No exame de 2023, a temática abordada foi de extrema relevância para a sociedade brasileira: os desafios enfrentados no combate à invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua 2022, conduzida pelo IBGE, as mulheres dedicam em média 21,3 horas semanais a afazeres domésticos e ao cuidado de pessoas, enquanto os homens dedicam 11,7 horas. Este desequilíbrio aponta para uma questão de gênero enraizada em nossa sociedade.
A socióloga Laís Abramo, secretária nacional de Cuidados e Família, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), ressalta que essa distribuição desigual de responsabilidades está associada à organização social das tarefas de gênero. “Existe uma naturalização de que a responsabilidade pelo cuidado das pessoas recai sobre as mulheres”, enfatiza. Esta perspectiva, muitas vezes implícita, perpetua um ciclo de desigualdade que demanda ações concretas para sua desconstrução.
Para enfrentar esse cenário, a expectativa de Laís Abramo é que, em maio do próximo ano, o governo federal apresente propostas para um marco normativo que efetivamente reconheça o direito ao cuidado e os direitos daqueles que cuidam. Além disso, a intenção é fomentar a ampliação das políticas públicas já existentes e, eventualmente, a criação de novos direitos.
Fonte: O Hoje