Lanchonetes em hospitais lucram mais do que em shoppings

28 de Junho de 2023

Com concorrência reduzida e baixos custos de operação, franquias de alimentos apostam nas instituições de saúde

Uma franquia de alimentação tende a ser mais lucrativa dentro de um hospital do que de um shopping. Isso porque falta no primeiro o que sobra no segundo: custos e concorrência.

O acompanhante de um paciente, por exemplo, não costuma procurar a lanchonete mais barata nas redondezas. Ao ficar com fome, vai direto à cantina do local.

As 26 lojas da Casa do Pão de Queijo em instituições de saúde, apesar de representarem 20% das unidades da rede, somam 30% do faturamento. Elas estão nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Sergipe e Paraná.

Situação parecida ocorre com as marcas Rei do Mate e Grão Espresso. Na primeira, as 22 lojas em hospitais equivalem a 7% do total de pontos de venda e somam 10% do faturamento. Elas ficam em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Roraima, Maranhão e Bahia. Na segunda, as 18 unidades em clínicas, laboratórios e hospitais, todas em São Paulo ou no Rio, correspondem a 11% do total e 30% do lucro.

“Em um hospital, a concorrência é muito menor, porque o local costuma ter no máximo duas cafeterias”, afirma Taciana Beatriz Couto, CEO do grupo Zmais, dono da Grão Espresso. A empresa quer abrir mais oito lojas em instituições de saúde até o fim do ano.

A Rei do Mate também pretende expandir seus negócios no setor: a ideia é que a companhia feche 2023 com 30 operações em hospitais. Já a Casa do Pão de Queijo planeja ter 50 até dezembro. .

Além de vantajosa para as franqueadoras, a conta é melhor para o franqueado. O dono de um ponto da Casa do Pão de Queijo em um hospital, por exemplo, precisa em média de 24 meses para repor o investimento inicial de R$ 300 mil. Já o de uma unidade em um shopping necessita de 36 meses, segundo a própria rede.

Em São Luís (MA), o engenheiro Leonardo Almendra, 48, opera uma franquia da Rei do Mate no hospital São Domingos há um ano. Ele conta que os ganhos já cobriram os gastos iniciais. O período foi ainda menor do que o padrão, porque ele mesmo preferiu fazer a obra da estrutura, além de optar por não receber salário.

Ele não quis divulgar seu lucro mensal, mas segundo a Rei do Mate a lucratividade média de pontos de venda em hospitais gira em torno de 15% do faturamento. Agora, Leonardo está construindo uma segunda unidade no local, um quiosque próximo às alas de cirurgia e UTI.

A relação entre franqueado e estabelecimento é outra diferença entre operações em shoppings e hospitais. No segundo, as lojas atuam mais como prestadoras de serviço do que inquilinas.

Exemplo disso é a maior variedade de pratos nas instituições de saúde, onde as pessoas tendem a ficar mais tempo.

“Quando entramos nesse segmento, os hospitais demandaram que tivéssemos um cardápio mais completo”, diz Ricardo Bertucci, diretor de expansão da Casa Do Pão De Queijo.

Nesses locais, a marca vende estrogonofe, feijoada light, massa, tilápia e polpetone. Já a Rei do Mate oferece lasanhas, escondidinhos e canelones. Nas duas redes, as refeições custam cerca de R$ 30. Os hospitais exigem que os funcionários das franquias se adequem a normas de higiene e sigam orientações para a conservação dos alimentos.

Há três formatos de contrato entre marcas e hospitais: aluguel, repasse de porcentagem das vendas e operação gratuita em troca de fornecimento de produtos para funcionários.

Os dois primeiros são os mais comuns. Na maioria das vezes, a porcentagem varia de 6% a 10%. “Não pode ser um aluguel que faça com que aumentemos o preço. Tem que ser uma conta justa, porque, se a lanchonete for cara, afeta a avaliação do cliente sobre o hospital”, diz Antonio Carlos Nasraui, presidente da Rei do Mate. Em geral, os valores dos produtos são os mesmos em shoppings e centros de saúde.

Fernanda Ladeia, franqueada da Grão Espresso em três laboratórios Delboni em São Paulo, trabalha com o terceiro formato. A loja fornece lanche, suco e café aos clientes após exames e, em troca, ganha o direito de comercializar no local. A franquia não arca com luz nem água.

Fernanda também tem uma unidade no shopping Bourbon, na capital paulista. Ela conta que seus ganhos na unidade Tatuapé do laboratório são mais altos. “Nos dois lugares a receita é pouco mais de R$ 100 mil por mês, mas no shopping eu pago R$ 24 mil de aluguel. Mesmo tendo mais funcionários no laboratório, o lucro é muito maior.”

Mas nem todos estão aptos a ter uma franquia em uma instituição de saúde. Bertucci, da Casa do Pão de Queijo, diz que a empresa escolhe só franqueados profissionais para atuar no setor. “Temos seis lojas na Rede D’or, por exemplo. Não posso colocar um recém-entrante no sistema, sob risco de contaminar a relação com o grupo.”

Essa filtragem também acontece na Grão Espresso e na Rei do Mate. “Os grandes hospitais têm certificações internacionais, e a lanchonete passa por esse processo”, afirma Nasraui.

Fonte: Mais Goiás

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