Som da viola ecoa em Brasília para os amantes da música caipira de raiz

Mais do que oferecer o melhor da música de raiz, Encontro de Violeiros e Violeiras do DF é um espaço de resistência cultural e de intercâmbio entre gerações para fortalecer a identidade caipira na capital do país

Orquestra Roda de Viola estará presente no evento – (crédito: Rafaella Pessoa)

A música de raiz continua a ecoar com força nas cordas da viola caipira. Prova disso é o tradicional Encontro de Violeiros e Violeiras do Distrito Federal, que chega à 23ª edição celebrando os 33 anos do Clube do Violeiro Caipira, com uma programação cheia de tradições. O evento será em 5 e 6 de setembro, no Museu Vivo da Memória Candanga, no Núcleo Bandeirante, com entrada gratuita.

Não apenas música, o encontro vai criar um espaço de resistência cultural, reunindo grandes nomes da viola, promovendo o intercâmbio entre gerações e fortalecendo a identidade caipira em meio à diversidade do DF. Idealizado por Volmi Batista, o Clube do Violeiro Caipira guarda essa cultura tradicional brasileira, com reconhecimento nacional e trajetória marcada pelo incentivo à formação de novos talentos e à valorização da música de raiz.

O palco do Museu Vivo da Memória Candanga receberá mais de 20 atrações de diferentes regiões do país. Entre os destaques, a consagrada dupla Zé Mulato e Cassiano, referência da música sertaneja de raiz, e a Orquestra Roda de Viola, formada por 18 músicos que exaltam a força coletiva da tradição caipira.

A paulista Adriana Farias, violeira e cantora com quatro décadas de carreira, conhecida pelas suas participações no programa Viola Minha Viola e atualmente jurada no Canta Comigo, da TV Record, se apresentará no evento. Ao Correio, ela contou sua ligação com a viola. “Eu canto e toco música sertaneja desde os nove anos de idade. Ser violeira significa ter acesso a pessoas maravilhosas, saber da história da viola e criar relações. Só significa coisa boa. É a minha vida”, declarou. 

Adriana compartilhou que seu primeiro contato com a viola foi por meio de um tio que fazia dupla sertaneja. “Eu queria uma viola de qualquer jeito e acabei ganhando de herança a viola do meu tio quando ele faleceu. Assim, eu comecei a minha história com a viola. É quase uma religião”.

Também se apresentam a jovem dupla de primas violeiras, Júlia e Gaby da Viola, ambas de 18 anos, revelações femininas de São Sebastião que vêm fortalecendo a presença das mulheres na cena da música caipira. 

“Para mim, ser violeira é ter a oportunidade de defender esse instrumento e a cultura. Nós, mulheres, não temos tanta oportunidade e visibilidade quanto os homens, mas tem aumentado o número de mulheres tocando viola e defendendo a nossa raiz”, disse Gaby. A dupla vem se destacando em eventos regionais e busca fortalecer o espaço da mulher na música sertaneja de raiz.

Julia fez uma mudança em sua trajetória artística para seguir o sonho. “Em 2024, eu me mudei de Buriti, Minas Gerais, para Brasília, para formar dupla com a minha prima. Esse encontro de violeiros é importante para a conexão com outros artistas. É muito importante que as pessoas vejam que essa cultura não vai morrer”, sublinha Julia.

Além dos shows, o evento oferece atrações para toda a família imergir na cultura caipira. Haverá a exposição Elementos da Cultura Caipira, feira de artesanato com produtos regionais, praça de alimentação com comidas típicas e a roda de prosa “Café com Viola”, com encontros presenciais e virtuais entre mestres da tradição e o público.

Para o presidente do Clube do Violeiro Caipira e produtor cultural do evento, Luiz Fernandes, da dupla Ânderes e Fernandes, o evento vai além do entretenimento. “Nosso objetivo é conectar artistas amadores com músicos já consagrados, fortalecendo a música caipira e dando visibilidade aos talentos locais. É também uma forma de levar cultura para comunidades que geralmente não têm acesso a eventos como este”.

Ele destaca ainda a importância da gastronomia regional como parte da experiência cultural do público. “O que chama muito a atenção das pessoas é a queima do alho, a costela de chão com arroz carreteiro, a pamonha e a fabricação da cachaça artesanal”.  

Programação

Sexta-feira (05/09):

20h – Orquestra Roda de Viola (convidados Pedro e Amorim)

21h – Jacarandá e Braúna (convidado Reinaldo Cordeiro)

22h – Júlia e Gaby da Viola (convidado Pietro Violeiro)

23h – Vanderley e Valtecy (convidado Idelbrando Calazâncio)

00h – Zé Mulato e Cassiano

Sábado (06/09):

20h – Macedo e Mariano (convidada Amanda Maria)

21h – Volmi Batista (convidado Aparício Ribeiro)

22h – Ânderes e Fernandes (convidado Claudinho da Viola)

23h – Dyego e Gustavo (convidado Pedro Violeiro)

00h – Adriana Farias

Encontro de Violeiros e Violeiras do Distrito Federal

Data: 5 e 6 de setembro de 2025

Horário: A partir das 20h

Local: Museu Vivo da Memória Candanga – Núcleo Bandeirante

Entrada gratuita

FONTE : CORREIO BRAZILIENSE

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