Valderia da Silva Barbosa Peres trabalhava na Deam 2 e foi assassinada na sexta-feira (11/8) pelo ex-companheiro com 64 golpes de faca
14/08/2023
Membros do Instituto Mulheres Feminicídio Não (IMFN), órgão não-governamental que luta pelo fim da violência contra a mulher, prestaram o último adeus para Valderia da Silva Barbosa nesta segunda-feira (14/8). A vítima foi morta pelo ex-companheiro Leandro Peres Ferreira, 46, que estava foragido desde o dia do crime, na última sexta-feira (11/8). O suspeito morreu após tiroteio com policiais militares de Goiás, nesta madrugada.
No velório da vítima, realizado no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, as mulheres seguravam uma faixa com os dizeres: “Homens, parem de nos matar”.
Autoridades estiveram no velório, como o secretário de Segurança, Sandro Avelar, a vice-governadora do DF, Celina Leão (PP), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, além de deputadas federais e distritais.
Segundo a presidente da IMFN, Lúcia Erineta, a policial civil era quem as recebia na Delegacia da Mulher (Deam 2) para registrar boletins de violência doméstica. Para ela, a policial será lembrada como uma heroína.
“Ela combateu o feminicídio. Então, para mim, ela representa uma heroína”, resumiu Lúcia, emocionada.
A secretária de Estado da Mulher do DF, Giselle Ferreira, lamentou o crime. “É uma dor que todas nós estamos sentido e cada vez mais a sociedade tem que se envolver, porque não escolhe cor, não escolher perfil social. Precisamos unir esforços para combater”, disse.
“Geralmente, a gente fala que o brasileiro fecha a porta depois que o bandido foi embora, mas e quando agressor tá dentro de casa?”
A deputada distrital Doutora Jane (MDB) lembrou com carinho da agente. “Era muito operacional, trabalhava muito. Ela fazia contato com as redes de proteção da cidade. Então, estava sempre envolvida, até porque ela trabalhava na Deam”, disse.
“A gente se surpreende com ela vítima. Essa surpresa, eu digo assim, a surpresa entre aspas, porque foi ceifada a vida da mulher de 46 anos. Mas, para nós, não é surpresa o fato de que qualquer um pode ser vítima. Essa morte não tem volta, a dor da polícia é imensa. Tanto é que esse grupo que está aqui vem dizer isso, que a polícia está sentindo essa dor, mas qualquer pessoa pode ser vítima, inclusive alguém que é da polícia.”
Cortejo
Um cortejo com dezenas de viaturas e acompanhado de helicóptero deixou a Delegacia Geral da PCDF rumo ao cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, por volta das 13h10. Após cerca de 40 minutos, o corpo chegou ao cemitério, onde será velado das 14h às 16h.
No caminhão do corpo de bombeiros que leva o caixão há duas faixas com os seguintes dizeres: “Val, eternamente em nossos corações” e “Segurança Pública em luto”. A família estava no veículo dos bombeiros.
Após o velório, o corpo foi levado em novo cortejo a Formosa, no Entorno do DF, para ser cremado. A cerimônia será restrita a parentes e amigos.
Facadas
Valdéria trabalhava na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) 2, em Ceilândia, e foi brutalmente assassinada, com mais de 64 facadas, segundo laudos preliminares do Instituto de Medicina Legal (IML).
A agente foi encontrada morta no banheiro de casa, em Arniqueira, na tarde de sexta. Este foi o 23º feminicídio registrado na capital do país neste ano, segundo o Painel de Feminicídios do Distrito Federal.
Troca de tiros
Apontado como assassino da policial civil, Leandro Peres Ferreira estava foragido desde a última sexta-feira (11/8). Ele foi encontrado pela PMGO em Porangatu (GO) e teria reagido à abordagem policial. Os militares afirmaram que Leandro estava com um revólver calibre 32.
Ele foi encontrado em uma estrada às margens da BR-153. Após a troca de tiros, Leandro chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros (CBMGO) e, depois, levado ao Hospital Municipal de Porangatu, mas não resistiu.
Fonte: Metrópoles