Jovair Arantes tornou-se um dos principais responsáveis pela articulação política de Rogério Cruz
Rogério Cruz e Jovair Arantes no ato de nomeação do secretário de Governo (Foto: Divulgação/Prefeitura de Goiânia)
Responsável pela articulação política do prefeito de Goiânia Rogério Cruz (SDD) com a Câmara Municipal, o secretário de Governo, Jovair Arantes (Republicanos), acredita que o chefe do executivo municipal tem sofrido perseguição por parte de uma “elite política” e que não houve nenhum “trauma” na mudança partidária de Cruz: do Republicanos para o Solidariedade.
Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, Jovair sai em defesa do prefeito Rogério Cruz. Segundo ele, trata-se do prefeito que mais entregou obras em Goiânia e o eleitor – na campanha – vai perceber isso. Ex-deputado federal, ex-vice-prefeito da capital com trajetória política consolidada em Goiás, o secretário adota a tese que o eleitor só define o seu candidato no segundo semestre. Até lá, há margem para reverter qualquer cenário negativo.
O secretário também destaca que espera fidelidade de vereadores da base ao projeto de reeleição de prefeito Rogério Cruz e que não aceitará relações “promíscuas”, caso algum parlamentar opte por apoiar o projeto de reeleição de outro candidato ao Paço Municipal.
A entrevista, foi gravada nesta sexta-feira (26), horas antes do presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRB) e do vereador Thiallu Guiotti, que é presidente do Avante em Goiás, anunciarem adesão ao projeto do presidente da Federação da Indústria de Goiás (Fieg), Sandro Mabel. O acordo, entretanto, passa pela definição do vice.
Na entrevista ao Mais Goiás, Jovair também mostra confiança que o vereador Anselmo Pereira (MDB), não irá entregar a liderança de governo de Rogério Cruz na Câmara em um gesto de apoio ao atual chefe do executivo municipal. “Nós não queremos que ele saia da liderança em hipótese alguma porque ele é muito conectado e competente. Precisamos dele como líder do governo”, pontua.
Leia a íntegra da entrevista com Jovair Arantes
Domingos Ketelbey: O Paço pretende separar aqueles vereadores que defendem a gestão Rogério Cruz, daqueles que vão apoiar outros pré-candidatos à Prefeitura de Goiânia?
Jovair Arantes: É uma coisa natural. A política e democracia exige que tenhamos certa prudência e absoluto controle de um processo em ano eleitoral. Tanto o processo administrativo da gestão que o Rogério tanto preza, como a questão política. Nós não temos como separar isso e o Rogério não quer separar. Ele quer continuar com a gestão centralizada na entrega e até lançando obras em Goiânia. Ele está preocupado com a questão, por exemplo, do recolhimento do lixo. Isso agora dentro de 15 a 20 dias, vamos apresentar resultados em Goiânia. A cidade vai ter uma resposta muito positiva com essa questão de embelezamento da cidade. Nenhum de nós, goianienses, inclusive, o Rogério admite que a cidade fique suja mais.
Mas como se dará isso? A separação do apoio a gestão e da articulação política junto ao Paço?
Jovair Arantes: A gestão é isso: ficar de olho na eleição que o Rogério é pré-candidato à reeleição, pois define só em julho. A partir daí é eleição. Ele é prefeito no mandato e vai para a reeleição no mandato. Essa preocupação só quem tem é ele. Temos de pensar que a Câmara, da mesma forma que a Prefeitura, precisa ter governabilidade e gestão. O Romário tem feito essa gestão com muita maestria e competência lá e nós estamos fazendo de cá. Agora, os vereadores vão ficar de um lado ou do outro. Os que forem ficar do outro lado são nossos adversários a partir de agosto. Os que ficarem com o prefeito são nossos aliados, porque precisamos do trabalho deles, além dos votos agora na gestão para a questão eleitoral. As coisas se misturam, mas não pode ter promiscuidade na disputa.
A partir de agosto, o Paço fará o monitoramento daqueles que de fato prestam fidelidade ao prefeito?
Jovair Arantes: A partir de agora, nós estamos de olho. Estamos organizando e fazendo o que tem de fazer. As votações necessárias na Câmara estão acontecendo com um olhar atento da gestão. Nenhum vereador de sã consciência vota a favor ou contra um projeto só pela questão política do ano. A gestão da Prefeitura continua, com o Rogério ou sem o Rogério. É necessário ter o pé focado no futuro de Goiânia.
Qual o tamanho da base do prefeito Rogério Cruz na Câmara?
Jovair Arantes: Entre 20 e 25 vereadores estão na base hoje. Estarão todos apoiando o Rogério? Eu espero que sim, mesmo em partidos diferentes. Não é necessário o vereador pedir voto, mas a turma dele pode pedir. É uma manifestação individual. Ele não poderá estar num comitê, mas a turma dele pode fazer. Isso é algo da individualidade. É assim que acontece e tem acontecido na política pelos erros que no meu entendimento ainda existem na legislação eleitoral.
Como reverter a alta rejeição que o prefeito se encontra?
Jovair Arantes: A tal alta rejeição que você fala são de pessoas que se negam a discutir política no atual momento. Tem 70% de pessoas que ainda estão assim. Historicamente, o eleitor de Goiânia e eu posso falar com propriedade porque fui candidato a prefeito, vereador, deputado estadual, deputado federal e posso dizer que o eleitor goianiense define seu candidato entre julho e agosto. É a partir daí que há a definição. O objetivo e a clareza da ação que o prefeito tem posto na cidade sempre foram bastante assertivos.
E haverá tempo até lá de resolver os problemas para conseguir focar na reeleição?
Jovair Arantes: Ele nunca negou que houvesse problemas. Ele sempre assumiu de peito aberto. Ele é perseguido pela elite política da cidade de Goiânia que não admite que um cara que ‘veio de fora’ e teve dois mandatos de vereador. Olha só… Ele foi vereador por duas vezes e falam que ele veio de fora. Ele tem família, netos nascidos aqui, e o pessoal fala que ele veio de fora. Quantas pessoas que moram aqui não vieram de fora? Todos nós. O Rogério também veio de fora. Goiânia é bonita e é o que é porque vieram do Nordeste, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, todos os cantos do Brasil… Essa miscigenação em Goiânia é que faz a nossa cidade ser tão diferente e bela. A elite política é a mesma desde 30, 40 anos atrás. Agora, que o Rogério quebrou isso e nem foi ele, mas ao Maguito falecer por uma força do destino, o Rogério assumiu a prefeitura no começo da gestão e não deixou nada a desejar em relação aos prefeitos que passaram por aqui. Só asfalto recapeado são mais de 1000km feitos. É o pavimento mais arrumado do Brasil.
Então, o que se explica a alta rejeição? A elite política?
Jovair Arantes: Essa questão da rejeição se diz muito a essa elite mais politizada, que fala política a todo o tempo, até hoje você vê discussão de Lula e Bolsonaro. Não para um só minuto. A elite política que discute isso. O povão quer mesmo é obra e isso ele tá fazendo demais. O Rogério é tão goianiense que conhece Goiânia hoje mais que a maioria dos goianienses. Eu vim de Buriti Alegre, mas fui criado em Goiânia. Ele conhece Goiânia mais do que eu e a maioria dos candidatos. Todos os candidatos, você pode desafiar, que eles não conhecem; nosso Rogério Cruz conhece.
A troca do Republicanos pelo Solidariedade impacta de alguma forma o projeto?
Jovair Arantes: Absolutamente nenhum impacto. O partido político serve apenas como um instrumento de regularização no processo eleitoral. Você viu o tamanho da fidelidade partidária nessa janela eleitoral, né? Onde os 35 vereadores eleitos na última eleição estão filiados hoje? Mais da metade trocaram seus partidos. É uma questão que precisa ser revista, mas toda vez que se faz uma reforma política fica um pouco pior.
Não houve nenhum trauma no processo de mudança partidária?
Jovair Arantes: O Republicanos tá na base dele até hoje e o apoia. Ele não quis ser candidato pelo Republicanos por uma questão de acomodação partidária, para trazer mais partidos para apoiá-lo. Não há preocupação com isso. Temos nove partidos em nossa base e estamos fortes para consolidar isso no projeto de reeleição.
O que nós vimos foi um aviso do Republicanos de que a gestão era inviável. Não houve trauma durante o processo?
Jovair Arantes: Absolutamente nenhum. Eu estou no Republicanos até hoje. O Republicanos ocupa várias secretarias. Pastas importantes para a gestão. Nós ajudamos a formar a chapa do Republicanos que vai para a eleição em agosto. A questão da mudança partidária se deu para ampliar o leque de partidos políticos e que candidatos a vereadores pudessem estar chegando a esses partidos. Muitos esperaram essa definição justamente para se acomodarem na última janela.
O vereador Anselmo Pereira já sinalizou que vai entregar o cargo de líder do Governo na Câmara?
Jovair Arantes: O Anselmo é um dos grandes líderes e colaboradores desse governo. Ele tem um histórico de competência no trato da gestão. Ele conhece toda a Câmara e conhece a gestão municipal. Estando na liderança ou não, ele é um grande colaborador. Nós não queremos que ele saia da liderança em hipótese alguma porque ele é muito conectado e competente. Precisamos dele como líder do governo. Não é atoa que ele tem 11 mandatos de vereador em Goiânia porque é um cara que sabe conectar com a sociedade.
Ancelmo está no MDB e o MDB, aparentemente, sinaliza apoiar o candidato indicado pelo governador Ronaldo Caiado. Isso não seria um problema?
Claro que ele não vai apoiar candidato da base, se ele estiver como líder do governo. Ele é amigo pessoal do Rogério e também dos outros candidatos. Todos nós nos conhecemos. A gente é amigo de todo o mundo. Eu fui vice do Darci e posso me considerar um tio da Adriana. A Conceição Gayer, mãe do Gustavo Gayer, foi minha amiga e colega de parlamento. Todos nós nos conhecemos. Não é pela amizade que a partir de agosto vai mudar alguma coisa. O Anselmo continua amigo do Sandro, como eu sou muito amigo dele. A questão política é em relação às administrações públicas. Às vezes até tem uma rusga, mas depois volta a caminhar juntos.