Lavouras de todas as regiões de Goiás podem ter prejuízos com a produção de grãos na próxima safra. A previsão é da Expedição Safra Goiás, a qual ainda ressalta que os grãos, com base em análises de soja, serão menores em 2024, de modo a provocar redução de sacas por hectare. Balanço do trabalho realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), inclui incidência de pragas e repercussões do fenômeno El Niño entre as justificativas para a projeção. O resultado do levantamento foi apresentado nesta segunda-feira (22), em Goiânia.
Já em 2024, a expedição percorreu 6 mil quilômetros, em cinco regiões e 80 cidades, para analisar as lavouras de soja do estado. Como os indicativos são de possibilidade no atraso da colheita, a análise também serve de referência a cultura de milho, sorgo e girassol, entre outros grãos. De acordo com o balanço, houve uma redução de 3 milhões de toneladas do grão nesta safra, o que representa queda de 15% a 23% na produtividade. Altas temperaturas e irregularidades nas chuvas em todo o ano de 2023 são apontados como as principais causas.
“Em, 2023, o produtor rural não estava preparado para enfrentar o El Niño. Mesmo com a chuva, neste ano de 2024, prevê-se uma redução na produtividade”, explicou Alexandro Souza, coordenador técnico da FAEG.
As regiões mais afetadas no ano passado foram o Sudoeste, Nordeste e Vale do Araguaia. Algumas lavouras apresentaram uma produtividade de apenas sete sacas por hectare, em comparação com a média de 65 sacas por hectare em 2022.
“Dificilmente teremos uma recuperação da produção e produtividade em 2024. Como no ano passado, devemos ter perdas significativas em lavouras precoces, diante de condições climáticas adversas”, explicou Leonardo Machado, consultor técnico da FAEG.
Além do fator climático, o ataque de pragas contribuiu para a queda na produtividade. Durante o trabalho, a expedição registrou alta incidência de mosca branca e de lagartas.
Lavouras plantadas a partir de novembro de 2023 apresentaram boa qualidade, mas a pouca palhada no solo pode tornar as plantas suscetíveis aos efeitos do sol, contribuindo para a redução da produtividade.
“O primeiro prejuízo é do produtor rural, mas a agroindústria também deixará de processar esse produto. Isso resultará em menos produtos nas prateleiras dos supermercados, menos estoque para exportação, menos divisas entrando no país e menos geração de empregos”, ressaltou José Mário Schreiner, presidente da Federação.
Goiás deve se preparar para chuvas intensas e estiagem
De acordo com o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos, o agronegócio representa 86,6% do valor das exportações do Estado de Goiás.
Segundo o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (CIMEHGO), a previsão para 2024 é que chuvas intensas permaneçam até meados de maio. Posteriormente, o estado enfrentará uma forte estiagem devido ao fenômeno climático La Niña.
“O produtor deve se preparar e ficar atento à recuperação de pastagem e alimentação volumosa, pois o período de estiagem será ainda mais intenso, só retornando com chuvas fortes em outubro”, explicou André Amorim, gerente da CIMEHGO.
FONTE:MAIS GOIAS