Após uma onda de calor em boa parte do país, a temperatura no Sul e Sudeste vai despencar. Entenda por que o nariz escorre quando isso acontece e os riscos ao usar descongestionante.
É só o tempo virar ou esfriar um pouco, como aconteceu agora, para o nariz escorrer. Essa sequência de fatores é comum tanto quando as temperaturas caem quanto para aqueles que sofrem com algumas “ites”, como sinusite e rinite.
Depois de semanas de um calorão intenso em boa parte do país, a chegada de uma frente fria nas regiões Sul e Sudeste levará a uma mudança brusca no tempo nesta quinta-feira (28), com uma queda nas temperaturas nos próximos dias.
Mas o nariz escorrendo não é necessariamente um mau sinal. A explicação para isso é simples: para aquecer e umidificar o ar seco e frio que entra pelas narinas, o nariz produz mais muco.
Esse muco, que é uma secreção natural produzida constantemente pelo nariz, serve para hidratar as narinas e proteger o organismo de infecções que podem ser por vírus, bactérias ou fungos.
O que ocorre é que essa resposta do organismo é mais acentuada em quem tem as inflamações descritas acima, explica Antonio Carlos Cedin, otorrinolaringologista da BP – Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Portanto, isso não significa que haja uma doença em curso que justifique o uso de remédios.
O importante é saber identificar a coriza (corrimento nasal) que pode indicar um problema e quando usar descongestionantes para desentupir o nariz, mas sem abusar deles, já que, em excesso, podem apresentar riscos, como náusea e aumento da pressão arterial e frequência cardíaca.
Abaixo, veja o que a coriza pode indicar e os cuidados ao usar descongestionantes.
Quando a coriza sinaliza problemas?
A coriza normal é translúcida e ligeiramente viscosa, como a clara de ovo.
“Quando a coriza se acumula, sofre um processo de oxidação, tornando-se mais esverdeada, o que não necessariamente significa infecção bacteriana”, diz Lara Novaes Teixeira, alergista e imunologista do Hospital e Maternidade Sepaco, em São Paulo.
Já quando há um agente infeccioso (bactéria ou vírus), o aspecto muda tanto em consistência, ficando mais viscosa, como em coloração, passando a ter uma cor que vai desde o amarelo esverdeado até um tom acinzentado, segundo o otorrinolaringologista Antonio Carlos Cedin.
Nestes casos, pode ser necessário o uso de medicações, como descongestionantes e antialérgicos, que devem ser prescritos por um médico.
O nariz entupido também pode ser causado por um problema anatômico, como desvio do septo ou presença de pólipos nas narinas.
Descongestionantes e os riscos do seu uso excessivo
Existem descongestionantes orais, que são as medicações em comprimidos, e tópicos, para uso direto no nariz.
Eles provocam a constrição dos vasos sanguíneos, o que pode gerar efeitos colaterais, afetando dois sistemas do corpo:
sistema cardiovascular, com aumento da pressão arterial e taquicardia;
sistema nervoso, com náuseas, insônia, tontura e dor de cabeça.
Os desdobramentos da utilização indiscriminada de descongestionantes nasais ocupam o terceiro lugar na lista de problemas causados por efeitos colaterais e uso incorreto de remédios, perdendo apenas para os decorrentes de anti-inflamatórios e analgésicos, de acordo com o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas de São Paulo.
“É possível tornar-se dependente do uso de todos os descongestionantes, sem exceção”, explica Dr. Arnaldo Tamiso, otorrinolaringologista do Hospital Paulista.
Com os descongestionantes tópicos, ainda há o risco de rinite medicamentosa, que pode ser mais difícil de ser combatida do que a rinite tradicional. O ideal é que o uso não exceda o tempo de uma semana, sob risco de causar também dependência do remédio.
O problema é que, uma vez metabolizado o produto, existe uma vasodilatação rebote, e o nariz volta a entupir. Isso acaba fazendo com que o paciente use de novo e isso causa um ciclo vicioso, levando à dependência.
— Lara Novaes Teixeira, alergista
Segundo a médica, os “viciados” em descongestionantes mantêm frascos por toda a parte, como no bolso, no carro, no trabalho, na mochila ou no banheiro, e chegam a ficar angustiados caso não consigam usá-los, causando até dificuldades para dormir.
Para ter uma noção da potência do remédio, Arnaldo Tamiso, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, diz que a medicação ajuda até no tratamento de certas condições, como a diminuição da carne esponjosa (inchaços das adenoides, tecidos localizados dentro do nariz).
E, para quem quer eliminar o vício, Tamiso dá uma dica: “dilua o descongestionante em soro fisiológico, gradativamente. E vá usando até a total eliminação da droga”.
Fonte: G1