Economia

Copom reduz a taxa de juros pela primeira vez em três anos: Selic vai a 13,25%

Mesmo vendo riscos para a inflação, Comitê do Banco Central fala em “ciclo gradual de flexibilização monetária”. Decisão não foi unânime. CUT aponta “boicote ao povo”

17/08/2023

São Paulo – Depois de um ano exato, o Comitê de Política Monetária (Copom) alterou a taxa básica de juros (Selic), que saiu de 13,75% para 13,25% ao ano. O corte, de meio ponto percentual, é o primeiro desde agosto de 2020. Desde então, o Banco Central apenas elevou ou manteve a taxa, que estava em 13,75% desde agosto do ano passado. Consequentemente, foi a primeira redução no atual governo, que desde o início criticou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, pela decisão do Comitê de manter os juros. Movimentos sociais também organizaram vários protestos. O Copom já se reuniu quatro vezes neste ano.

Desta vez, a decisão não foi unânime. Cinco diretores, incluindo Campos Neto, votaram pela redução de 0,50 ponto percentual. E quatro defenderam corte menor, de 0,25 ponto. Mesmo com a diminuição, ainda é a maior taxa real (descontada a inflação do mundo.

Economia e inflação

Na nota divulgada ao final da reunião, na noite desta quarta-feira (2), o Copom fala em “desaceleração” da economia nos próximos trimestres. “Não obstante o arrefecimento dos índices de inflação cheia ao consumidor, antecipa-se uma elevação da inflação acumulada em doze meses ao longo do segundo semestre”, diz o Comitê. A nota cita ainda outros fatores que “permitiram acumular a confiança necessária para iniciar um ciclo gradual de flexibilização monetária”.

Coincidentemente, esta foi a primeira reunião do Copom com seus dois novos integrantes (foto abaixo, divulgada pelo BC). Ailton Aquino (servidor de carreira e primeiro negro no posto) e Gabriel Galípolo (ex-braço direito do ministro Fernando Haddad na Fazenda) assumiram cargos na diretoria do BC, que tem nove integrantes, incluindo o presidente. Foram as primeiras indicações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao mesmo tempo, a Câmara dos Deputados realizou sessão solene para homenagear o avô do presidente do BC, o ex-deputado e ex-ministro (já na ditadura) Roberto Campos, que estaria completando 106 anos. “Ao longo de sua vida pública, meu avô foi um dos principais porta-vozes do pensamento liberal no Brasil.” Ele foi também defensor da abertura ilimitada ao capital estrangeiro e da redução do Estado na economia.

Centrais criticam

Para a Força Sindical, o Copom “acertou no remédio, mas errou na dose”. A central considerou o corte insuficiente. “A queda é necessária e importante neste momento, mas o Banco Central deve continuar o processo de redução nas próximas reuniões”, diz a entidade. A central afirma que a Selic em nível elevado “resulta em consequências danosas para o setor produtivo e para os trabalhadores”.

A CUT também divulgou nota com críticas à decisão. “Apesar da significativa melhoria de todos os indicadores macroeconômicos, o Comitê de Política Monetária (Copom) faz um corte muito abaixo do possível e necessário na taxa Selic, mantendo as taxas de juros nas alturas e seu sistemático boicote ao povo brasileiro”, afirma a central.

Para a entidade, a redução de apenas meio ponto é inaceitável. “Esta posição intransigente por parte de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central tem sido uma forma de fazer oposição sistemática ao governo federal e ao crescimento econômico. (…) Melhorias são constatadas em todos os indicadores. Mesmo em plena deflação, o Banco Central insiste em atender os interesses dos banqueiros e agiotas.”

Já a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, destaca outra consequência negativa da taxa básica elevada. Com isso, afirma em artigo, “os juros bancários também vêm subindo, contribuindo para onerar o orçamento de famílias e empresas e, consequentemente, elevando a inadimplência num ciclo vicioso”.

A próxima reunião do Copom será realizada em 19 e 20 de setembro.

Fonte: Rede Brasil Atual

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