Pesquisa da UFJF afirma que ‘lembranças de vidas passadas’ podem afetar saúde mental

Pesquisa da UFJF revela informações impressionantes

Foto: FreePik

Uma pesquisa da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) revelou que pessoas que relatam ter memórias de vidas passadas apresentam índices significativamente maiores de ansiedade, depressão e transtornos mentais comuns, afetando assim a saúde mental. O estudo foi publicado no The International Journal for the Psychology of Religion, uma das principais referências internacionais em religião e psicologia.

De acordo com os dados, 46% dos entrevistados apresentavam sintomas relacionados a algum transtorno mental, índice muito superior à média da população brasileira. Para comparação, estudos nacionais apontam que 27% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica e 13% de depressão.

Estudo aponta altos índices de estresse pós-traumático em pessoas com memórias de vidas passadas

O levantamento também identificou que um em cada quatro participantes demonstrava sinais de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), como pensamentos intrusivos e lembranças recorrentes de situações traumáticas. Para efeito de contraste, em regiões de alta violência como o Rio de Janeiro, esse índice costuma ficar em torno de 3,5%, segundo a UFRJ.

Outro dado chama atenção: 70% dos entrevistados relataram ter desenvolvido fobias inexplicáveis ainda na infância. Muitos associaram esses medos a possíveis experiências de outras existências. Além disso, o perfil predominante dos entrevistados mostra que 79% eram mulheres, 68% tinham ensino superior e 54,5% se declararam espíritas. A maior parte das memórias (82%) surgiu de forma espontânea, geralmente por volta dos 20 anos de idade, e não por meio de terapias de regressão ou hipnose.

Objetivo da pesquisa não foi provar reencarnação, mas entender efeitos na saúde mental

O estudo foi conduzido pelo Nupes (Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde), ligado à Faculdade de Medicina da UFJF, que desde 2007 investiga a relação entre espiritualidade e saúde. A pesquisa serviu como tese de doutorado da psicóloga e pesquisadora Sandra Maciel de Carvalho, sob orientação do psiquiatra Alexander Moreira-Almeida. Segundo Carvalho, o objetivo não era comprovar a reencarnação, mas avaliar o impacto psicológico dessas experiências.

Ela destaca que “quase sempre as memórias relatadas envolvem sofrimento, violência, traições e perdas, o que causa impacto real na vida atual dessas pessoas”. O orientador Moreira-Almeida reforça que não há uma explicação única para o fenômeno: “Essas lembranças podem ser um mecanismo de defesa psicológica, uma forma de dar sentido ao sofrimento”.

Além do peso emocional, a pesquisa mostrou que a religiosidade e a espiritualidade funcionam como fatores de proteção, reduzindo os efeitos negativos das memórias sobre a saúde mental.

Relatos pessoais revelam memórias de guerra, violência e traumas antigos

Entre os relatos individuais, está o da urbanista Camila Ledesma, 40 anos, que descreveu visões vívidas de uma vida anterior como enfermeira em meio à guerra. Já outra participante relatou pânico desde a infância sempre que ouvia o barulho de aviões, acreditando que se tratava de lembranças de outra existência.

Especialistas como a psiquiatra Tânia Alves Ferraz, do Instituto de Psiquiatria da USP, ponderam que a memória humana é constantemente reconstruída e pode misturar fatos reais com influências externas. “O mais importante, porém, é dimensionar o impacto emocional que essas lembranças trazem, sejam elas factuais ou não”, ressalta.

FONTE : MAIS GOIAS

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