Em dois meses, segundo as investigações do Ministério Público, a célula gastou cerca de R$ 44 mil no Distrito Federal para preparar o plano
Muitos dos faccionados do Primeiro Comando da Capital (PCC) arregimentados para colocar em prática o plano de sequestrar e matar servidores públicos e autoridades, incluindo o ex-juiz e senador Sergio Moro (União Brasil/PR) e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), ainda não foram devidamente identificados e continuam soltos. Um deles, por exemplo, é conhecido apenas como “Neymar”.
Ao todo, cinco integrantes da chamada Sintonia restrita — célula que trata de assuntos extremamente sigilosos e relevantes para a cúpula da facção, formada por membros de extrema confiança do comando e com elevado poder decisório — participaram do plano, dois deles ainda desconhecidos da polícia.
Janerson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, que atualmente está preso na Penitenciária Regional de Presidente Venceslau, em São Paulo, escalou Sandro dos Santos Olímpio, o Cisão, e dois outros integrantes conhecidos como Felipe e Neymar. As autoridades ainda não conseguiram identificá-lo por completo. Nem mesmo se sabe, ainda, se ele é, de fato, um xará ou apenas carrega a alcunha do craque da Seleção Brasileira.
Missão Brasília
O relatório de inteligência do Ministério Público de São Paulo (MPSP) descobriu que o grupo, incluindo “Neymar”, foi escalado para realizar uma “missão” na capital da República. Os faccionados deveriam levantar os endereços dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Anotações sobre a prestação de contas do PCC no DF mostram que, em maio, junho e julho de 2023, o braço da facção criado para a “missão em Brasília” gastou R$ 2,5 mil por mês com aluguel na capital federal. O imóvel seria utilizado como base de apoio. O bando teria gastado, ainda, cerca de R$ 4 mil com transportes por aplicativo utilizado por 15 dias para “correr atrás de terreno para compra”.
Em dois meses, segundo as investigações do Ministério Público, a célula desembolsou cerca de R$ 44 mil para a compra de “aparelhos celulares, aluguel de imóvel, transporte, seguro, IPTU, alimentação, hospedagem, mobília do imóvel, compra de eletroeletrônicos, etc”.
A operação
Em megaoperação deflagrada no dia 22 de março deste ano, a Polícia Federal foi às ruas para prender integrantes do PCC. Os criminosos, segundo as investigações, pretendiam sequestrar e matar o senador Sergio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya.
Cerca de 120 policiais federais cumpriam 24 mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva e quatro de prisão temporária em cinco unidades da Federação: Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Além de Moro, criminosos pretendiam matar a mulher dele, Rosangela, e os filhos do casal.
Os planos de ataque foram descobertos pelo Ministério Público de São Paulo, que compartilhou as informações com a Polícia Federal. De acordo com as investigações, o sequestro e a morte de Moro e de outras autoridades seriam feitos para obter dinheiro e conseguir o resgate de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.
Fonte: Metrópoles