Novos impostos no governo Lula aumentam debates sobre carga tributária no Brasil

Para o contador Geazi Ezequiel de Souza, grande parte dessas mudanças afeta diretamente quem vive de salário

Lula. | Foto: Planalto

Desde que voltou ao Palácio do Planalto, em janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu sua gestão ser marcada por um tema delicado: a carga tributária. Segundo especialistas, já são pelo menos 25 novos tributos, taxas ou contribuições criados ou ampliados neste período, o que acendeu o alerta entre empresários e trabalhadores.

Segundo o contador Geazi Ezequiel de Souza, grande parte dessas mudanças impacta diretamente quem depende de salário. “Quando o governo cria novos tributos, o empresário até tenta absorver o custo, mas inevitavelmente repassa para o consumidor final. No crédito, o aumento do IOF — que saiu de 0,38% para 3,5% em alguns casos — encarece empréstimos. Ou seja, é o trabalhador quem paga essa conta”, explicou ao Jornal Opção.

Ele lembra que, com a taxa Selic elevada, o impacto se multiplica. “Se o empresário precisa pegar crédito para pagar a folha ou investir, vai repassar os juros embutidos nos preços. No fim, o efeito chega ao consumidor”, completou.

A economista Greice Guerra Fernandes avalia que a estratégia do governo de expandir gastos e elevar tributos pode trazer efeitos colaterais. “O governo abandonou o teto de gastos e passou a apostar em um arcabouço baseado em arrecadação. O problema é que a arrecadação é incerta. Quando o déficit aumenta, a inflação sobe e, para contê-la, os juros também sobem. O trabalhador pode ganhar isenção no IR de um lado, mas perde no supermercado e no crédito de outro”, disse em entrevista ao Jornal Opção.

Reforma tributária

O governo defende que a reforma tributária aprovada em 2023, ainda em implementação, trará simplificação e mais justiça ao sistema até 2030. A promessa é de menos impostos sobre consumo e mais sobre renda.

Para Greice, a mudança é positiva, mas precisa vir acompanhada de ajustes no IRPF. “A tabela do Imposto de Renda segue congelada e continua punindo a classe média. A reforma pode até criar um sistema mais justo no longo prazo, mas sem corrigir a tabela, o alívio não chega a todos”, pontuou.

Enquanto o governo argumenta que as medidas são necessárias para manter o equilíbrio das contas públicas e financiar programas sociais, a oposição acusa Lula de promover um “ajuste pelo bolso da população”.

Na prática, os especialistas concordam que o Brasil já é um dos países de maior carga tributária do mundo em relação à qualidade dos serviços públicos prestados. “O problema não é só pagar imposto, é pagar muito e não ter retorno. Isso aumenta a sensação de injustiça fiscal”, resume Geazi.

FONTE : JORNAL OPÇÃO

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