Primeiro turno foi marcado por surpresa, com Sergio Massa, o peronista candidato da coligação governista e atual ministro da Economia, com 9,6 milhões de votos, deixando para trás, em segundo, Javier Milei, o populista radical de direita que saiu vitorioso das prévias de agosto.
Um ministro da Fazenda em um país com inflação de quase 140% ou um economista outsider? Este é o cenário das eleições na Argentina para o “próximo round”, previsto para o dia 19 de novembro.
O primeiro turno foi marcado por surpresa, com Sergio Massa, o peronista candidato da coligação governista e atual ministro da Economia, em primeiro lugar, deixando para trás, em segundo, o populista radical de direita Javier Milei, fenômeno desta campanha eleitoral e vitorioso das prévias de agosto.
Para Brian Winter, editor-chefe da revista “Americas Quartely” e analista de política latino-americana há 20 anos, a eleição na Argentina ficou “esquisita”, nas suas palavras, e difícil de entender.
“É uma eleição estranha. Agora vai ser um segundo turno entre um ministro de Fazenda com inflação de 140% e um economista outsider meio bolsonarista, que só ocupou uma vaga no Congresso por poucos anos”, disse ele em entrevista ao podcast O Assunto desta terça-feira (24).
“Então, numa eleição que, em teoria, era uma eleição de mudança, num país em crise, agora passou a ser algo muito esquisito, difícil de entender.”
A inflação na Argentina chegou a 138,3% ao ano em setembro, mês em que os preços subiram 12,7%, informou, segundo o divulgado em 12 de outubro pelo Instituto Nacional de Estatísticas.
A apuração dos votos deste domingo (22) chegou a 98,51%. O resultado da votação dos dois candidatos mais bem colocados no primeiro turno foi:
Sergio Massa, com 9,6 milhões de votos, ou 36,68% do total
Javier Milei, com 7,8 milhões de votos, ou 29,98% do total
Apesar do segundo lugar, Brian afirma ser prematuro dizer que Massa já ganhou.
“O Milei vai crescer. Ele vai ganhar votos da candidata que acabou na terceira posição, de centro direita, a Patricia Bullrich. Só que o problema é que ele precisa ganhar quase a totalidade desses votos para ser presidente e já tem sinais de racha nesse movimento macrista, nesse movimento que se chama ‘Juntos por el Cambio’, que é de centro-direita, basicamente porque tem uma porção, uma parte desse movimento que acha que as ideias do Milei são loucas e que questiona fortemente a governabilidade que o Milei poderia ter.”
Batalha de rejeições
Também em entrevista ao episódio, Maurício Moura, economista e professor da Universidade George Washington (EUA), explica o que faz a eleição na Argentina ser clássica batalha de rejeições.
“A gente tem, na Argentina, para quem acompanha eleições a nível global, que é uma batalha de rejeições. De um lado, a rejeição ao governo, claramente colocado em rejeição à gestão da economia. E, de outro lado, a gestão de uma figura política com algumas ideias radicais, uma figura que não foi testada ainda.”
“E, obviamente, do lado do Massa ele vai tentar fazer com que a eleição seja sobre essas ideias radicais, essa figura polêmica que é o Milei. E o Milei vai tentar fazer com que a eleição seja um plebiscito sobre o governo kirchnerista, o governo que o Massa faz parte.”
Fonte: G1