A obra de romance do escritor Jeferson Tenório, que trata de racismo e violência policial, foi retirada das instituições após ataques distorcidos sobre o conteúdo do livro
Créditos: Foto: Carlos Macedo / CARTA CAPITAL
As Secretarias de Educação do Estado do Paraná e de Goiás determinaram o retorno da distribuição dos exemplares de ‘O Avesso da Pele’ às escolas públicas da região na última semana.
Há pouco mais de um mês, os estados fizeram uma ofensiva pelo recolhimento da obra, desde que uma diretora de uma escola do Rio Grande do Sul questionou algumas passagens do livro por, segundo ela, ‘conter vocabulário de baixo nível’
Depois de uma ‘análise pedagógica’, a Secretaria de Educação do Estado do Paraná disse em nota que “um processo de orientações e sugestões à rede estadual deve ser conduzido ainda nesta semana com a recomendação da indicação do livro para o público adulto e estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA)”
A pasta em Goiás, por sua vez, afirmou que “após a análise do conteúdo, o livro foi destinado para as escolas que atendem estudantes do ensino médio e para os centros de educação de ensino jovens e adultos, passando a compor o acervo das bibliotecas das unidades escolares que atendem a estes públicos.”
A Companhia das Letras, editora responsável pela publicação do livro, comemorou a decisão.
“É com muita satisfação que informamos o retorno de O Avesso da Pele às escolas do Paraná e de Goiás, após seu injustificado e ilegal recolhimento. Felizmente a decisão foi revista pelas secretarias estaduais de Educação, e o livro volta a estar disponível para os alunos do ensino médio.”
O autor do livro, Jeferson Tenório, lembrou que o recolhimento dos exemplares se deu através de uma leitura distorcida do livro, como explicou em entrevista a CartaCapital.
“Acho que esse episódio serve para nos deixar mais atentos a qualquer tentativa autoritária em relação aos livros e à arte. Os livros voltaram para onde deveriam estar: nas mãos dos estudantes. Viva a literatura!”, afirma Tenório.
A única rede em que o livro ainda não retornou às escolas é no estado do Mato Grosso do Sul, onde foi retirado sob determinação do governador Eduardo Riedel (PSDB).
FONTE: CARTA CAPITAL