Qualidade das águas termais da Chapada dos Veadeiros é uma das melhores do mundo, conclui UNB

Pesquisas iniciadas em 2016 na Chapada dos Veadeiros, onde haviam nascentes de águas quentes, comprovaram no final do ano passado, que o mineral é um dos melhores do mundo. Segundo estudo da Universidade Brasília (UNB) e Universidade Federal de Goiás (UFG), cita que o fenômeno trata-se um enclave (Falha Geológica São Joaquim) com três grandes jazidas de águas termais, com idades antigas, que passaram a ser chamadas de “águas diluvianas”, com características hidroquímicas e temperaturas que variam entre 28º e 42ºC.

Mas, o que chamou a atenção dos pesquisadores foram as qualidades únicas das águas para a saúde.  Sobre a qualidade da água, o idealizador dos estudos e detentor dos direitos de exploração do minério, Uarian Ferreira, sócio da Hanuman Minas Ltda, elenca uma gama de iniciativas sustentáveis para o local.

“Deverão favorecer a instalação das mais diversas cadeias de negócios e empreendimentos na Chapada dos Veadeiros, desde a balneária terapêutica, passando por estações da medicina termalista clássica, de bem estar e integrativa aprovada pelo SUS [Sistema Único de Saúde], até a industrial de envase mineral, dermocosmética, produção de sucos naturais, cervejas artesanais, dentre inúmeras outras utilizações, com a geração de empregos, rendas e receitas que enriquecerão o tecido social”, frisou.

Em julho do ano passado, uma equipe do Jornal Opção visitou um dos poços perfurados. Com 108 metros de profundidade, ele está situado no município de Niquelândia e recebeu o nome de “Fonte Hanuman”. “Hanuman é o herói do épico Ramayana que removeu uma montanha por milhares de quilômetros para levar aos médicos a planta curativa de um enfermo. No hinduísmo é cultuado como a deidade das curas impossíveis”, explica Uarian, pela escolha do nome.

Com a conclusão dos estudos, na semana passada, Uarian recebeu um grupo de representantes de produção de cosméticos de Alto Paraíso de Goiás. “Vejo a descoberta das águas termais Hanuman como um presente para toda Chapada dos Veadeiros. Não só pelo poder curativo que tem, mas também pelo potencial de impactar positivamente a realidade socioeconômica da comunidade local”, disse, Ana Luisa Perroni, pesquisadora de cosméticos naturais.

Integrante da comissão, a farmacêutica Ariane Trindade ressaltou o potencial dermocosmético e medicinal da água termal da região. “Comparado e até superior a outras águas minerais de marcas internacionais. A Chapada dos Veadeiros já é conhecida pela qualidade de seus cosméticos naturais e águas como essas, sendo utilizadas dentro de uma política de envolvimento com a região, com os produtores locais, podem trazer grandes benefícios para a região”, pontuou.

Exploração

Apenas o único poço 100% regularizado, localizado em Niquelândia, a vazão está estimada entre 180 e 220 metros cúbicos por hora, o que seria suficiente para abastecer um complexo de apartamentos digno de rivalizar com os empreendimentos de Caldas Novas. No local, foi edificada uma casa de proteção para a fonte, de acordo com Uarian, para atender “todas as exigências  da  ANM [Agência Nacional de Mineração], tanto   para   atender   à   exploração balneária, como de envase para a indústria farmacêutica, dermocosmética e de  sucos, refrescos e cervejas artesanais”.

Empreendedora da região, Karol Freire, visualiza a expansão das águas minerais além das atividades balneárias e uso farmacêuticos. “Essas águas podem também agregar valor aos sucos, refrescos e cervejas artesanais produzidos na Chapada dos Veadeiros. São inimagináveis os valores que essas águas poderão emprestar para o incremento do turismo na região“, aponta.

Embora projete atividades de explorações comerciais, Uarian Ferreira afirma ter preocupação com o meio ambiente e reforça ser contra o turismo de massa. “A Fonte Hanuman é um tesouro natural, e reconhecemos a importância de preservar seu ambiente único. Como parte fundamental de nossa proposta, buscamos parceiros que compartilhem nosso compromisso com os princípios ambientais, sociais e de governança (ESG). Isso inclui adotar práticas sustentáveis em toda a cadeia de serviços balneários, de produtos termais e sua distribuição, minimizando o impacto ambiental”, defende.

O professor de Direito Luiz Ferraz de Amorim Filho, que também voltou a visitar o local, recorda que desde 2018 acompanha o trabalho do titular da pesquisa das águas. “Tenho conhecimento de outras águas termais pelo mundo, mas nenhuma se compara à qualidade dessas. Essas águas possuem propriedades curativas, medicinais, você sente o poder e a força dela na pele, no organismo. É algo inexplicável… É uma dádiva pra humanidade essa jazida aqui na Chapada dos Veadeiros. Goiás tem uma riqueza incalculável com essas águas. Essas águas possuem propriedades que a ciência ainda não tem aparelhos para conferi-las nem detecta-las. Elas são espirituais”, opina.

Conflitos

A regularização para a exploração das águas termais provocou embate com proprietários de balneários na região. Ao menos três estabelecimentos que utilizavam o mineral sem autorização foram fechados pela ANM, por determinação do Ministério Público Federal (MPF). Recentemente, a Câmara Municipal de Colinas do Sul divulgou uma nota que defendia a abertura desses locais. Algumas audiências públicas para resolver o impasse foram realizadas na região, inclusive com participação do presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), deputado estadual Lineu Olímpio.

Dono de uma das estâncias, Dennis Mostacatto informou ao Jornal Opção que há um grupo de trabalho que tem tratado sobre o tema. “Ocorre que há controvérsias. Em audiência virtual de conciliação, realizada pelo Juízo Cível de Niquelândia, o minerador limitou-se a pedir que os superficiários autorizassem, gratuitamente, os trabalhos de pesquisa, mas não se dignou a formular qualquer proposta de pagamento de indenização e renda, conforme determina o Decreto Lei n. 227/67”, cita.

Por outro lado, a possibilidade de expandir a exploração das águas termais é comemorada por moradores da região. O professor Valdivino Felix lembra que no povoado próximo, chamado de Garimpinho, falta emprego e oportunidades, o que resultado no abandono da região por muitas famílias. Para ela, a instalação balneária termal na localidade, como o potencial de produção de cosméticos e produtos medicinais com as águas quentes da localidade, farão com esse e outros povoados sejam beneficiados também.

O guia turístico Elielson Ramos corrobora com esse pensamento. “O Garimpinho esvaziou nos últimos anos, tem só dez famílias, e mais de trinta domicílios desocupados. São Jorge não desapareceu porque existe o portal de entrada do PNCV [Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros]. Esperamos que o povoado do Garimpinho prospere novamente e as águas quentes do complexo também atraiam os turistas para o lado esquerdo do Tocantinzinho”, arrematou Elielson Ramos.

FONTE:JORNAL OPÇÃO

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