Crianças feridas e soterradas, um símbolo da guerra

O governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decretou a morte dos palestinos civis e inocentes que vivem na Faixa de Gaza com o aumento de bombardeios pesados na madrugada de hoje (28/10), a invasão terrestre de mais uma fatia do enclave e o corte geral das comunicações.
O que acontece ali não é uma guerra, mas um massacre. Não são dois exércitos em luta com o apoio dos seus respectivos povos, mas apenas um que ataca e mata indiscriminadamente a pretexto de punir o grupo radical Hamas, que se esconde em túneis por trás do povo que governa e que diz defender.
A Assembleia Geral da ONU pediu uma trégua humanitária que permita a entrada em Gaza de alimentos, água, remédios e combustíveis. O governo de Israel respondeu que o pedido não será atendido. São 2,3 milhões de palestinos expostos a bombas, a tiros, à fome e à sede, e à escuridão total quando chega a noite.
Os bombardeios já deixaram cerca de 45% de todas as casas da Faixa de Gaza danificadas ou destruídas, segundo um relatório da ONU. Um quinto das padarias apoiadas pela agência da ONU para os refugiados palestinos em Gaza foram bombardeadas. A ONU emitiu avisos de escassez “catastrófica” de alimentos.
As crianças de Gaza feridas embaixo de escombros e nos hospitais tornaram-se um símbolo da guerra. Elas têm sofrido violência sistemática há décadas. Pelo menos 1.434 crianças palestinas foram assassinadas, a maioria nas mãos das forças armadas israelenses, entre 2008 e 31 de agosto último, segundo a ONU.
Outros 1.679 menores sofreram algum tipo de mutilação entre 2019 e 2022. Desde 2000, 13 mil crianças palestinianas foram detidas, interrogadas, julgadas e presas. Muitas tiveram de receber tratamento médico durante sua detenção (1.598 na última década), o que sugere que sofreram alguma forma de maus-tratos.
Esses dados foram apresentados na terça-feira (24/10) à Assembleia Geral da ONU pela relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Ocupados da Palestina, a italiana Francesca Albanese. O relatório de Albanese não foi reconhecido pelo governo de Israel, que o desmentiu.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, afirmou que a ONU “já não tem qualquer legitimidade ou relevância”, e acusou os países que votaram a favor de uma “trégua humanitária” de defender “terroristas nazistas” ao invés de defender Israel:
“Esta resolução ridícula [da ONU] tem a audácia de pedir uma trégua. O objetivo desta resolução de trégua é que Israel deixe de se defender perante o Hamas, para que o Hamas possa incendiar-nos”.
O governo de extrema-direita de Netanyahu está na contramão de quase metade dos israelenses que querem adiar qualquer invasão de Gaza, segundo pesquisa publicada pelo jornal Maariv. Israel prometeu aniquilar o Hamas depois que foi invadido em 7 de outubro, mas não distingue entre combatentes e não combatentes.
Questionados se os militares deveriam escalar a guerra para uma ofensiva terrestre de grandes proporções, 29% dos entrevistados disseram que sim, enquanto 49% disseram que “seria melhor esperar”, e 22% se mostraram indecisos. Em 19 de outubro passado, 65% apoiaram a ofensiva de imediato.
Fonte: Metrópoles