Vereadora de Nerópolis é presa em operação que investiga desvio de R$ 500 mil na Saúde local

Geyciane Rosa, conhecida como Geyci da Saúde, é apontada como líder de esquema criminoso; Justiça bloqueia bens de investigados em até R$ 1,5 milhão – Foto reprodução redes sociais


A vereadora por Nerópolis Geyciane Rosa de Oliveira, conhecida como Geyci da Saúde, foi presa na manhã desta terça-feira (28) durante a Operação Abstersio, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Geyci é suspeita de liderar um esquema que desviou mais de R$ 500 mil da Secretaria Municipal de Saúde de Nerópolis.

Além de Geyci da Saúde, outras duas vereadoras do município estão implicadas na investigação. Regina da Saúde, presidente da Câmara Municipal, foi alvo de mandados de busca e apreensão e teria se beneficiado do esquema. A identidade da terceira vereadora envolvida não foi divulgada.

A operação, conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPGO e MPDFT, cumpriu 22 mandados de busca e apreensão e um de prisão preventiva em Nerópolis, Goiânia, Jataí e Brasília (DF). A Justiça também determinou o bloqueio de bens dos investigados em até R$ 1,5 milhão, conforme o nível de envolvimento no esquema criminoso.

Empresas eram de parentes de Geyci da Saúde

De acordo com o MPGO, o grupo atuava desde 2017 fraudando licitações e dispensas de licitação em diversas áreas da saúde, incluindo treinamento, consultoria, capacitação e organização de palestras educativas. Geyci da Saúde teria mobilizado parentes, como irmãos, mãe e sogra, para abrir empresas que assinavam contratos com a secretaria de Saúde sem a realização de concorrências.

As investigações revelaram que os empresários contratados não tinham qualificação técnica para os serviços propostos, e em alguns casos, as atividades sequer eram realizadas. Um dos exemplos mais emblemáticos foi o de uma pessoa não alfabetizada que venceu uma licitação para representar o município junto à Central de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa e para capacitar cuidadores de pacientes acamados.

O MPGO apura a prática de diversos crimes, incluindo organização criminosa, frustração do caráter competitivo de licitação, contratação irregular, peculato, falsidade ideológica e material, corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro.

Superfaturamento

As ações começaram a partir de denúncias e evidências de que contratos eram firmados com valores superfaturados ou destinados a empresas de fachada ligadas aos investigados. Segundo os promotores, o esquema gerava prejuízos significativos ao erário público e comprometia a qualidade do atendimento na área de saúde municipal.

A presidente da Câmara Municipal, Regina da Saúde, estaria entre os beneficiados com os desvios, mas sua defesa ainda não foi localizada. O nome da terceira vereadora envolvida e de outros servidores alvos da operação permanece sob sigilo enquanto as investigações avançam.

A Polícia Militar de Goiás deu suporte às diligências realizadas nos municípios alvos, e o material apreendido será analisado para aprofundar a apuração. A operação segue em andamento, e os promotores afirmam que podem surgir novas revelações nos próximos dias.

Com o bloqueio de bens dos investigados, os promotores esperam garantir a devolução de parte do valor desviado e prevenir novos prejuízos ao município.

A reportagem não localizou a defesa da parlamentar e demais envolvidos. O espaço permanece aberto para a manifestação.

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