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Doméstica diz que patrões colocaram câmera na cozinha para vigiar se ela pegava comida da geladeira: ‘Não comia nada, não me davam nada’

Segundo a trabalhadora, era comum passar fome durante o expediente. Advogado alerta que situação fere direitos trabalhistas.

19/07/2023

Em Salvador (BA), a empregada doméstica Andréa Batista dos Santos decidiu entrar na Justiça contra os ex-patrões para cobrar direitos trabalhistas. Para isso, ela entrou em contato com a assessoria jurídica do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Domésticas da Bahia (Sindoméstico-BA).

“Eu chegava às 6h e saía entre 19h30 e 20h. Não comia nada, não me davam nada”, relata ela ao advogado do sindicato Wagner Bemfica Araújo.

Profissão Repórter desta terça-feira (18) mostrou as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores domésticos 10 anos após a PEC das Domésticas, que garantiu mais direitos trabalhistas à categoria no Brasil. A equipe também mostrou a vida dos trabalhadores brasileiros na Alemanha, ressaltando as diferenças trabalhistas nos dois países.

Segundo a trabalhadora, era comum passar fome durante o expediente. Na opinião do defensor, as atitudes dos empregadores, além de ferirem a questão trabalhista, também atingem a dignidade.

“Você fazer com que a pessoa cozinhe e não possa comer, isso é muito forte e é muito feio. Ela tem que levar e, quando não tem o que levar, passar fome”, diz o advogado.

Andréa relata que os empregadores colocaram uma câmera na cozinha para que ela fosse vigiada.

“Para ver se eu mexia na geladeira, na panela em cima do fogão, para ver se comeu. Tudo que eu faço, faço questão de fazer na cozinha para ela [patroa] ver. Até para mexer na minha bolsa, eu faço na cozinha”, conta.

Questionava sobre o motivo pelo qual continuava no emprego. Ela disse que precisava do dinheiro para pagar um curso.

Em seu celular, ela guarda um áudio que recebeu da antiga patroa pedindo para que ela a espere em casa. Andréa responde dizendo que está com fome e já tinha terminado o serviço.

A equipe do Profissão Repórter acompanhou Andréa até a audiência, mas a outra parte não compareceu. O advogado argumenta que a profissional não recebeu o que era de direito, como aviso prévio, 13º e férias.

Outro lado

Os ex-patrões de Andreia foram procurados, mas não quiseram dar entrevista e se posicionaram por meio de uma mensagem:

“Em atenção ao seu contato, venho informar que as acusações da senhora Andréia não são verdadeiras. A audiência marcada para a ação trabalhista ocorrerá no dia 09/08/2023 quando será provado que as acusações que nos foram feitas são inverídicas e difamatórias”.

Fonte: G1

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