%).
Em comparação com o mesmo mês de 2022, na série sem ajuste da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), a indústria cresceu 1,9%. No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, recuou 0,4% e, em 12 meses até maio, a variação foi nula (0,0%). A média móvel trimestral foi de 0,3%, segundo o instituto subordinado ao Ministério do Planejamento e Orçamento.
De acordo com o IBGE, houve disseminação de taxas positivas, alcançando três das quatro grandes categorias econômicas e 19 dos 25 ramos industriais pesquisados. Além de continuar abaixo do patamar pré-pandemia, a indústria ainda está 18,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.
As atividades com influência positiva nos dados da PIM foram no setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (com alta de 7,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (7,4%) e máquinas e equipamentos (12,3%). A primeira atividade registrou o quarto mês consecutivo de expansão na produção, período em que acumulou ganho de 15%, dado considerado uma surpresa por analistas.
A segunda atividade listada voltou a crescer após acumular perda de 2,6% nos dois meses anteriores, mesmo antes da política de estímulo do governo para a compra de veículos “populares” de até R$ 120 mil. E, a terceira, eliminando parte do recuo de 11,7% registrado no mês anterior. Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de indústrias extrativas (1,2%), de produtos de metal (6,1%), de outros equipamentos de transporte (10,2%), de metalurgia (2,1%), de produtos diversos (6,6%) e de couro, artigos para viagem e calçados (4,9%).
Por outro lado, entre as seis atividades que apontaram redução na produção, os destaques vieram dos setores de produtos alimentícios (-2,6%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,7%), que exerceram os principais impactos em maio de 2023.
Projeções pouco otimistas para o setor
As projeções do mercado para a produção da indústria nacional em 2023 não são muito otimistas. A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), por exemplo, prevê queda de 0,5% na produção industrial neste ano, “tendo como uma das principais causas o alto patamar da taxa de juros”.
Os economistas Marco Caruso e Igor Cadilhac, PicPay, novo banco dos clientes do Original, esperam crescimento, mas pequeno, e fazem alertas sobre os riscos ao longo do ano. “Olhando para 2023, projetamos uma alta de 0,2% da produção industrial brasileira. Entre as preocupações que colocam um viés baixista ainda estão, principalmente: i) economia global tem redução dos preços das commodities e menor crescimento, o que não favorece nossas exportações; e ii) juros altos e alto comprometimento de renda das famílias são ruins para consumo de bens de maior valor agregado e dependentes de crédito”, destacaram os analistas em comunicado aos clientes.
“Recentemente, temos observado que o quadro da indústria geral ainda é conturbado, mas que a isenção fiscal para produção de carros populares tem incentivado o setor”, acrescentou o relatório dos economistas do PicPay.
Fonte: Correios Braziliense