Reformas microeconômicas do governo devem baratear crédito independentemente da Selic, dizem especialistas

Propostas do Ministério da Fazenda têm como foco os mercados de capitais e seguros; conforme maturarem, as discussões serão transformadas em políticas e enviadas ao Congresso

24/07/2023

O pacote de reformas microeconômicas apresentado pelo governo federal tem potencial para incentivar a competição no mercado de crédito e assim barateá-lo — independentemente do patamar da taxa Selic. É o que indicam especialistas consultados pela CNN.

As propostas apresentadas pelo Ministério da Fazenda na quinta-feira (20) têm como foco os mercados de capitais e seguros. São ao todo 17 medidas que serão debatidas com órgãos e entidades nos próximos meses. Conforme maturarem, as discussões serão transformadas em políticas e enviadas ao Congresso.

O secretário de Reformas Econômicas da Fazenda, Marcos Pinto, explicou na apresentação que um dos principais objetivos do pacote é fazer com que os mercados de seguro e previdência, bem como o de capitais, tenham mais condições de concorrer com bancos nos segmentos de crédito.

Professora de economia da ESPM, Cristina Helena de Mello explica que o mercado de crédito de fato está concentrado em instituições bancárias. Para a especialista, ampliar a competição é um caminho para reduzir o chamado “spread” (diferença entre os juros que os bancos cobram nos empréstimos e os que pagam nos investimentos).

“Isso implica em oportunidades de crédito mais baratas e independente de redução da taxa básica de juros”, diz a especialista. A Selic está em 13,75% ao ano desde 2022, mas há expectativa de que caia em agosto.

Visto que o pacote não traz projetos de lei, portarias ou qualquer medida prática, mas sim temas que serão debatidos a fim de criar estes textos, o economista-chefe da Ryo Asset, Gabriel de Barros, diz que ainda não é possível fazer uma “avaliação aprofundada”.

O especialista destaca, contudo, que os pontos divulgados “vão na direção correta”. Ele ainda destaca positivamente a tramitação do Marco de Garantias — que puxa a agenda de reformas microeconômicas neste primeiro semestre e está em fase final de tramitação no Congresso.

Mercado de seguros e capitais

Segundo o secretário Marcos Pinto, os mercados de seguros e previdência, assim como o de capitais — que captam a poupança popular e a direcionam a outros investimentos — apresentam “uma série de oportunidades para aumentar o volume de recursos voltados aos empreendimentos produtivos”.

Em países desenvolvidos, o mercado de seguros e previdência é proporcionalmente mais representativo em termos de investimento e crédito que no brasileiro, segundo Pinto. Os especialistas consultados pela CNN reiteram que há “espaço” para a expansão deste segmento no Brasil.

Fonte: CNN

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