Pollara foi levado de ambulância para um Ciams. O prazo legal da prisão autorizada pela juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, de 5 dias, vencia no domingo
A Justiça atendeu no sábado (30) ao pedido do Ministério Público de Goiás (MP-GO) e prorrogou por mais cinco dias a prisão do ex-secretário de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, e dos seus auxiliares, Quesede Ayres Henrique, ex-secretário-executivo, e Bruno Vianna Primo, ex-diretor financeiro da Secretaria Municipal de Saúde. Um dia depois, no domingo à tarde, Pollara passou mal e precisou ser atendido fora da Casa do Albergado, onde deve ficar preso até a próxima sexta-feira (6)
A defesa do ex-secretário divulgou que ele sentiu fortes dores no peito. Ele foi levado para o Centro Integrado de Atenção Médico-Sanitária (Ciams) do setor Novo Horizonte, próximo da Casa do Albergado.
A defesa vinha pedido a soltura dele ou a conversão para prisão domiciliar, argumentando que Pollara possui doença coronariana, entre outros problemas de saúde decorrentes do tratamento de dois cânceres. A suspeita é de que ele tenha sofrido um princípio de infarto.
Também no sábado, o MP enviou ofício urgente ao prefeito Rogério Cruz alertando sobre a grave falta de medicamentos e profissionais nas unidades básicas de saúde e nas unidades pré-hospitalares de Goiânia.
Justificativa para prorrogar prisão
O MP-GO pediu a prorrogação das prisões temporárias da ex-cúpula da SMS na última sexta-feira (29). O prazo legal da prisão autorizada pela juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães, de 5 dias, vencia no domingo.
Ao solicitar a prorrogação, o MP-GO alegou que Pollara e os auxiliares têm grande ingerência e poderiam interferir nas investigações que aprofundaram após a prisão, com a apreensão de celulares, computadores e documentos que estão em análise, além do depoimento de testemunhas novas que surgiram.
As prisões dos três ocorreram na quarta-feira (27), quando foi deflagrada a Operação Comorbidade. Na quinta-feira (28) eles tiveram audiência de custódia e a prisão foi mantida, apesar de um pedido de habeas corpus da defesa, que foi negado.
A Operação Comorbidade investiga pagamentos irregulares feitos no âmbito do convênio entre o Município de Goiânia e a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (FUNDAHC), responsável pela gestão das três maternidades públicas da capital: Célia Câmara, Nascer Cidadão e Hospital e Maternidade Dona Íris.
Investigação começou em maio
O Grupo de Atuação Especial (GAE) da Saúde apurou os primeiros indícios de irregularidades em maio deste ano. A coordenadora da Área do Saúde do MP-GO, Marlene Nunes Bueno, e o promotor André Lobo Neves, integrante do GAE, detalharam que a fiscalização foi motivada por uma série de reclamações de fornecedores que estavam sem receber que buscavam a promotoria, assim como o crescimento no número de familiares relatando pacientes à espera de leitos em UTIs.
O MP-GO apurou que os envolvidos concederam vantagens indevidas em contratos, desrespeitaram a ordem cronológica de pagamentos e causaram prejuízos ao erário público. Entre outras coisas, a manobra viola o princípio da impessoalidade exigida pela legislação. Segundo o MP, a atuação dos três levou o sistema público municipal de saúde ao colapso e a uma dívida de beira R$ 300 milhões de reais, embora o Fundo Municipal de Saúde viesse recebendo regularmente cerca de R$ 50 milhões todos os meses.
Defesas
As defesas de Pollara, Quesede e Bruno têm sustentado na Justiça que não é necessário mantê-los na prisão. Eles alega que os três estão afastados de suas funções, entregaram celulares e não têm contato com testemunhas. A de Pollara apela também ao fato de se tratar de um idoso de 75 anos que tem problemas de saúde. O processo judicial segue sob sigilo.
Texto: Marília Assunção
Foto: reprodução DGPP