Rainha de bateria passa por tomografia para mostrar que não levava drogas no Aeroporto de Guarulhos: ‘Situação horrível’

A rainha de bateria da Acadêmicos de Realengo, Cíntia Barboza, foi impedida por agentes da Polícia Federal de embarcar para Benin, na África, por conta da suspeita de que estaria transportando drogas.

Ela teve a bagagem revistada duas vezes e foi obrigada a tirar a lace que usava no cabelo em uma revista pessoal no Aeroporto de Guarulhos. Cíntia destaca que, mesmo sem encontrarem nada, foi levada para um hospital e passou por uma tomografia para provar que não levava entorpecentes no sistema digestivo.

Segundo ela, depois de passar mais de seis horas sob investigação, perdeu o voo e não recebeu auxílio para ser alocada em outro voo para o país africano, que sairia no dia seguinte.

Cíntia conta que ficou mais de 24 horas no aeroporto e acabou perdendo um trabalho importante para o sustento da família e para a continuidade do próprio trabalho, já que usaria o dinheiro para pagar a sua fantasia do carnaval.

“Eu ia trabalhar para receber o recurso para fazer a minha fantasia. Agora eu não tenho mais como fazer. Eu não estou pedindo nada a ninguém. Eu sou mãe solteira, cuido do meu filho sozinha e, quando viajo, deixo com a minha mãe”, afirmou Cíntia.

A Polícia Federal afirma que Cíntia foi alvo de procedimento padrão e que foi liberada após verificação. A PF informou ainda que repudia qualquer tipo de tratamento discriminatório e que eventuais abusos serão apurados.

O grupo com o qual Cíntia viajaria saiu do Rio de Janeiro e pegou a ponte aérea para São Paulo. De lá, alguns viajariam para Benin. Ela foi abordada às 23h do dia 3 de janeiro na fila para o embarque do voo, previsto para decolar no início da madrugada do dia seguinte.

“Eu passei com meu passaporte e não estava passando, o de todo mundo passou. Mas o meu não passou”, disse a rainha de bateria.

Ela foi chamada para conversar com os policiais e deu explicações de que estava indo para um evento carnavalesco no exterior. Além de passista, Cíntia também é professora de educação física na rede municipal de ensino do Rio e trabalha como personal trainer.

Depois de um tempo, ela foi levada para uma sala, para passar por uma revista. Cíntia chegou a informar aos agentes que é irmã de um policial federal que atua no Rio de Janeiro.

“Entrei na salinha, já que ela [a policial] solicitou. Ela colocou a luva, a moça da esteira também entrou para me revistar. Até aí, beleza. Eu tirei meu tênis, a minha roupa, a minha lace. A mochila ela apalpou, cheirou. E eu disse: ‘Vocês estão procurando uma coisa que estão perdendo tempo’”, contou Cíntia.

Tomografia

A rainha de bateria conta que, mesmo assim, não foi liberada. O grupo que estava com ela, no entanto, foi autorizado a seguir viagem. Ela foi alocada em uma sala com outros homens, africanos, que também tinham sido parados pela Polícia Federal. Todos foram levados para o hospital e submetidos a uma tomografia.

“Quando deu 4h30, a delegada perguntou: ‘Vocês todos entendem português? Vocês vão precisar ir ao hospital para fazer exame’. Eu estava tão cansada que não entendi que era uma tomografia. Para mim era um exame de sangue. Fiquei esperando, até dar umas 5h. Eu estava com sede, com fome, não aguentava mais esperar”, destacou, dizendo que estava confusa e cansada.

O exame deu negativo e Cíntia foi deixada no aeroporto com as malas. Ao tentar remarcar a passagem para o dia seguinte, mas não conseguiu. Ela foi informada de que o voo não tinha vagas. E a passista perdeu o trabalho.

“Eles não podem me prejudicar, eles têm que fazer com que eu embarque”.

Cíntia conta que está procurando se informar sobre os direitos no caso. Ela teme a repercussão do caso entre os alunos.

“Sou professora da prefeitura, dou aula para crianças e idosos. Para mim, é complicado. Porque, no meu grupo de crianças, as mães estão recebendo mensagens. Para mim, é uma situação horrível. Mas eu não vou parar”, disse Cíntia.

FONTE:G1

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