RJ teve uma pessoa negra morta por intervenção policial a cada 8 horas e 24 minutos ano passado, diz estudo

De acordo com o levantamento, que teve 1.330 casos monitorados, o Rio de Janeiro é o segundo estado com mais mortes de pessoas negras no país por conta da violência policial. Em primeiro lugar está a Bahia.

Um estudo revela que uma pessoa negra morreu em decorrência de intervenção policial a cada 8 horas e 24 minutos no Estado do Rio de Janeiro no ano passado. O dado é da Rede de Observatórios, que divulga nesta quinta-feira (16) o boletim “Pele Alvo: a bala não erra o negro”, sobre o impacto da violência contra populações pretas.

De acordo com o estudo, que teve 1.330 casos monitorados, o RJ é o segundo estado com mais mortes de pessoas negras no país por conta da violência policial. Em primeiro lugar está a Bahia.

Em 40% dos casos as vítimas possuem entre 12 e 29 anos de idade.

Os dados de oito estados foram analisados. As informações foram obtidas junto às secretarias estaduais de segurança pública via Lei de Acesso à Informação (LAI). De 3.171 registros de morte com informação de raça declaradas, os negros somaram 87,35% dos mortos, ou 2.770 pessoas.

Além do Rio de Janeiro e da Bahia, as informações de Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí e São Paulo foram analisadas.

“O fato de 87% dos mortos em decorrência de intervenção do Estado serem negros é uma espécie de autoexplicação de uma realidade que se impõe às favelas e periferias e reafirma que no coração das políticas de confronto está assentado um racismo secular, profundo e determinado”, afirma Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios.

“Os números do Rio expressam uma política pública de segurança que só piora ano após ano. Não existem resultados efetivos do ponto de vista de segurança, e seguem exterminando jovens negros.”

Morto na ida ao barbeiro

A camareira Bianca Alves Limão, de 48 anos, é mãe de Ruan do Nascimento, de 27, jovem com deficiência intelectual, que foi morto quando estava indo ao barbeiro na Barreira do Vasco, na Zona Norte do Rio. Ela conta que policiais militares do 4º BPM (São Cristóvão) entraram atirando na Rua Ricardo Machado. Ruan foi alvejado por um tiro de fuzil.

Bianca destaca que “o pobre e negro na favela tem que pedir muito a Deus para não ser morto pela polícia”.

“Somos negros, pobres e moradores de comunidade. A polícia vem aqui e faz o que faz achando que todos nós somos bandidos, traficantes. Infelizmente, temos que aguentar e pedir a Deus para não ser morto pela polícia. O meu filho foi morto por quem deveria nos proteger. A polícia do RJ é despreparada. O meu filho foi assassinado pelo estado, que nada faz para punir os agressores”, disse Bianca.

Segundo o estudo da Rede de Observatórios, na cidade do Rio de Janeiro foram registradas 33,40% das mortes de pessoas negras por intervenção policial em todo o estado. Foram 444 mortes.

Mais da metade dos homicídios pesquisados foram registrados em três batalhões: 16º BPM (Olaria), 41º BPM (Irajá) e 14º BPM (Bangu). Os estudiosos afirmam que 53,83% dos casos ocorrem nas regiões destes grupamentos.

Além da capital, o ranking das três cidades com maior número de mortes de negros por ação de agentes de segurança no ano passado engloba os municípios de São Gonçalo, com 131 mortes, e Duque de Caxias, com 121 óbitos.

Fonte: g1

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