Mulher de Diego Dirísio tem papel decisivo em esquema de tráfico internacional de armas, aponta investigação

A mulher do argentino Diego Hernan Dirísio, considerado pela Polícia Federal como o maior contrabandista de armas da América do Sul, é apontada pela investigação como parte importante do esquema criminoso. Segundo a polícia, Julieta Vanessa Nardi Aranda, nascida em Assunção, no Paraguai, é vice-presidente da International Auto Suply – IAS, empresa do casal que encabeça o esquema criminoso do tráfico internacional de armas.


Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Além de Diego Dirísio, apelidado de Senhor das Armas no Paraguai, Julieta é considerada agora foragida. Ele é alvo da operação da Polícia Federal deflagrada nesta terça-feira (5). Dirísio comprava armas fabricadas em países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia, para revender a criminosos brasileiros. (Veja no infográfico abaixo)

Entenda o caminho realizado para o contrabando de 43 mil armas entregues às facções brasileiras — Foto: Arte g1

Entenda o caminho realizado para o contrabando de 43 mil armas entregues às facções brasileiras — Foto: Arte g1

Na decisão judicial que autorizou a operação policial internacional deflagrada nesta terça-feira (5), há um capítulo chamado “NÚCLEO CENTRAL DA ORCRIM” (Organização Criminosa).

Julieta é tratada com grande destaque:

  • “As investigações revelaram que Julieta Nardi possui as seguintes tarefas na ORCRIM: auxiliar Diego Dirísio nas negociações com os fabricantes de armas;
  • defender os interesses da IAS nos assuntos que envolvem os registros de compra e vendas de armas junto à DIMABEL (órgão militar de controle de armas no Paraguai);
  • acompanhar os pagamentos realizados pela IAS-PY aos fabricantes de armamentos;
  • movimentar as redes sociais; e monitorar as apreensões de armas no Brasil.”
Julieta Vanessa Nardi Aranda, mulher de Diego Dirísio — Foto: Polícia Federal

Julieta Vanessa Nardi Aranda, mulher de Diego Dirísio — Foto: Polícia Federal

Outro trecho reproduzido de relatório da PF afirma:

Julieta Vanessa Nardi Aranda importa grande quantidade de armas da Europa e as revende no mercado ilícito, especialmente para grupos criminosos sediados em Ciudad Del Este/PY (núcleo intermediários), para abastecimento de facções criminosas brasileiras. Através do afastamento de sigilo de dados de Julieta, foi possível visualizar as mensagens e imagens trocadas entre Julieta e Dirísio. Observa-se que Julieta participa ativamente das tratativas para aquisição das armas, inclusive, contatando os fornecedores.”

O trabalho policial vai além e faz menção a situações específicas nas negociações milionárias envolvendo armamento pesado:

“Além de negociar armas, Julieta acompanha a etapa do pagamento dos fabricantes bélicos, que não é feita de forma lícita. Inclusive, ao que tudo indica, Julieta acompanhou o processo de transferência de dinheiro para a Croácia e as dificuldades que Dirísio enfrentou para encontrar um doleiro que garantisse a transferência de valores e, assim, garantir a continuidade do empreendimento.”

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

A decisão judicial também reproduz uma situação específica que envolve o Brasil:

“Uma conversa em 28/05/2021 trata da apreensão de armas ocorrida em 26/05/2021 (portanto, dois dias antes) em Itapecerica da Serra/SP.

Na ocasião, foram apreendidos 6 fuzis da CzechSmall Arms, quatro fuzis da Luvo Arms, essas duas empresas da República Tcheca, e dois fuzis COLT. O diálogo deixa extremamente claro que Dirísio e Julieta tinham conhecimento de que as armas que eles importaram tinham como o destino o Brasil.

Nestes termos, considerando a posição de destaque na ORCRIM, a prisão preventiva de Diego Hernan Dirísio e Julieta Vanessa Nardi Aranda é necessária para proteção da ordem pública, aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal.”

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

A conclusão da justiça brasileira:

Com base em toda investigação policial, a justiça federal brasileira solicitou a Suprema Corte no Paraguai a expedição de mandados de prisão e de busca e apreensão contra o casal Diego Dirísio Julieta Nardi, para fins de extradição.

A Suprema Corte paraguaia concordou e expediu as ordens judiciais. Como eles não foram encontrados, os nomes de ambos já constam da difusão vermellha da Interpol, lista de procurados da polícia internacional.

Investigadores suspeitam que eles permanecem escondidos em território paraguaio.

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Um inquérito agora vai tentar decifrar se o casal obteve informação privilegiada no Paraguai para escapar da operação hoje.

A investigação começou em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia. As armas estavam com o número de série raspado, mas, por meio de perícia, a PF conseguiu obter as informações e avançar na investigação.

Neste período foram realizadas 67 apreensões que totalizam 659 armas apreendidas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará.

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Diego Dirisio e a mulher Julieta Vanessa Nardi Aranda — Foto: Polícia Federal

Fonte: G1

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