O hacker não mudou a história do país coisa nenhuma. Ele a recolocou nos trilhos da corrupção, do patrimonialismo e do cinismo.
A história brasileira dos últimos 4 anos encontra a sua síntese na figura do hacker Walter Delgatti Neto. Depois de roubar as mensagens do então procurador Deltan Dallagnol, em 2019, ele está enrolado com a deputada Carla Zambelli na história da invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça, para a inserção de um mandado de prisão fajuto contra Alexandre de Moraes no Banco Nacional de Mandados de Prisão.
Walter Delgatti Neto está longe de ser um ladrão de galinhas, mas vinha sendo tratado como tal. Ele deveria estar preso, mas estava em liberdade, cometendo outros crimes, beneficiado por um sistema de justiça criminal que estimula a impunidade de gente poderosa ou a de quem a beneficia.
O elemento produziu provas ilícitas contra a Lava Jato, mas a Justiça fez uso delas como “reforço argumentativo” para declarar a suspeição do juiz Sergio Moro e libertar Lula, além de permitir que fossem utilizadas para livrar a cara de outros condenados na operação.
Walter Delgatti Neto é um delinquente, mas foi tratado pela esquerda como “o hacker que mudou a história do Brasil” e contratado pela direita bolsonarista para continuar a “mudar a história do Brasil”, só que na direção contrária.
Aliás, abro parêntese, se o hacker recebeu pagamentos de Carla Zambelli para cometer crimes, ele roubou as mensagens de Deltan Dallagnol movido apenas por patriotismo e um sentimento de indignação com os métodos da Lava Jato? Fecho parêntese.
O hacker Walter Delgatti Neto não mudou nem mudaria a história brasileira coisa nenhuma. Conversa para o gado de ambos os lados dormir. O meliante foi instrumento para recolocá-la de vez nos trilhos da corrupção, do patrimonialismo e do cinismo, de onde ela havia descarrilado. Síntese.
Fonte: Metrópoles